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Preço do pãozinho está cada dia mais díficil de engolir

“Não tem como não aumentar o preço. Os insumos subiram, a energia elétrica, sem falar do combustível", comenta o sindicato da panificação

O tradicional pãozinho tem ficado cada vez mais caro no bolso dos brasileiros. Após o aumento do pó de café nos últimos meses, nos últimos dias está sendo a vez do pão e derivados de trigo. A psicóloga Erica Furtado Rodrigues, diz já estar sentindo no bolso. Mãe de dois filhos de seis e 15 anos, conta que o pãozinho não pode faltar em sua mesa. “Compro seis por dia, pois tanto as crianças, quanto meu marido adoram. Faz poucas semanas que eu pagava em torno de R$2,50, agora já passou para R$4,10”, revela.

O pãozinho não pode faltar na mesa dos brasileiros

O presidente do Sindicato da Panificação e Confeitaria e vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) para o Sul do Brasil, Lázaro Antônio Alves, informa que as panificadoras já estão comprando a farinha com o preço reajustado e repassando aos clientes. “Hoje estamos negociando o saco de 25 quilos, a R$85,00. E deve chegar a R$100,00 a saca, o que reflete no aumento dos produtos. Sem contar que para produzir o pão não é somente o trigo, também é usado outros insumos, como a gordura, tem os impostos, inflação acentuada e tudo isso reflete na ponta”, explica ele. E completa. “Quando o consumidor observar um aumento, não adianta brigar com o panificador, ele deixou de trabalhar preço há mais de um ano, tentando segurar”.

Presidente do Sindicato da Panificação Lázaro Antônio Alves

Ele ainda diz que o pão francês deveria estar sendo vendido em média R$17,00 o quilo, para sustentar seu custo de mercado. “Minha grande preocupação é o desemprego, caso aconteça um desaquecimento da economia. A economia irá entrar em um processo caótico”, lamenta.

Aumento não é reflexo somente da guerra

Conforme o presidente do sindicato, o que está acontecendo não é reflexo apenas do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, grandes exportadores de trigo, ele revela que desde 2019, existe um reposicionamento com relação a mercado, como também, situações ocasionadas em função da pandemia da Covid-19.

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“Não tem como não aumentar o preço. Os insumos também subiram, a energia elétrica, sem falar do combustível. Passamos pela Covid, que levou os panificadores para uma situação financeira e econômica delicada, pois a renda vem do dia a dia, e as pessoas deixaram de frequentar as padarias, para não sair de casa. Situação que a empresa não estava preparada para enfrentar, uma queda de 45% de seu faturamento. O impacto no setor foi muito grande, muitas padarias fecharam, outras estão tentando sair da dificuldade”, observa.

Sentindo no bolso

Confeiteiro há 22 anos, Fabiano Rezende de Souza Pereira, conta que em suas padarias localizadas em Içara precisou reajustar o preço dos derivados do trigo. O tradicional pão francês, hoje em suas padarias custa R$10,50, e deve chegar a R$12,00. “Veio o aumento do trigo, mas conseguimos manter o valor, mas não sei por quanto tempo. A gente tenta segurar o máximo possível para não perder clientes, mas a previsão é de aumentar ainda mais nos próximos dias”, explica o proprietário.

Durante a pandemia houve queda nas vendas em torno de 60%

Ele ainda conta que durante a pandemia houve queda nas vendas em torno de 60%. ” Os primeiros dois meses foram complicados, e aos poucos foi voltando ao normal. Tive que dispensar funcionários, fechei a lanchonete anexo a padaria. Atualmente trabalhamos não para lucrar, mas sim para manter o negócio. É preciso ter jogo de cintura”, finaliza.

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