Notícias de Criciúma e Região

Com o mundo em crise, como fica a saúde mental?

Governos, empresas, escolas e todos nós devemos agir. Cuidar da saúde da mente é um exercício de corresponsabilidade

Acompanhar noticiários das últimas semanas e ouvir diferentes opiniões de especialistas sobre o futuro do planeta, considerando impactos globais da guerra na Ucrânia, me fez querer voltar um pouco ao tema da última coluna.

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Quando terminar esse evento crítico e traumático que, infelizmente, já dura mais de um mês, o mundo certamente não será o mesmo. Já se fala na possibilidade de uma economia menos globalizada e da possível exacerbação de nacionalismos. Também parece provável que alguns países irão intensificar suas bases militares e a corrida armamentista.

Não é preciso ser especialista para saber que quando se vive em um clima de tensão a saúde mental fica prejudicada. A ansiedade, que é uma espécie de resposta do organismo a uma potencial ameaça, pode virar patológica. E não podemos esquecer que a humanidade ainda está saindo de um momento caótico de pandemia, em que os diagnósticos de ansiedade e depressão aumentaram muito.

Não quero sustentar uma visão pessimista. A ideia aqui é alertar para o fato de que, do modo com as coisas estão caminhando, não é mais possível ignorar a questão da saúde mental. Não dá mais para lidar com esse assunto no campo do tabu. Governos devem reforçar seus sistemas de assistência. Empresas precisam olhar com mais cuidado esse aspecto da vida dos colaboradores. Escolas precisam ampliar espaços de escuta de suas crianças e jovens. Individualmente, também podemos agir, seja buscando informações de qualidade ou ajuda especializada, seja prestando mais atenção ao sofrimento dos que estão a nossa volta.

Temos pela frente um desafio enorme. Ninguém e nenhuma instituição pública ou privada dará conta dessa tarefa sozinha. A luta para minimizar os efeitos negativos da crise na saúde mental, anunciada há anos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), deve ser um exercício de corresponsabilidade. A negligência secular ao tema já nos custa caro. Não deixemos que a situação fique ainda pior.

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Fábio Cadorin (@fabiocadorin) é psicólogo, jornalista, professor e doutor em Ciências da Linguagem. Nesta coluna quinzenal fala sobre saúde mental e impactos da cultura sobre o nosso psiquismo.

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