Inicia a demolição de ponto histórico de Criciúma; veja imagens

Uma parte do passado de Criciúma começa a ser deixada para trás. Iniciou nesta quinta-feira, dia 21, a demolição da tradiconal Sede do Sindicato dos Mineiros no centro da cidade. O local foi alco de muitas decisões e greves históricas desde o fim da década de 1970 quando foi construído. Uma construtuora adquiriu o prédio e irá construir um novo empreendimento.

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“Um sentimento estranho. Fui ali, dei uma passada, mas não conseguir ficar. Tínhamos que tratar o assunto com frieza, não tinha como”, fala o presidente do Sindicato dos Mineiros de Criciúma e Região, Djonatan Matei Elias, o “Pirigueti”.

A sede histórica foi vendida pelo sindicato para o pagamento de dívidas que ultrapassam R$ 2, 3 milhões. “Foi uma decisão difícil, muito dolorida para todos da diretoria e da categoria. Mas para podermos nos manter vivos financeiramente, o cnpj, tivemos que tomar essa decisão. Por más gestões que tiveram no passado tínhamos dívidas milionárias, só com o INSS são R$1,8 milhões”, explica o presidente.

Além disso, o prédio apresentava diversos problemas estruturais e uma reforma seria inviável, atualmente, para o Sindicato. “O auditório palco de grandes decisões históricas, de greve, chovia dentro. Fizemos um orçamento era R$ 400 mil para arrumar só esse espaço”, conta. “Esse ano não voltamos para lá por medo de a frente cair. Tivemos que escorar com madeira. O prédio nunca recebeu uma reforma desde que foi construído”, completa Djonatan.

Futuro

Agora o Sindicato está alocado no antigo Ministério do Trabalho, atrás da rodoviária de Criciúma. Além disso, através de autorização da Secretaria do Trabalho e do Ministério da Economia, agora a entidade representa não apenas os trabalhadores do carvão, mas mineiros de toda a Santa Catarina.

“Também mineiros de outras atividades como pedreiras, areieras, de calcário, entre outros. São cerca de 18 mil trabalhadores representados em todo o Estado”, explica.

Devido a demolição, a Rua Ari Barroso está com um trecho interditado nesta quinta-feira, dia 21. Os trabalhos devem ocorrer até as 18h. Já na sexta-feira, dia 22, retoma-se a demolição, mas sem obstrução da via. Já no sábado, dia 23, a Rua Ari Barrosso deverá voltar a ter o trânsito bloqueado no trecho onde fica a antiga sede.

Vídeo mostra demolição da antiga sede do Sindicato dos Mineiros de Criciúma – Vídeo: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

História do Sindicato preservada na Unesc

Toda a documentação, fotos e vídeos que estavam na antiga sede do Sindicato, foram entregues ao Centro de Memória e Documentação da Unesc. Inclusive, nesta semana, a equipe da Universidade restaurou um documento de 30 de junho de 1945. O arquivo, da época do governo do presidente Getúlio Vargas, autorizava o funcionamento do Sindicato dos Mineiros de Criciúma e deu início a entidade.

“Fizemos um trabalho meticuloso, realizado pela restauradora Selma Leepklna, especialista, que fez todo o procedimento e, após alguns meses, ele finalmente está recuperado. Pelo caráter histórico e importância, fizemos todo o procedimento de restauração”, salienta o Coordenador do Cedoc e professor do curso de História, Paulo Sérgio Osório.

Não é somente a Carta Sindical, que Osório chama de “Certidão de Nascimento”, do sindicato, que está de posse do Cedoc da Unesc. Todo o acervo histórico está na Universidade e passará por um minucioso processo de restauração.

“O Sindicato dos Mineiros nos procurou em função da preocupação com as condições de guarda de acervo histórico. Fizemos um termo de comodato e a Unesc recebeu este acervo para tratamento e organização e vai dispor para pesquisas futuras. Dentro do acervo, que é gigantesco, com papéis, fotos, fitas VHS e K7”, fala.

Veja fotos da demolição: