Você sabia que praticamente 100% dos casos de suicídio têm relação com algum transtorno mental? Sabia que cerca de 60% das pessoas que tiram a própria vida nunca chegaram a um especialista em saúde mental ou não tiveram acesso a tratamento adequado?
Isso nos leva a uma conclusão lógica: se as pessoas em risco receberem a devida assistência, o que inclui acompanhamento psiquiátrico e psicológico, os índices de suicídio podem reduzir drasticamente.
O que leva uma pessoa a abreviar a própria vida é um complexo conjunto de fatores. Se colocarmos a questão em nível macro, vamos perceber que aspectos culturais, sociais e econômicos têm grande impacto nas estatísticas. Então, é lógico que não basta cuidar da saúde mental. A prevenção ao suicídio passa por tornar menos desiguais as condições de vida no planeta.
Só que um desafio tão grande não será superado em curto prazo. Por isso, é tão necessário investir no que está a nosso alcance agora. Fazer com que as pessoas em sofrimento cheguem a um tratamento adequado é um passo concreto e possível. Se vencermos os velhos tabus e preconceitos em torno da saúde mental já teremos feito um grande favor à imensa quantidade de pessoas que ainda vive seus dramas interiores em silêncio.
Números relacionados a suicídio são divulgados com cautela, mas, para você ter uma ideia, uma pesquisa sobre o Panorama da Saúde Mental do Brasileiro, apresentada este ano pelo Instituto Cactus e pela AtlasIntel, mostrou que 20% da população “pensa em se ferir de alguma maneira ou que seria melhor estar morto(a)”.
Não dá para ignorar os dados. Se você está sofrendo, faça o que diz o lema da campanha Setembro Amarelo de 2023: “Se precisar, peça ajuda”. Ou talvez alguém perto de você possa estar necessitando de apoio. Mesmo quem não é especialista em saúde mental pode contribuir na luta pela prevenção.
Apresento a seguir algumas orientações da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre como é possível ajudar em uma conversa com pessoas que estão sob risco:
- Ouça com atenção o que a pessoa está sentindo;
- Não julgue, não tenha preconceito;
- Não dê conselhos do tipo: “você precisa sair mais de casa”, “você precisa esquecer isso…”;
- Demonstre que é alguém de confiança;
- Não faça comparações;
- Não mude de assunto, nem faça comentários como: “anima-te”, “vai correr tudo bem”;
- Não ria ou faça piadas;
Além disso, encaminhe a pessoa a serviços especializados em saúde mental. Seguramente, essa é a melhor atitude para ajudar quem precisa.
E se você deseja saber mais sobre o tema e, sobretudo, se deseja se informar melhor para se engajar em ações de prevenção, acesse o site oficial da campanha Setembro Amarelo no Brasil. Essa luta é de todos nós!
www.setembroamarelo.com
CONVITE: AULA ABERTA À IMPRENSA
Além de minha atuação como psicanalista em clínica, sou professor universitário e farei uma aula aberta à comunidade sobre como a mídia deve tratar a questão da prevenção ao suicídio. O tema sempre foi um tabu na imprensa, mas a Organização Mundial da Saúde e a Associação Brasileira de Psiquiatria têm orientações bem claras a esse respeito. Abordarei essas e outras questões relevantes sobre o assunto. Fica o meu convite!
DATA: 13 de setembro de 2023
LOCAL: Auditório Auditório João Luiz Novelli – Unisatc (Criciúma – SC)
HORÁRIO: 19 horas
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Fábio Cadorin (@fabiocadorin) é psicólogo, jornalista, professor e doutor em Ciências da Linguagem. Nesta coluna fala sobre saúde mental e impactos da cultura sobre o psiquismo.