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Celíaco, e agora?

As adaptações para quem precisou mudar drasticamente a alimentação

A doença celíaca é uma condição autoimune, em que as próprias células de defesa imunológica agridem o organismo, levando a um processo inflamatório. De acordo com a Federação Nacional das Associações de Celíacos (Fenacelbra), a doença afeta cerca de 2 milhões de pessoas em todo o Brasil e esse dado pode ser maior, já que nem todas as pessoas têm acesso ao diagnóstico.

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Fonte de energia e rico em carboidratos, o trigo é um dos ingredientes mais utilizados na culinária brasileira. Ele está presente nos bolos, pães, massas, bolachas. Serve tanto para engrossar cremes salgados quanto para doces e sobremesas.

Viver sem glúten é possível, mas requer uma adaptação grande, principalmente quando a restrição é severa, como o caso da pequena Cecília, de apenas cinco anos. A mãe, Vanessa Dias, conta que antes de descobrir a enfermidade precisou levar a filha diversas vezes ao médico. “Ela sentia muita dor na barriga, comia bem, mas não ganhava peso, tinha quadros frequentes de vômito e diarreia”.

Na busca por respostas aos sintomas da filha, Vanessa foi orientada a levar Cecília a um gastroenterologista, médico especialista em tratar doenças ou alterações de todo o trato gastrointestinal. Depois de alguns exames específicos, o diagnóstico. “O exame de sangue deu uma alteração muita alta, o médico suspeitou de erro e pediu para repetir. Refizemos o exame e mais uma vez um valor muito mais alto que o de referência do exame. Aí tivemos a certeza que tudo mudaria”,

 

Restrição total

Depois de receberem o diagnóstico de doença celíaca, Vanessa revela que viveu um verdadeiro drama. “A aceitação envolveu muito choro, principalmente da minha parte. Eu ficava pensando que ela seria privada de ir nas festas, de comer junto em restaurante, de participar dessas interações que as crianças gostam”, revelou.

Foto: Arquivo pessoal

A família levou um tempo até entender que não há cura para a doença celíaca, e quando entenderam precisaram muito mais do que não oferecer glúten na dieta da filha. O pai, Marcelo Bavaresco, conta que o quadro da doença, impede qualquer tipo de contato com o glúten. “Além de toda a família entrar na dieta, trocamos panelas, talheres, pratos, copos”, explicou.

De acordo com a nutricionista Lucélia Costa, presidente da Federação Nacional das Associações de Celíacos (Fenacelbra), o cuidado é muito importante já que a doença pode causar uma série de problemas associados, como o hipotireoidismo, vitiligo, asma, dores articulares, entre outros. “A doença celíaca ainda é desconhecida e subestimada pela maioria da população e pelos profissionais de saúde no Brasil”.

Apesar das mudanças e necessidade de adaptação, os pais garantem que todo o esforço valeu a pena. Vanessa conta que hoje Cecília convive bem com a restrição, em festas ela leva marmita com o lanche especial e não reclama. “O mais legal é que ela aceitou bem essa mudança, ela entende que não pode comer porque, como ela mesma diz, ‘sente dor na barriguinha’”, conta.

Glúten faz mal?

Quem sofre com sensibilidade ao glúten ou tem a doença celíaca já sabe bem os efeitos que ele provoca no organismo. Diarreia, prisão de ventre, anemia, perda de apetite, vômito e distensão abdominal. O grande problema é que esses sintomas se assemelham muito com os de outras possíveis patologias, portanto para descobrir se você tem a doença é necessário procurar um médico especialista. E se o resultado deu negativo, não é necessário entrar na dieta. A nutricionista Morgana Pesenti falou um pouco sobre os mitos e verdades da dieta que restringe o glúten, confira:

O glúten é um vilão?

De forma alguma! O papel de vilão não lhe cai bem, já que o glúten nada mais é que uma proteína presente em alguns cereais como o trigo, cevada e centeio, matérias-primas utilizadas para a produção de vários alimentos. Aliás, nenhum alimento é vilão ou mocinho de forma exclusiva – nem mesmo o glúten.

Devemos evitar o glúten?

A demonização do glúten nos últimos anos gerou bastante conflito em relação ao seu consumo e embora algumas pessoas tenham predisposição genética à sua intolerância, as pessoas que não apresentam sensibilidade ao glúten ou doença celíaca não precisam parar de comer alimentos que apresentam essa proteína em sua composição. De modo geral, devemos melhorar a qualidade da nossa alimentação com variedade de alimentos, nutrientes, cores e sabores. Alimentos ricos em glúten fazem parte de uma alimentação saudável, desde que outros nutrientes também estejam presentes.

Retirar o glúten da dieta sem necessidade vai me tornar celíaco?

A Doença Celíaca é caracterizada por uma resposta autoimune à intolerância permanente ao glúten, logo, desenvolver a Doença Celíaca exige uma predisposição genética para que essa condição ocorra. Por outro lado, pessoas que não possuem diagnóstico de Doença Celíaca que retiram totalmente o glúten da dieta podem apresentar um quadro de Intolerância ao Glúten Não Celíaca, em que ocorrem sintomas digestivos relacionados a má digestão do glúten, porém não apresentam resposta autoimune para desencadear a Doença Celíaca. De todo modo, procurar auxílio profissional para orientar quanto à alimentação é fundamental.

Para emagrecer eu preciso parar de comer glúten?

O processo de emagrecimento é complexo e envolve muitos mecanismos fisiológicos, bioquímicos, emocionais e sociais. A retirada do glúten exclusivamente com o intuito de emagrecimento sem que haja indicação em decorrência de uma condição clínica (Doença Celíaca, Intolerância ao Glúten Não Celíaca, Síndrome do Intestino Irritável, entre outras) é uma estratégia equivocada e inadequada. O emagrecimento associado à retirada do glúten se refere à qualidade e variedade dos alimentos inseridos na dieta a partir da substituição e nada tem a ver com o glúten em si. Ou seja, para emagrecer é importante uma mudança do consumo alimentar de forma geral, não sendo necessário a retirada do glúten da dieta.

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