Notícias de Criciúma e Região

Hospitais Filantrópicos estimam impacto com aumento do piso da enfermagem

Nesta terça, 19, as entidades irão paralisar procedimentos eletivos em âmbito SUS em forma de protesto

Gestores dos hospitais filantrópicos e Santas Casas da macrorregião Sul, se reuniram na tarde desta segunda-feira, 18, no auditório da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), onde trataram sobre o impacto financeiro que segundo eles, irá trazer com novo piso da enfermagem. A PL 2564/20, que tramita na Câmara dos Deputados e deve ser votada nos próximos dias, fixa o piso salarial de enfermeiros em R$ 4.750,00, o de técnicos de enfermagem em R$ 3.325,00.

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“Não somos contrários a remuneração da enfermagem, nossa preocupação é a forma que iremos pagar esse valor. Hoje trabalhamos com déficit e não sabemos como conseguir recursos para cobrir essa despesa que com certeza irá impactar os hospitais. Estamos buscando financiamento. Precisamos que os governantes sinalizem com recursos”, disse em tom preocupado, Evandro Pereira Peck, secretário dos Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de Santa Catarina (Fehosc) e diretor Administrativo do Hospital São Sebastião de Turvo.

Conforme os gestores a situação pode acarretar em demissões, fechamento de setores e ocasionar prejuízo ao atendimento da população. Com 250 colaboradores, o diretor administrativo do Hospital São Donato, Júlio De Luca, informou que a instituição terá um impacto no mínimo de R$150 mil/mês na folha de pagamento. “Irá se tornar uma situação insustentável para todos os hospitais até porque os profissionais dos demais setores, também irão querer o piso nacional”, disse ele.

A diretora financeira e vice-diretora do Hospital São José, Irmã Terezinha Buss, destacou ter sido conversado com todos os gerentes de enfermagem da instituição de saúde, segundo ela, para que todos ficassem conscientes sobre a situação. “Deixamos claro que não somos contra ao aumento, mas que precisamos do apoio deles para que o hospital também receba para poder repassar esse valor. Existe a compreensão de todos e assim fica mais fácil ir trabalhando”, destaca a irmã.

 Movimento Nacional – Chega de Silêncio

A atividade integra o movimento nacional – Chega de Silêncio, promovido pela Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), que visa demonstrar as dificuldades financeiras enfrentadas pelas entidades. Nesta terça-feira, 19, as entidades farão uma paralisação e o reagendamento de procedimentos eletivos em âmbito Sus.

Já na semana de 25 a 28 de abril, ocasião em que Brasília receberá a XXIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, reunindo prefeitos de todas as partes do país, será realizada ação conjunta envolvendo caravana com integrantes de federações e hospitais filantrópicos. No dia 26, está programado ato simbólico com representantes dos maiores hospitais filantrópicos de cada estado brasileiro.

Atualmente, segundo a CMB, existem 1.819 santas casas e hospitais filantrópicos no País, ofertando 170 mil leitos, dos quais 24 mil são Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Nos últimos anos houve o fechamento de 315 hospitais filantrópicos. Ainda segundo a entidade, o setor filantrópico é responsável por 50% e 70%, respectivamente, dos procedimentos de média e alta complexidade oferecidos pelo SUS.

Contraponto

Por outro lado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde de Criciúma e Região (Sindisaúde), Cleber Ricardo da Silva Cândido, considera que o piso nacional da enfermagem faz justiça a categoria.

“São profissionais que atendem desde a unidade de saúde até ao atendimento hospitalar 24 horas/dia. São esses profissionais que assume o maior peso do atendimento dentro saúde. Por mais que se diga, que não tem dinheiro para pagar o piso, acreditamos que sim, é possível aprovar o projeto. Até porque há outros profissionais que pesam na folha quase 50% do total, como a classe médica que possui um salário muito alto. Claro que precisa ter um contraponto do Estado, mediante a tabela do SUS, mas assim mesmo, precisamos da valorização desses trabalhadores da enfermagem”, considera.

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