Juntos podemos salvar vidas
No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, em 10 de setembro, a luta também é por condições de existência mais dignas para todos
Durante o mês de setembro, somos incentivados a nos tornar mais atentos e sensíveis à dor daqueles que estão perdendo a esperança na vida. A campanha Setembro Amarelo mobiliza milhares de voluntários mundo afora em um grande movimento de prevenção ao suicídio.
Os dados revelam que, quando uma pessoa decide abreviar a própria vida, ela provavelmente possui algum histórico de transtorno mental. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), é o que ocorre em quase 100% dos casos.
Isso nos leva a pensar que podemos fazer muito pela prevenção. Se as pessoas em profundo sofrimento mental chegarem aos profissionais especializados e conseguirem realizar o tratamento adequado a tempo, seguramente muitas vidas podem ser preservadas.
Dizer que os casos de suicídio quase sempre têm relação com transtorno mental não é o mesmo que dizer que toda pessoa com algum transtorno vá pensar em tirar a própria vida. A informação é importante principalmente para deixar muito claro que existem formas de amenizar o sofrimento psíquico e, assim, evitar que muitos cheguem a um ato extremo. Por isso, é imprescindível seguirmos na luta contra os estigmas que envolvem a saúde mental.
E quando falamos em valorização da vida, acho fundamental lembrar que não basta uma campanha de conscientização. Os números também mostram que, embora casos de suicídio ocorram em todas as classes sociais, existe um fator socioeconômico nessa história. Se a vida não é fácil para ninguém, imagine para aqueles que vivem à margem.
Prevenção ao suicídio também se faz por meio do combate à desigualdade social, do respeito e atenção às minorias, da interrupção dos discursos de ódio que ganharam força nos últimos tempos. Se desejamos a valorização da vida, essa luta precisa ir muito além das paredes de consultórios, hospitais e clínicas de atenção psicossocial.
E antes de encerrar esta coluna, quero deixar outros dois recados.
O primeiro é para reforçar o número de telefone 188, do Centro de Valorização da Vida, o CVV. Voluntários capacitados estão 24 horas por dia prontos para acolher e escutar os que estão em sofrimento. É importante divulgarmos esse número para que qualquer pessoa saiba que sempre haverá a quem recorrer nos momentos de crise.
O segundo é um convite aos leitores para que estejam conosco na praça Nereu Ramos, no centro de Criciúma, neste sábado, 10 de setembro. A partir das 10 horas, eu e o grupo de psicólogos integrantes do Movimento Psicologia na Rua faremos uma ação de conscientização, entregando materiais informativos e tirando dúvidas sobre o tema do suicídio.
Vamos juntos abraçar a causa do Setembro Amarelo, fazendo ecoar ainda mais alto o lema da campanha deste ano: “a vida é a melhor escolha”.
Fábio Cadorin é psicólogo, jornalista, professor e doutor em Ciências da Linguagem. Nesta coluna quinzenal fala sobre saúde mental e impactos da cultura sobre o psiquismo.