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Caso de violência sexual em Cocal do Sul: pais vão às ruas pedir justiça

Pais e alunos realizaram uma manifestação em frente à instituição na manhã desta segunda-feira, dia 29

Um caso revoltante levou pais e alunos da Escola de Ensino Fundamental Demétrio Bettiol, de Cocal do Sul, para a frente da instituição protestar. A manifestação foi realizada após três alunas relatarem que teriam sido violentadas sexualmente por um professor da escola na última sexta-feira, dia 26. Segundo os pais, os alunos já vinham informando atitudes suspeitas do homem há algum tempo e a direção da escola não teria tomado as devidas providências.

Os familiares buscam por justiça e pedem para que os responsáveis sejam punidos. Segundo os manifestantes, a principal reclamação seria a forma como os alunos vinham sendo tratados mediante casos de racismo, violência sexual e questões que vinham incomodando e foram relatadas por alunas.

“A diretora chamava as crianças de mentirosas quando elas contavam sobre o que acontecia. Ela não é qualificada para exercer o cargo. Se ela tivesse ouvido nossas crianças antes, isso não teria acontecido”, explicou a mãe de uma das crianças que foi vítima do professor, Elisete Mendes.

Pais das alunas vítimas de violência sexual | Foto: Caroline Sartori/Portal Litoral Sul

Quando o relógio marcava 7 horas, nesta segunda-feira, dia 29, os primeiros pais e responsáveis começaram a chegar na frente escola, com cartazes e sede de justiça. A indignação e o abalo emocional era visível no rosto de cada pai e cada mãe.

Os primeiros que chegaram foram abordados pelo delegado de Polícia Civil de Cocal do Sul, Márcio Campos Neves, que já aguardava em frente à instituição. Ele conversou com os pais, informando de como estaria o andamento das investigações e pediu para que a manifestação fosse realizada em frente à delegacia. “Vocês têm o direito de protestar e manifestar essa indignação, mas não vai mudar nada. De repente realizar uma manifestação pacífica na rua ou em frente a delegacia, mas a escola precisa funcionar”, relatou o delegado.

Delegado em conversa com pais | Foto: Caroline Sartori/Portal Litoral Sul

O pedido não foi acatado pelos manifestantes e depois de alguns minutos de conversa, iniciou o protesto em frente à escola. Com cartazes e carro de som, cerca de 30 pais começaram a relatar o que os filhos estavam passando na escola e pedir por justiça.

“Quando vim buscar ela [filha] na sexta-feira na escola ela entrou no carro dizendo: Mãe, aconteceu uma coisa muito séria, mas a diretora não acreditou em nós. Chamou a gente de mentirosas e que ia resolver na segunda-feira”, contou Elisete.

Com os relatos, os pais das vítimas conversaram entre eles e viram que as histórias eram as mesmas. Decidiram então levar o caso para a direção e para a Polícia Civil de Cocal do Sul.

De acordo com os pais, o professor ofereceu pirulito para as crianças, levou elas individualmente para uma sala de aula – que não tem câmera de segurança- vendou os olhos e praticou violência sexual. “Isso gerou um trauma para as nossas crianças. A minha filha relatou em detalhes o que aconteceu”, relatou emocionada a mãe de uma das vítimas, Andreia Cardoso da Silva.

Pais emocionados – Foto: Caroline Sartori/Portal Litoral Sul

Novo tumulto com chegada de carro de som

Os pais contrataram um carro de som para auxiliar na manifestação. Assim que veículo chegou no local o procurador do município questionou sobre o alvará para utilizar o som na frente da escola. Com isso, gerou uma revolta nos pais que estavam no local.

“Vocês estão de brincadeira, alvará para fazer protesto? Precisa de alvará para proteger nossas filhas? A voz da minha menina vai ecoar. Estão de sacanagem com a gente”, disse revoltado um dos pais.

Para o procurador geral do município, Eduardo Rocha, a questão em discussão não era a proibição do uso do carro na manifestação. “Fomos questionar se tinha o alvará e os pais entenderam que seria proibido o protesto, mas não”, relatou.

Pais reunidos em frente a escola com carro de som | Foto: Caroline Sartori/Portal Litoral Sul

Diretora afastada e professor preso

Segundo o prefeito de Cocal do Sul, Fernando de Faveri, a professora em exercício já foi afastada do cargo. Uma nova profissional será eleita nos próximos dias para assumir a direção da escola. “Assim que tivemos conhecimento do caso, já afastamos a diretora da função. Logo será escolhida uma nova para assumir o cargo”, relatou o prefeito.

As reclamações de atitudes do professor já tinha sido levada para a secretaria de Educação anteriormente, segundo os pais. O responsável pela pasta, Luiz Carlos de Melo, que assumiu neste ano, relatou que conversou com as coordenadoras anteriores e não tinha reclamações sobre o homem. “Não tivemos nenhum registro por parte de pais e equipe diretiva. Posso garantir que para mim não chegou nada neste ano, não tem registro quanto a este profissional”, explicou o secretário de Educação.

O professor atuava na sala como um segundo professor, que é um auxiliar de sala que adapta as atividades para alunos com alguma necessidade especial. Ele está preso e, segundo o delegado, poderá responder pelo crime de estupro de vulnerável. Agora, as vítimas serão ouvidas e as provas analisadas.

“A principal fonte de prova é a versão da vítima. Esperamos que isso seja preparado pelas psicólogas. Vou ouvir outras pessoas que possam relatar o que foi feito até agora. Vamos trabalhar para concluir isso em prazo legal”, explicou.

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