Nei Manique: Ecos da grande tragédia de 74
Após 47 anos, marcas de soerguimento e caráter
Residi por dois anos e meio em Tubarão e por não ter visitado o Arquivo Público e Histórico nunca vi a foto da capa desta publicação. Tampouco a vi em qualquer resgate dos colegas da mídia local entre 1999 e 2001 e olha que, a cada março, publicavam – e publicam – dezenas de fotos.
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Esta aqui mostra o primeiro ou um dos tantos sepultamentos de vítimas da enchente de 24 de março de 1974 em cova coletiva. Seguia-se protocolo internacional. Fotografava-se o rosto e fixava-se um código na sepultura. O procedimento permitiu incontáveis remoções a outros cemitérios.
Após 47 anos, a extensa cova onde acomodaram-se corpos e clamores de um povo ainda hoje traumatizado remete a um paralelo. Reproduzido, embora sem similaridade, de forma cruel nas imagens de cemitérios pelo mundo afora durante a pandemia.
Se para tantos a esperança sucumbiu hoje ao vírus, é de Tubarão que ressurgem, também a cada março, as marcas de um soerguimento atávico. Alimentada por relatos de pais e avós, a história espelha agora o caráter forjado na dor e – sobretudo – na alma de sua gente.
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Mais textos e observações do jornalista Nei manique em seu blog: http://nei.jor.br/