Homem também chora
Demonstrar emoções e falar sobre as próprias vulnerabilidades não é sinal de fraqueza
Homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres. O que explica essa estatística no Brasil é um conjunto de fatores que inclui desde violência e acidentes de trânsito até doenças cardiovasculares e infartos. Mas o que ainda se leva pouco em consideração e que precisa ser modificado é um dado cultural: homens cuidam menos da própria saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 70% da população masculina só procura ajuda médica por influência de familiares, principalmente de companheira e filhos. Buscar atendimento por iniciativa própria é bem menos comum.
Se eles já têm mais resistência para cuidar da saúde física, quando a questão envolve saúde mental tudo fica pior. “Homem não chora”, aprendemos desde cedo. Culturalmente, fomos ensinados que homem precisa ser forte e que chorar é sinal de fraqueza. A expressão de emoções e sentimentos sempre foi associada à figura feminina. Veja que existe até mesmo uma dimensão machista na questão.
O fato é que todos os humanos têm vulnerabilidades, independentemente de gênero. Buscar auxílio psicológico ou psiquiátrico quando necessário, ao contrário do que possa parecer, é uma demonstração de força, muito mais do que sustentar um sofrimento silencioso por causa do que os outros possam pensar. Olhar para si mesmo, para as próprias dificuldades, para os próprios fracassos, e buscar superação é um ato de coragem. Só os fortes encaram esse desafio. Pense nisso!
Dia da Saúde
Aproveito para fazer um convite. Neste sábado, dia 05 de novembro, o movimento Psicologia na Rua estará no pátio do Estádio Heriberto Hülse, em Criciúma, para mais uma ação de conscientização. A partir das 13h30, o grupo de psicólogos voluntários vai receber torcedores que forem assistir ao confronto entre Criciúma e Tombense para tirar dúvidas e prestar orientações sobre saúde mental do homem.
A iniciativa alusiva ao Novembro Azul é promovida pelo próprio clube do Criciúma e conta, também, com outras entidades parceiras, como Unesc, Laboratório Pasteur e Saúde São José. Quem passar pelo local, além de conversar sobre saúde mental do homem, poderá receber orientações sobre saúde bucal, nutrição e cuidados posturais. Haverá também realização de testes de glicemia, tipagem sanguínea e aferição de pressão.
Fábio Cadorin é psicólogo, jornalista, professor e doutor em Ciências da Linguagem. Nesta coluna quinzenal fala sobre saúde mental e impactos da cultura sobre o psiquismo.