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Árvores tóxicas começam a ser cortadas em Urussanga

Espatódea possui substância tóxica para alguns polinizadores em suas flores

Pensando na preservação do meio ambiente, Santa Catarina instituiu uma Lei Estadual de Nº 17.694/19, complementada pela de Nº 18.323/22, que proíbe o plantio e a produção de mudas da espécie espatódea, também conhecida como bisnagueira, tulipeira-do-gabão, xixi-de-macaco ou chama-da-floresta. Essa árvore pode atingir até 25 metros de altura e tem uma exuberante floração de cor laranja-avermelhada, o que a torna notável e imponente. O problema está no fato de tanta beleza ser tóxica para algumas espécies de abelhas, beija-flores e outros polinizadores, que são importantes para a perpetuação da flora local.

Seguindo a lei, Urussanga tem orientado, desde julho, o corte imediato das espatódeas já existentes e recomendado a substituição por mudas nativas. “Na linha Rio Maior, foram notificados quatro munícipes em observância à lei. Foi estabelecido um prazo de 30 dias para que os proprietários realizem o corte da espécie”, explica o biólogo da Diretoria do Meio Ambiente de Urussanga, Jhoni Caetano Souza.

O biólogo conta que, nas imediações do local notificado, encontra-se um meliponicultor, que cuida da produção de mel a partir de abelhas nativas sem ferrão. “Ouvindo o produtor, foi relatado a mortandade de abelhas, diminuição das populações com esterilização da abelha rainha, em virtude da toxicidade do pólen da espécie objeto das notificações”, ressalta.

O diretor da DMA, Marcio Moreira, garante que a equipe seguirá notificando os moradores que possuam a espécie em sua propriedade. “A DMA busca a erradicação da espatódea no município de Urussanga e pretendemos que o problema seja resolvido até dezembro. Se você tem essa espécie em sua propriedade, nos termos da lei, você pode cortá-la. Caso tenha dúvida, solicite à Diretoria de Meio Ambiente ajuda para confirmação da espécie”, afirma Moreira.

Espatódeas em áreas públicas

Com relação às árvores da espécie que estão localizadas em áreas públicas, como o Parque Municipal, calçadas e afins, o biólogo Jhoni Caetano Souza afirma que a localização e registro já começaram. “Nós já iniciamos o mapeamento e identificamos cerca de 20 espatódeas dentro de área pública. Depois de localizarmos todas, emitiremos um memorando para a pasta, dentro da administração municipal, que será responsável pelo corte”, explica. O memorando conterá localizações, quantidades e detalhes sobre a espécie para que o corte possa ser feito.

Conheça a Espatódea

A Espatódea é uma árvore exótica, de origem africana, que foi introduzida no Brasil como planta ornamental. É considerada uma planta invasora de rápida propagação. Pode atingir até 25 metros de altura e, em condições favoráveis, viver até 80 anos. O perigo para os insetos e aves polinizadoras, porém, está em suas flores.

As flores têm o formato de tulipa e começam a surgir a partir do quarto ano após o plantio, geralmente na primavera e verão. Sua estrutura apresenta numerosos botões que com aberturas sucessivas garantem uma longa floração.

O néctar adocicado e o pólen abundante atraem muitos pássaros e insetos que, muitas vezes, acabam morrendo no contato com a planta. Isso porque há a presença de um alcalóide neurotóxico nos botões florais, que é transferido para o néctar e pólen das flores, além de uma substância viscosa que prende os insetos que se aproximam da região.

A função dessa substância viscosa, chamada de mucilagem, é proteger os botões e as estruturas reprodutivas no interior da flor, mas acaba se tornando uma armadilha mortal para abelhas e outros pequenos polinizadores, que grudam e morrem.

As abelhas, atraídas pelo pólen, têm o sistema nervoso afetado pelo alcalóide e vem a óbito. Os beija-flores também são atingidos. Quando sobrevive, a abelha contaminada leva o pólen tóxico para a colmeia, alterando o processo de confecção de ceras e favos.

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