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Macabro! A tradição que desenterra cadáveres para troca de roupa

No mundo todo, cada região tem um tipo de ligação com a morte. Para muitas culturas, o sepultamento é a última chance de se despedir de alguém que foi importante em suas vidas. As cerimônias são uma maneira de dizer adeus ao corpo físico, mesmo que as boas recordações sempre se façam presentes nas lembranças.  

No entanto, um costume um tanto quanto bizarro de povos indonésios assegura um evento menos confortável para os mortos e bem diferente de qualquer coisa que estamos acostumados. A cada três anos no mês de agosto, eles celebram o Festival Ma’nene ou “Cerimônia de limpeza de cadáveres”, um ritual que pode parecer aterrorizante para alguns, é um clássico regional na aldeia da tribo Toraja, em Sulawesi do Sul na Indonésia. A tradição consiste em desenterrar os cadáveres dos caixões, limpar seus corpos e trocarem suas roupas.

O festival Ma’nene é um pouco mais glamuroso do que seu nome, e funciona como um processo de limpeza e purificação. Os restos mortais de amigos, parentes e amores que tiveram em vida, são tirados do caixão do repouso eterno para revisitar os locais onde fizeram história, sempre acompanhados de pessoas que sentem saudade daquele que já pertenceu ao corpo, e assim possam passar um tempo a mais com as pessoas que amam e ganham até mesmo novas roupas. Além da roupa, as pessoas também trocam o caixão onde os entes queridos estão sepultados.  
 
A ideia é evitar que os corpos se decomponham mais rapidamente. Os cadáveres já são enterrados na região com um método específico para conservar os traços da pessoa, visando uma futura retirada para revisitar os bons companheiros de vida; os corpos são conservados no formol, que retarda a putrefação, além de tentar manter os cadáveres longe de bactérias e germes, com estruturas mais rígidas e bem seladas.

Muitos corpos ficam enterrados na ilha de Sulawesi, onde situa boa parte da população Toraja, porém, algumas figuras notáveis na comunidade e membros muito queridos também podem ser levados para a casa dos familiares, sendo conservados no formol em algum cômodo, logo após o velório. 

Na comunidade, o Ma’nene é tão importante que mobiliza muita gente. Muitas pessoas inclusive guardam dinheiro por vários meses para poder manter a tradição desse momento de “reencontro” com seus familiares que já se foram.

Como o festival também abrange a prática do “Aluk Todolo”, traduzido como “o Caminho dos Ancestrais”, não são poucos os casos de grupos de amigos que resgatam um ex-companheiro de vida para praticar alguma atividade cotidiana pelas ruas da cidade, desde visitar algum ponto de encontro, até posar para fotografias. 
 
Diversos corpos são penteados, maquiados e até recebem um banho especial, sendo posteriormente regados a perfumes. Outros ainda são mais sortudos; recebem uma troca completa de roupa, com direito a acessórios de luxo como óculos e joias. Logicamente, são desfilados pelas ruas da cidade como personalidades da memória cultural. 
 
O ritual ainda tem suas peculiaridades, os trajetos dos corpos só podem ser feitos em linha reta; os corpos de crianças também participam da prática e os caixões danificados são arrumados ou substituídos. O transporte do corpo pelo trajeto fica à responsabilidade dos familiares do falecido.

A tribo de Toraja não realiza a ação por crenças baseadas em religiões, visto que a população é dividida entre muçulmanos e cristãos. O hábito já está integrado há décadas, principalmente por familiares, como filhos resgatando pais e irmãos.

A história da tribo para justificar a cerimônia é conhecida por cada um dos habitantes desde a infância, visto que é contada na escola e propagada por gerações. Uma lenda explica que, há cerca de um século atrás, um caçador, de nome Rumasek, perambulava pelas montanhas quando avistou um cadáver nu e decompondo. 

Tocado pela tragédia, o Rumasek vestiu o morto com algumas de suas roupas reservas e enterrou de maneira digna o corpo, chegando a instalar uma pequena lápide, sem identificação, apenas para situar que ali tinha um corpo. Com isso, o caçador foi abençoado com a boa sorte, por respeitar aqueles que batalharam pela sociedade.

O evento tem uma função ligada a manutenção e respeito ao lugar onde os ancestrais repousam, estimulando o conserto dos caixões, lápides dos falecidos e cuidados pessoais ao cadáver. O costume diz que uma pessoa morta só pode descansar em paz se retornar, esporadicamente, à sua terra de origem e à sua antiga moradia.

Os antepassados do povo indonésio tinham tanto respeito pelo ritual, que dificilmente viajavam, por medo de falecerem longe de suas casas e que seus parentes não conseguissem leva-los todos os anos de volta para casa. Apesar do ritual não ser tão popular quanto antigamente, ele permanece preservado e ocorre nas aldeias de Toraja.

Um costume bem bizarro, não é mesmo?! Obrigada pela leitura, me siga nas minhas redes sociais: 
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