Quando é hora de buscar ajuda psicológica?
Se a questão apareceu, convém não a ignorar
Você já deve ter se perguntado em algum momento se havia chegado a hora de buscar ajuda psicológica profissional. Quando alguém se coloca esse tipo pergunta, já parece haver aí uma situação de limite, sugerindo uma provável resposta “sim”. Porém, a maioria das pessoas, quando se depara com essa questão, ainda opta por adiar, basta ver as estatísticas dos que se queixam de sofrimento mental em comparação com a quantidade dos que acabam de fato procurando ajuda.
Cada sujeito é singular, o que faz com que não seja possível uma indicação generalizada. Situação diferente é quando existe um diagnóstico psiquiátrico bem estabelecido. Nesses casos, a depender do transtorno, o acompanhamento psicológico é quase sempre uma necessidade.
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A definição de saúde mental proposta pela Organização Mundial da Saúde talvez ajude nessa reflexão. Segundo a OMS, saúde mental é “um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para sua comunidade”.
Você percebe em si, na maior parte do tempo, esse bem-estar? Tem conseguido superar o estresse cotidiano e viver momentos prazerosos? Sente-se capaz de produzir, de realizar o que se propõe, e até de contribuir com as pessoas a sua volta? Se respondeu “sim” às perguntas, é um excelente sinal. Mas, se o “não” apareceu, talvez seja o momento de ficar alerta e de buscar ajuda especializada.
Obviamente, uma série de outras questões justifica a procura por apoio psicológico profissional. Fundamental é não negligenciar sintomas e sinais de que algo não vai bem, especialmente aqueles que podem estar associados a transtornos que tendem a se agravar com o tempo se não tratados, como os de ansiedade e depressão.
Também é importante prestar atenção àqueles que podem estar em sofrimento e que nem sempre têm condições de compreender a situação ou mesmo de se expressar. É o caso de crianças, adolescentes e idosos.
Sabemos que muitos fatores estão envolvidos quando não se busca ajuda psicológica profissional, mesmo havendo necessidade ou desejo. Entram desde questões financeiras até preconceitos que, infelizmente, ainda permeiam a nossa cultura. O que não podemos é fechar os olhos ao problema.
Cabe lembrar que ainda estamos saindo de uma pandemia que piorou bastante os índices de saúde mental. Um estudo recente realizado pela empresa de educação Pearson, o Global Learner Survey, mostrou que 39% dos brasileiros não sentiram melhora mesmo com o retorno às atividades normais, e 28% afirmaram ter piorado.
Não sei como anda a sua saúde mental. Mas, se existe dúvida sobre procurar ou não ajuda especializada, é hora de pensar mais seriamente sobre o assunto.
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Fábio Cadorin (@fabiocadorin) é psicólogo, jornalista, professor e doutor em Ciências da Linguagem. Nesta coluna quinzenal fala sobre saúde mental e impactos da cultura sobre o psiquismo.