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Faltam médicos em seis bairros de Criciúma: “A saúde está caótica”, afirma coordenadora dos Conselhos de Saúde

Situação está causando revolta na população dessas comunidades; secretário afirma que profissinais serão chamados

Moradora há 36 anos do bairro Santa Augusta, Roseli Jung, buscou atendimento na Unidade de Sáude do bairro e se deparou com uma realidade que afeta ao menos seis comunidades de Criciúma: a falta de médicos. “Estamos sem médico desde novembro de 2021. Depois disso só médico de passagem”, conta ela. “Ultima vez que passou um médico por aqui fazem umas três semanas eu acho, mais ou menos”, completa.

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Além da Santa Augusta, os bairros Mineira Velha, Santa Barbara, Mina União, Manaus e Sangão estão sem médicos.  De acordo com Losinete Fontana da Silva, coordenadora dos Conselhos de Saúde de Criciúma e membro do Conselho Municipal de Saúde, a falta de profissionais tem causado diversos transtornos.

“Precisaria de uns 30 médicos para suprir a necessidade de Criciúma. A saúde está caótica, não tem mão de obra e a população está pronta a se revoltar. Sou chamada diariamente nas unidades para ‘tapar o fogo’, de pessoas que estão com dor, precisariam ir em médicos e não tem”, conta. “Locais que haviam dois médicos, hoje tem um e onde tinha um, não tem”, afirma Losinete.

Para Roseli, que depende dos serviços prestados pela Unidade do Santa Augusta, o local precisaria de ao menos dois médicos pela quantidade de atendimento necessário.  “Só queríamos que o proximo médico que viesse para o bairro ele realmente ficasse. Não adianta ter duas, três semanas e depois ir embora que aí não chega a conhecer os pacientes, os problemas”, destaca. “Temos muitos idosos aqui que necessitam deatendimento, eu mesmo tenho um irmão com Alzheimer que precisa ir a cada seis meses em um clínico geral, mas como vou fazer isso?”, complementa.

Apesar disso, a moradora do bairro ressalta que o atendimento no posto é bem realizado pela equipe. “As meninas elas tentam ajudar sempre da melhor forma possível, mas sem médico está complicado. Elas tem que ouvir coisas que elas não tem culpa”, ressalta.

O atendimento nas Unidades que estãos sem médicos estão sendo realizados em forma de rodízio. Na Mineira Velha, por exemplo, um profissional de outra Unidade se desloca duas vezes por semana até o bairro para realizar os atendimentos. Segundo Losinete a falta de profissionais é um problema que vem se arrastando a muito tempo.

A principal questão, analisa ela, que provoca a falta de médicos é a salarial. “Rodo por todos os bairros com o carro do conselho, conversando com a população, com os presidentes de conselhos de saúde das unidades em toda a cidade. E pela minha experiência eu vejo que o problema maior dentro de Criciúma é um salário baixo desses profissionais”, destaca. “Tinha uma médica no nosso bairro muito boa, experiente. Chamaram ela no Rincão e ela foi para ganhar duas vezes mais”, exemplifica a coordenadora dos conselhos.

Unidade de Saúde recém inaugurada sofre com poucos médicos

Losinete destaca que a Unidade de Sáude do bairro São Sebastião, que foi recentemente inaugurada, conta com um médico, apenas, para atender cerca de 15 mil pessoas. Sendo que uma médica é deslocada de outro bairro duas vezes na semana para reforçar o atendimento.

“Meu bairro, o São Sebastião, inauguraram a unidade na segunda-feira, dia 21. O nosso médico aqui eu vejo como um herói. Porque está segurando, meu bairro, que tem em média 15 mil pessoas e um profissional só. A médica que está ali para cumprir horário é do bairro Brasília, vem duas vezes por semana e volta. Qual profissional ficaria satisfeito sabendo que está tapando buraco?”, afirma Losinete.

Unidade de Saúde do bairro São Sebastião foi inaugurada nesta segunda-feira, dia 21 – Foto: Jhulian Pereira/Decom

“Estamos chamando profissionais”, informa secretário

A falta de médicos nas seis Unidades de Saúde é reconhecida pela Secretaria de Saúde. Por isso, nos próximos dias, um chamado será realizado para os médicos que foram aprovados em Concurso Público relizado recentemente em Criciúma.

“Temos vagas. Eestamos chamando profissionais para para as Unidades de Saúde. Temos 50 unidades ao todo e estamos com dificuldade em seis unidades, onde ainda estamos buscando profissionais. Mas mesmo assim estão tendo o suporte de outras equipes. Faremos um chamamento agora do Concurso Público para que possamos suprir essa necessidade”, explica o secretário de Saúde, Acélio Casagrande.

Secretário de Saúde destaca que médicos que passaram no Concurso Público da Prefeitura de Criciúma, recentemente, serão chamados nos próximos dias | Foto: Reprodução


Mais de 50 mil consultas mês

De acordo com o secretário, são realizadas cerca de 50 mil consultas por mês em todas as unidades que compõe o sistema de saúde da Prefeitura. “Nas duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) e no 24h da Boa Vista são praticamente 18 mil consultas realizadas, mais 22 mil consultas nas Unidades Báscias de Saúde (UBS). 40 mil pessoas foram atendidas, se contar mais as especialidades que chegam a 10 mil, então, praticamente 50 mil consultas são ofertadas na rede pública de Criciúma”, analisa Acélio.

Além disso, ele destaca que a falta de profissionais de saúde não ocorre só em Criciúma, mas em outras cidades. “Não deixamos de fazer a assistência mesmo não tendo médico. Temos equipe e alguns médicos sempre fazendo o suporte em casos de urgência. Nenhuma cidade possui três pronto atendimentos como nós temos uma UPA na Próspera, uma no Rio Maina- que abrimos recentemente – e mais o 24h da Boa Vista”, finaliza.

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