A insegurança Ă© o principal fator que afeta os jovens negros. E os dados apontam o motivo: No Brasil, sete em cada dez pessoas assassinadas sĂŁo negras e, na faixa etária de 15 a 29 anos, cinco vidas sĂŁo perdidas para a violĂŞncia a cada duas horas. Os dados foram apresentados pela advogada Arizá Costa da Silva, do FĂłrum da Juventude Negra e serviram como subsĂdio para o debate “Juventude Negra e ViolĂŞncia”, que abriu a programação do Dia da ConsciĂŞncia Negra na Unesc.
Mas os nĂşmeros vĂŁo alĂ©m. “De 2005 a 2015, enquanto a taxa de homicĂdios por 100 mil habitantes teve queda de 12% entre os nĂŁo negros, para os negros houve um aumento de 18%. Os nĂşmeros sĂŁo alarmantes e refletem uma realidade que sempre existiu no paĂs. Mas hoje o jovem negro está empoderado e consegue falar e trazer esse debate Ă tona”, afirmou Arizá.
O debate contou ainda com a participação da professora Cintia Santos, que fez uma reflexĂŁo sobre o acesso Ă educação e o empoderamento das pessoas negras. “Todos nĂłs, negros, sofremos preconceito. O que diferencia se será maior ou menor Ă© a classe social”, comentou Cintia. “O empoderamento está muito forte e Ă© importante. No entanto, nĂłs tambĂ©m precisamos de polĂticas pĂşblicas que contemplem todos”.
A advogada Magda Lalau, do Coletivo Chega de Racismo, explicou as implicações legais do preconceito racial. Uma delas é sobre injúria racial. “Quando falamos em injúria racial, é quando afeta uma pessoa. O racismo ocorre quando alguém quer ferir a coletividade”.
O debate foi mediado pelo professor da Unesc, Alex Sander da Silva e teve a participação de professores e alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio do Colégio Unesc. O pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Unesc, Oscar Montedo também esteve presente na abertura do evento e falou sobre a importância de debates no ambiente acadêmico de temas como os trazidos na programação do Dia da Consciência Negra
 Dia da Consciência Negra
Falta de representatividade, discriminação, preconceito, desigualdade sĂŁo alguns dos temas a serem debatidos ao longo desta segunda-feira na Universidade. O Dia da ConsciĂŞncia Negra Ă© celebrado em todo o paĂs e homenageia o Zumbi, um escravo que foi lĂder do Quilombo dos Palmares. Zumbi morreu em 20 de novembro de 1695.
A programação no campus universitário conta ainda com temáticas que fazem referência à literatura infanto-juvenil e infantil voltada a crianças negras, com lançamento do livro da autora Gisele Marques “O Mundo de Oyá”; oficinas de dança afro e uma noite cultural com um Sarau da Consciência Negra, desfile e foto coletiva com professores, alunos e funcionários negros da Unesc.
“Este debate nos faz olhar ao nosso redor e perceber as consequĂŞncias da intolerância. O evento tem o objetivo de protagonizar os negros da Unesc, e fazer eles enxergarem que a representatividade Ă© importante sim”, analisou a coordenadora do NEAB (NĂşcleo de Estudos Afro-Brasileiros, IndĂgenas e Minorias da Unesc) JanaĂna Damásio VitĂłrio.