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CÉLIO BOLAN: Tetracego: quem é?

A inclusão social é um conjunto de medidas para garantir que todas as pessoas participem da sociedade igualmente. Pensar em políticos ou  pessoas com cargos públicos que têm alguma deficiência é algo que a maioria dentre nós nem sequer imagina. A representação das pessoas com deficiência na política está alinhada ao famoso lema “Nada sobre nós, sem nós”, que surgiu na década de 1960. Entretanto, nenhum resultado a respeito das pessoas com deficiência pode ser alcançado sem que elas participem plenamente do processo.

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É importante ressaltar que essa participação política de pessoas com deficiência refere-se tanto aos meios de acessibilidade para o voto, como a própria influência da pessoa com deficiência no processo de tomada de decisões.

Consequentemente a essas preocupações, esse tema será uma prioridade para pelo menos duas pessoas eleitas na Câmara e no Senado. Pela primeira vez na história do Brasil, um deficiente visual foi eleito deputado federal. Felipe Rigoni (PSB-ES) membro do movimento de renovação política Acredito, foi o segundo mais votado do Espirito Santo. Já no Senado foi eleita a cadeirante tetraplégica Mara Gabrilli (PSDB-SP) pertencente ao movimento Raps.

Mara Gabrilli perdeu os movimentos do pescoço em um acidente de carro e desde então se destaca pela sua carreira política em defesa das pessoas com deficiência, sendo responsável por conseguir a aprovação da Lei Brasileira de Inclusão na época que era deputada estadual por São Paulo. Como principal proposta no Senado, ela quer melhorar a acessibilidade na zona rural e ampliar a política de residências inclusivas para jovens e adultos com deficiência em situação de vulnerabilidade.

Ao oposto da senadora, o jovem deputado de 27 anos está começando a sua carreira política. Conhecido por ter financiado a sua campanha organizando uma vaquinha online, Felipe Rigoni tem como principal proposta ampliar o acesso de pessoas com deficiência visual ao ensino regular, técnico e superior. Segundo a Agência Brasil, Rigoni é cego desde os 15 anos em decorrência de uma inflamação nos olhos.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 45,6 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, o que corresponde a 23,91% da população brasileira. Com o aprimoramento da discussão sobre esse dado, os direitos das pessoas com deficiência estão finalmente chegando aos meios de comunicação e sendo integrados ao discurso do Estado, mas as mudanças concretas de efetivação de cidadania ainda ocorrem de maneira lenta. A questão da acessibilidade é a que mais chama a atenção com as dificuldades vistas por todos nós dessas pessoas nos transportes públicos, nos prédios públicos e privados de uso coletivo, em restaurantes, em universidades, em hotéis e em espaços públicos em geral.

Apesar da pouca representatividade de pessoas com deficiências no congresso nacional, o assunto deve ser tratado com uma grande importância por se tratar de uma comunidade que goza dos mesmos direitos que qualquer outro cidadão. O Brasil é um país onde muito se tem discutido sobre como acabar com as desigualdades. A má distribuição de renda, as poucas oportunidades na educação e falhas nas políticas públicas voltadas ao social e pessoas com deficiência são fatos por demais conhecidos e que precisam ser repensados.

Contudo, mesmo com a entrada de duas pessoas com deficiência no congresso, ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o Brasil possa ser reconhecido como um país onde na prática as pessoas com deficiência gozam dos mesmos direitos que os demais.  Infelizmente, esse direito (a acessibilidade) ainda não existe na maioria das cidades do país para as pessoas com deficiência.

É importante também que elas busquem, elas mesmas, lutar por seus direitos, elegendo representantes de sua comunidade para falar de seus anseios nas instâncias decisórias, para que a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o Estatuto da Pessoa com Deficiência possam ser conhecidos e concretizados e seus direitos humanos assegurados. E para as eleições que se avizinham que espaços as minorias conquistarão, hoje retratei dois casos em que o congresso teve que se adaptar, porque não esperavam tais pessoas em seu convívio. E os paços e as câmaras municipais estão esperando que novos setores das minorias tomem seus lugares no território pouco habitado por diferentes? Acessibilidade para as demandas que espero e torço que se hospedem e tomem seus espaços no jogo da política

 

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