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O risco de olhar o sintoma e não a causa

Pesquisa revela que o brasileiro ainda sabe pouco sobre saúde mental

Um dado curioso e que serve de alerta apareceu na Pesquisa Datafolha do último fim de semana sobre a percepção dos brasileiros em relação à própria saúde mental. A cada dez pessoas entrevistadas, três relatam conviver sempre ou frequentemente com sintomas ansiosos e problemas com sono e alimentação. Porém, só 7% consideram seu estado mental ruim ou péssimo.

O que chama a atenção é esse descompasso. Por que tanta gente afirma ter sintomas que demonstram certo abalo em seu estado físico e psicológico, mas acaba afirmando que a saúde mental vai bem?

É possível lançar algumas hipóteses. Uma das prováveis é que a falta de informação faz muitas pessoas não correlacionarem certos sintomas com questões mentais. Ou seja, elas reconhecem o sintoma, tratam o sintoma, mas ignoram a causa. Outra hipótese tem relação com o velho preconceito. É mais fácil admitir sintomas que podem ter outras causas do que reconhecer que podem ser reflexo de possíveis abalos à saúde mental.

As duas hipóteses são bem problemáticas, porque levam a formas de tratamento nem sempre efetivas. Isso pode prolongar estados de sofrimento e até mesmo agravar os quadros. Mudar comportamentos ou tomar medicamentos para aliviar sintomas até pode ajudar, mas, quando se trata de transtornos mentais, definitivamente o mais indicado são tratamentos psiquiátricos, psicanalíticos e psicológicos. Conhecê-los e romper com estigmas que gravitam em torno deles é urgente.

VENHA TIRAR SUAS DÚVIDAS

Aproveito o tema desta coluna para fazer um convite. Neste fim de semana, eu e outros psicólogos do Movimento Psicologia na Rua estaremos no Nações Shopping, em Criciúma, para uma ação de conscientização sobre saúde mental. Sábado (26) e domingo (27), das 15 às 18 horas, vamos estar à disposição do público para oferecer orietanções voltadas à saúde mental.

No domingo, 27 de agosto, quando se comemora do Dia do Psicólogo, também iremos fazer uma roda de conversa. A partir das 15 horas, além de repassar informações sobre tratamentos psicológicos, a intenção é reforçar a luta contra preconceitos e tabus que envolvem a saúde mental e o campo da Psicologia. É de graça e você é nosso convidado!

 

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Fábio Cadorin (@fabiocadorin) é psicólogo, jornalista, professor e doutor em Ciências da Linguagem. Nesta coluna fala sobre saúde mental e impactos da cultura sobre o psiquismo.

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