“A menina mostrou uma firmeza e uma serenidade impressionantes”, diz delegado sobre criança sequestrada
Forças de segurança detalham operação que permitiu que garota de 11 anos fosse devolvida à família sem ferimentos
As forças de segurança de Santa Catarina detalharam há pouco a operação que durou 24 horas e resultou no resgate de uma criança de 11 anos que havia sido sequestrada em Criciúma na madrugada dessa quarta-feira, dia 23.
Segundo o delegado Anselmo Cruz, da Divisão Estadual de Investigação Criminal (Deic), a garota permaneceu por todo tempo com pés e mãos amarrados, dentro de porta-malas de veículos. “A menina não foi levada a um cativeiro. Ela foi mantida amarrada e amordaçada, sem comer, dentro de porta-mala. Ela passou por pelo menos três veículos. Eles pararam apenas duas vezes para ela fazer as necessidades”, contou a autoridade.
O sequestro ocorreu no início da madrugada, mas o primeiro contato dos criminosos com a família ocorreu apenas às 6 horas. “Eles mandaram a foto de uma carta com uma série de exigências, incluindo o pagamento de mais de R$ 11 milhões. E a exigência era de não envolver polícia nem imprensa, e fizeram isso com ameaças, inclusive de mandar membros do corpo da menina para a casa da família ou polícia”, detalhou.
Premeditação e motivação
Segundo a polícia, o crime foi premeditado. “Os carros usados foram roubados em Içara e Criciúma há dois meses. É uma estrutura criminal muito organizada”, descreveu o delegado Yuri Miqueluzzi, da Delegacia de Investigação Criminal (DIC) de Criciúma.
Segundo a polícia, a motivação do crime não ficou clara. Ao longo do dia, diversas versões surgiram. Até o momento, a hipótese mais provável é a de obtenção de dinheiro, já que os criminosos pediam cerca de R$ 11 milhões.
Resgate da criança
Segundo a polícia, ao longo do dia, um advogado criminalista se ofereceu para colaborar fazendo uma interlocução com os criminosos. O profissional se apresentou também como pai de uma coleguinha da escola da vítima. A polícia autorizou, com muita cautela, e ele fez contato com os sequestradores.
No início da madrugada, os criminosos deixaram a menina com as mãos e pés amarrados e vendada à beira de uma estrada em Três Cachoeiras. O advogado pegou a garota e seguiu até o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Araranguá, onde médicos da CCR ViaCosteira, concessionária que administra o trecho, avaliaram a saúde dela.
“Era uma operação muito difícil. Não podíamos correr o risco de uma pessoa largá-la na estrada e outra mal-intencionada capturá-la. É um trabalho silencioso, cirúrgico, para manter a integridade física de quem é mantido refém”, destacou Cruz.
A menina não foi agredida nem sofreu violência física enquanto esteve em posse dos criminosos. “Ela sofreu ameaça de morte e ficou com marcas das fitas-lacres utilizadas. Mas ela mostrou uma firmeza e uma serenidade impressionantes. Muito adulto não agiria assim”, completa.
Operação foi sucesso
Durante a tarde desta quarta-feira, dia 24, a Polícia conseguiu identificar um dos carros envolvidos no crime, um Renault Sandero. O veículo foi localizado em uma casa no bairro Brasília e um homem que, segundo a Polícia Civil, teve envolvimento direto no sequestro.
“Temos uma pessoa presa e uma investigação muito bem encaminhada. A operação teve sucesso porque a refém foi resgatada e entregue à família”, destacou o delegado Yuri Miqueluzzi.
Três veículos usados pelos criminosos já foram aprendidos até o momento, sendo um Renault Sandero que estava na casa do suspeito preso, um Volkswagen Jetta, que foi incendiado, e uma caminhonete Honda HR-V, encontrada abandonada em uma área de mata às margens do Anel de Contorno Viário, em Içara.
Acompanhe abaixo a coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira, dia 24, com a Polícia Civil e Militar sobre o caso:
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