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Célio Bolan: O silêncio dos asilos

   Por Célio Bolan- consultoria política

A situação dos idosos que moram em asilos no país é bastante precária. Segundo o censo realizado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), são 100 mil idosos que vivem em casas de repouso ou asilos no Brasil. Apesar desses dados, é difícil saber realmente quantos são os idosos institucionalizados no Brasil. O número pode ser muito maior se levarmos em conta que muitas das instituições do tipo não estão cadastradas e outras tantas funcionam, efetivamente, na clandestinidade.

Estamos vivenciando um momento bastante complexo com a ilusão de ser eternamente jovem, a sociedade sofre com o aumento da expectativa de vida da população e a falta de preparo, ou seja, de planejamento gera impasses difíceis a solucionar, como o crescimento do número de pessoas em asilos e a falta de uma poupança suficiente para garantir uma boa velhice. Ficar vivo por mais tempo, é o sonho de todos. A medicina avançou consideravelmente e hoje em dia varias são as praticas para cuidarmos melhor de nossa alimentação e saúde em geral. A situação do sistema de assistência social preocupa bastante e é preciso achar uma saída das mais louváveis para todos esses velhos precisando de um lar decente, confortável e com o devido tratamento. Seremos os velhos de amanhã e se nada for feito desde já, já pensou que poderá ser você nesta situação daqui a alguns anos ou décadas?

É preciso também rever a postura daqueles que, diante das necessidades de cuidado a serem dispensados a um idoso no âmbito de sua família, optam pela sua internação em um asilo. Essa prática, encontrada não apenas entre as famílias mais carentes, mas também entre famílias de classe média e alta, estrutura-se sobre a noção de que o idoso transformou-se em um “estorvo e a única solução seria livrar-se dele”.

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A situação é muito grave e tende a piorar. As pessoas não conseguem poupar o suficiente para garantir o amanhã. O Brasil é um dos países onde se paga mais impostos no mundo. O governo tira tanto do seu povo, mas sem retorno nenhum. É preciso um investimento da parte do poder público para que existam verbas destinadas às casas de repouso e asilos para que nossos país e avós tenham uma velhice tranquila.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2012 e 2017, a população de idosos no País saltou 19,5%, de 25,4 milhões para mais de 30,2 milhões de pessoas. No mesmo período, o número de homens e mulheres com 60 anos ou mais nos albergues públicos cresceu 33%, de 45,8 mil para 60,8 mil. O desamparo familiar cresce mais rápido que a expectativa de vida e o país carecem de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice.

Nos dias atuais, as pessoas que deixam seus parentes idosos em asilos são de certa forma, mal vistas pela sociedade, muito diferente de alguns países desenvolvidos, onde pode ser bastante comum fazer isso. Porém, as condições em que os idosos de asilos brasileiros são obrigados a enfrentar, quando comparadas às de um idoso americano, por exemplo, mostram que o nosso descaso para com essa parte da população é lamentável.

Alguns cidadãos por conta própria, tomam a iniciativa de ajudar e achar como melhorar as condições dos idosos em certas casas de repouso. Temos o caso de uma senhora de 83 anos que é voluntária em um asilo em Tubarão. Além de cuidar da jardinagem, ela montou uma loja no local para reverter a receita dando a sua contribuição para achar certo conforto para as pessoas lá residentes. Sabemos que isso tudo não é suficiente, mas representa uma esperança para que além das autoridades mais pessoas se sensibilizem e ajudem essas instituições.

A Política Nacional do Idoso (PNI), resultante da Lei 8.842 de 04 de janeiro de 1994, ofereceu diretrizes importantes que, não obstante, jamais constituíram algo mais do que uma promessa. No âmbito governamental, observa-se a importância conferida aos idosos quando se descobre o que os orçamentos públicos realizam em programas destinados a eles. Será preciso alterar esse quadro se quisermos nos preparar para o desenvolvimento de políticas públicas na área nas próximas décadas. Além de recursos e atenção das diferentes instâncias de governo, será preciso assegurar algumas mudanças de ordem cultural em nosso país.

A velhice não pode ser vista como um conjunto progressivo de perdas. Precisamos ter um olhar mais atento sobre o processo de envelhecimento. O envelhecimento é naturalmente uma das condições para a conquista da sabedoria. Como poderia ser julgado um país que não cuida de seus idosos? Precisamos reverter a situação e acabar com a situação precária na qual se encontram os asilos para garantir uma velhice sossegada aos nossos velhos. Que tenhamos cuidado, amanhã seremos nós!

 

 

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