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Transferência de presos em Tubarão teve princípio de motim e fuga

Mais de 700 presos foram transferidos em caráter emergencial por causa dos alagamentos

A transferência de 759 presos do Presídio e da Penitenciária de Tubarão, devido aos alagamentos, repercutiu nas mídias sociais na última quarta-feira, dia 4. O caso chamou atenção pois durante o processo, 12 apenados fugiram.

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A transferência foi realizada em caráter emergencial por conta do risco de alagamento do prédio, o que se confirmou. Segundo a direção do Presídio Regional de Tubarão, naquela noite cerca de 40 policiais penais trabalhavam no complexo. “Foram momentos de tensão e medo”, desabafa o diretor do Presídio Regional de Tubarão, Reginaldo Marcolino.

Durante a tarde da última quarta-feira, dia 4, os responsáveis pela Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) monitoravam os alertas da Defesa Civil para uma possível evacuação. “Ficamos acompanhando o nível do Rio Tubarão e os alertas emitidos pelos órgãos responsáveis. Já havíamos deixado tudo preparado para uma possível evacuação”, explica o secretário da SAP Edemir Alexandre Camargo Neto.

Enquanto isso, os colaboradores do Presídio e da Penitenciária de Tubarão se adiantaram e solicitaram a saída temporária de mais de 200 apenados que cumprem pena em regime semiaberto. “Por precaução, durante o dia, junto com o judiciário, pedimos a liberação de 260 presos, mas foi concedido para 210 apenados. Tendo em vista que a ala onde ficam esses presos seria a parte mais atingida em caso de um alagamento”, afirma o diretor.

Quando a Defesa Civil emitiu o alerta para a população que o Rio Tubarão estava transbordando, a SAP pediu então que fosse realizada a transferência de forma emergencial. “O comitê de crise já havia preparado um plano de contingência. Por volta das 21 horas houve um novo cálculo e vimos que iria provocar maior transtorno do que esperávamos. O Rio subiu com muita rapidez. Tivemos que tomar a decisão rápida e não ia dar tempo de algemar todo mundo. Por decisão usamos a equipe para fazer a escolta” ressalta o diretor.

Transferência

Segundo a secretaria, no momento da transferência, após reforço, eram 80 policiais para transferir cerca de 760 presos. A água já estava entrando nos prédios quando os presos começaram a ser retirados. “Conversamos com todos os presos e explicamos a situação. Em um primeiro momento, acredito que pelo instinto de sobrevivência, eles acataram a decisão e saíram conforme ordenado. Fizeram uma fila de mãos dadas e seguiram pelo caminho indicado”, conta Marcolino.

Os presos percorreram um trajeto de cerca de 200 metros pelo meio da mata, até chegar ao Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep), que serviu de abrigo temporário. Durante a transferência, 12 presos fugiram. Oito deles já foram recapturados.

Acompanhe abaixo imagens do momento da transferência dos presos:

Medo e tensão

Diante do cenário caótico, em que toda a cidade estava alagada, mais de 700 presos alojados provisoriamente em um local onde ficavam 10 pessoas e um princípio de motim, geraram um clima de tensão. “Quando faltava apenas uma grade para chegarem até os agentes, o reforço da segurança (solicitado) chegou e conseguiu controlar a situação. Foi um alívio, pensamos que eles iriam chegar até nós”, lembra o diretor.

O processo de transferência iniciou por volta das 21 horas de quarta-feira, dia 4, e terminou somente na manhã de quinta-feira, dia 5. Depois de uma longa noite de muito trabalho e dificuldade, já que a logística para uma transferência como essa exige muita preparação,  os detentos foram realocados em 14 unidades prisionais do Estado. “Foram momentos de angústia. Vi muitos colegas chorarem”, finaliza o diretor.

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