Notícias de Criciúma e Região

Guerra e sofrimento mental

Que mundo estamos preparando para os nossos jovens?

Tem sido difícil manter a saúde mental enquanto assistimos a uma guerra em pleno século 21. Não bastasse a angústia de ver tantas cenas de violência e morte, pensar nas consequências de ordem econômica e social que devem alcançar os demais países, inclusive o Brasil, aumenta a sensação de insegurança. Se o presente é um tanto assustador, me pergunto o que esperar do futuro. E quando falamos em futuro outra questão é inevitável: que mundo estamos preparando para os nossos jovens?

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Precisamos pensar nisso com mais seriedade ou vamos piorar um quadro que já é bem preocupante. Há algum tempo, pesquisas mostram que a saúde mental deles não anda bem. Em 2017, um levantamento da Sociedade Real de Saúde Pública e do Movimento pela Saúde dos Jovens, no Reino Unido, concluiu que as taxas de ansiedade e depressão entre os jovens aumentaram 70% nos últimos 25 anos. Outro estudo realizado durante a pandemia pela rede global de agências de publicidade McCann com 32 mil jovens da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) revelou que 66% deles dizem sentir solidão. A crise climática com ameaças à vida no planeta, incertezas de um mundo cada vez mais complexo e, agora, uma guerra deixam tudo ainda mais complicado para quem está numa fase da vida já marcada por inseguranças.

Esse é um assunto para muitas colunas, porque não há resposta ou solução simples. Entretanto, algumas atitudes são possíveis e necessárias.

Quando a questão é a guerra, para uma geração que nasceu com o mundo em “paz”, especialmente os adolescentes, o importante é que haja abertura para a conversa. Ouvi-los com atenção, sem menosprezar seus medos e preocupações, é um bom começo para aliviar a tensão. Desde que se respeitem as limitações de cada idade, abordar o assunto de modo franco e realista ajuda a gerar confiança. Isso exige que pais e responsáveis também estejam bem informados.

Acompanhar uma guerra, ainda que “de longe”, não é confortável. Mas talvez seja uma forma de reconhecermos de modo mais contundente nossa responsabilidade de adultos em relação à escolha de governantes, afinal, são eles que no fim das contas decretam o “atacar” ou o “cessar fogo”. Eu sei, parece que mudei a direção do assunto. Mas foi intencional. Algumas escolhas que fazemos em outras áreas têm efeitos diretos sobre a saúde mental, nossa e de gerações futuras. Pense nisso!

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Fábio Cadorin (@fabiocadorin) é psicólogo, jornalista, professor e doutor em Ciências da Linguagem. Nesta coluna quinzenal fala sobre saúde mental e impactos da cultura sobre o nosso psiquismo.

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