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Exposição resgata a história do carvão e da cerâmica em Criciúma

Há 140 anos, Criciúma tornou-se uma das cidades mais importantes de Santa Catarina, e reconhecida no Brasil como Capital Brasileira do Carvão e posterior como Capital do Revestimento Cerâmico. Estes dois elementos encontrados na natureza tiveram grande presença e importância na história da cidade, e são os protagonistas da exposição “Sobras do Tempo”, de autoria dos artistas Edi Balod e Cesar Pereira.

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Com a temática “Criciúma 140 anos de História, Patrimônio e Poéticas Urbanas”, a exposição inicia uma séria de três capítulos, e marca o primeiro momento de comemoração dos 20 anos do espaço Cultural Toque de Arte, localizado no Bloco Administrativo da Universidade. É a criação número 128 a ser instalado no local. “Um trabalho que começou em agosto de 2000, como um desafio feito pelo então diretor de Extensão Gildo Volpato. Desde então temos a missão de estabelecer diálogos com os artistas e com a comunidade, trabalhando a provocação sobre a importância da arte no desenvolvimento regional”, destaca a coordenadora do Setor de Arte e Cultura da Unesc, Amalhene baesso Reddig.

“Sobras do Tempo” foi comtemplada com o Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura / Artes – Edição 2019, da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), e posteriormente no edital da Unesc. O espaço Cultural Toque de Arte abre as portas da Universidade para artistas nacionais e internacionais, recebendo exposições coletivas e individuais dos diversos gêneros de arte. O acervo artístico da Instituição, organizado pelo Setor de Arte e Cultura, tem 243 peças.

Memórias de Criciúma e dos artistas

Logo na entrada principal da Universidade, os visitantes já podem prestigiar instalações, desenhos, pinturas, cerâmicas, objetos, fotografias e lambe-lambe, em uma abordagem contemporânea sobre a relação entre construção, desconstrução e reconstrução de uma identidade cultural. “A exposição carrega o peso do tempo, memórias de dor e de saudade. Mas também carrega uma leveza, uma nostalgia. Muitas famílias se construíram a partir das empresas de cerâmica e as minas de carvão, mas muitas famílias também perderam seus familiares por elas. A exposição vem provocar experiências reflexivas e valorizar a memória local”, enaltece a mediadora cultural Alice Meis.

Para a criação das obras utilizando cerâmica, Pereira conta que buscou interesse sobre a realidade local e suas pesquisas e experiências pessoais. “A partir dos 16 anos comecei a trabalhar em indústria, e vivenciei processos industriais que se relacionam com a arte. A cerâmica é dividida em duas partes, a técnica e a artística, que contribui para experimentações, que quando colocadas no processo de produção inspiram e me levam para o caminho da criação final”, explica.

Balod, responsável pelas criações com carvão, também tem uma ligação especial com o elemento que usou para dar vida à exposição. “O carvão sempre me marcou muito, e ainda hoje busco trazer minha vivência neste aspecto para os trabalhos, indo as minas, dialogando com seus trabalhadores, procurando saber sobre as condições de trabalho”, conta. “Quando desço as minas, sempre considerei interessante a presença no escuro das galerias, onde os trabalhadores estavam sempre tomados pelo pó de carvão. Recordo que quando próximos, só era possível ver a lâmpada do capacete, o branco dos olhos arregalados e seus dentes, quando tinham”, recorda.

Material será entregue as escolas

Com abertura marcada para a próxima terça-feira (28/7), o trabalho será transformado para o mundo virtual. Com a atuação técnica da Unesc TV, duas visitas guiadas estão sendo produzidas, e posteriormente serão entregues as escolas da região.

A exposição também será registrada em uma cartilha, também disponibilizada para o público. “Utilizei para fazer meus trabalhos de cerâmica materiais de locais degrados. E transformei em cerâmica a moinha de carvão (rejeitos)”, conclui o artista César Pereira.

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