Unesc inaugura espaço em homenagem à primeira professora negra a lecionar na institução
Agora, a imagem de Vani Anacleto, está imortalizada em uma vibrante obra de arte que decora uma das paredes do Bloco Administrativo
Professores, familiares, convidados especiais e acadêmicos participaram de mais um momento marcante na história da Unesc: a inauguração do espaço Sankofa Vani Anacleto, dedicado à primeira professora negra a lecionar na instituição.
Agora, a imagem de Vani Anacleto, que representa tanto para a Universidade, está imortalizada em uma vibrante obra de arte que decora uma das paredes do Bloco Administrativo da Unesc. Emocionada, Vani expressou sua gratidão pelo carinho recebido durante a cerimônia ocorrida na terça-feira, 23.
“Sou imensamente grata por isso. Aquilo que desejei, Deus colocou em meu caminho, e muitas pessoas fizeram parte dessa caminhada. Fiquei extremamente feliz e emocionada ao me ver refletida. Vi minha história se desenrolar diante dos meus olhos. É uma alegria e emoção indescritíveis”, comentou Vani.
O espaço Sankofa é um símbolo poderoso que lembra a importância de reconhecer a história afro-americana e afro-brasileira e representa a necessidade de olhar para o passado, aprender com os erros cometidos e ressignificar o presente, construindo um futuro mais inclusivo e igualitário.
“Este espaço representa o compromisso da nossa Universidade com a diversidade, representatividade e valorização da cultura negra. Vani é uma mulher negra que abriu caminho para tantas outras nesta Universidade, e sua imagem é um ato educativo e de resistência”, reforçou a reitora Luciane Bisognin Ceretta, pouco antes do ato de descerramento da placa.
“Por meio da homenagem, prestamos honras à trajetória e ao legado da professora Vani, uma mulher inspiradora que quebrou barreiras e deixou uma marca valiosa na Instituição. Seu pioneirismo e dedicação são exemplos para todos nós. Vani foi a primeira professora negra da Instituição, possui um sorriso incrível e uma história maravilhosa, que educou tantos, que foi mãe de dois por escolha e mãe de muitos outros por oportunidade e convivência”, completou Luciane.
A pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação, Inovação e Extensão da Unesc, Gisele Coelho Lopes, ressaltou que as histórias contadas hoje são resultado do trabalho conjunto de diferentes setores, incluindo pró-reitorias e diretorias, que examinam e representam as políticas da Instituição por meio de suas palavras, práticas e ações.
Gisele expressou gratidão pela contribuição da professora e elogiou o legado, afirmando que essa obra proporcionará memórias preciosas. “Quando plantamos boas sementes, colhemos frutos maravilhosos”, destacou.
A coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), Normélia Ondina Lalau de Farias, considerou o retrato da primeira professora negra da Universidade como uma inspiração para as próximas gerações de educadores e estudantes. Ela destacou que a homenagem é dedicada a uma mulher negra que abriu caminhos, e expressou o desejo de que a união e a representatividade simbolizadas pela parede sejam evidentes na Instituição.
Normélia enfatizou que a Universidade é um espaço onde sonhos podem ser realizados e agradeceu à reitoria por proporcionar essa oportunidade. “Se Vani superou as dificuldades do passado para estar presente, formar-se e tornar-se professora, outros também poderão ir além. Aqueles que entrarem pelo portão número um da Unesc não poderão deixar de se emocionar com essa homenagem”, ressaltou.
Conheça a história da homenageada
Vani Anacleto foi responsável por ministrar aulas no curso de Educação Física na Unesc pelo período de 20 anos. Foi a primeira professora negra da Fucri/Unesc. Nascida em Criciúma no ano de 1956, iniciou como acadêmica no curso de Educação Física, e concluiu a graduação em 1978.
Participou dos jogos universitários, na modalidade de basquetebol. Integrou a Seleção Catarinense Universitária, nos Jogos Universitários Brasileiros de 1977 e 1978 pela Fucri, hoje Unesc. Iniciou suas atividades docentes como professora da Fucri em 1978 e encerrou sua carreira como professora na Unesc, em 1998. Em sua carreira profissional, também exerceu o magistério estadual de Santa Catarina, e se aposentou em 2012.
Quem fez a obra
A artista responsável pelo retrato que homenageia a história e o legado da ex-professora é Monique Cavalcanti, também conhecida como Gugie Cavalcanti. Com sua técnica de grafite marcante, a profissional já reconhecida por obras em todo o país, transformou a parede em uma exibição de cores e expressões que capturam a força, a beleza e a importância da história de Vani, responsável por ministrar as aulas no curso de Educação Física pelo período de 20 anos na Unesc.
Por meio de cores vibrantes e traços expressivos, a artista retrata a figura de Vani com um olhar forte e determinado, simbolizando a força e a resistência da comunidade negra. Além disso, a obra também busca incentivar a reflexão sobre a importância da representatividade e da diversidade nos espaços públicos e acadêmicos.
A materialização da pintura exigiu um trabalho intenso e cuidadoso ao longo de três dias, e o resultado é um retrato cativante e inspirador. A obra contou ainda com a colaboração dos estudantes do curso de Artes Visuais Lara Pacheco, João Pedro de Carvalho de Bona, Hilda Karolini Maziero, Alex Cardoso dos Santos, Gabriela Selau Benetti, Bruna da Silva Ribeiro, Shara Jesus De Oliveira, Larissa Aparecida do Nascimento, Martina Gornicki e Cecilia de Oliveira David.
“Ao retratar uma figura histórica como a ex-professora, Gugie destaca a importância da preservação da memória e da história das pessoas negras e o papel que as artes visuais podem desempenhar na promoção da igualdade e da inclusão”, sublinhou a coordenadora do curso de Artes Visuais, Daniele Zacarão.
Legado
“No próximo ano, estaremos comemorando o 50º aniversário do curso. Gostaria de expressar minha profunda gratidão a Vani por ter me ensinado a buscar constantemente a melhoria em cada dia”. Coordenador do curso de Educação Física, Joni Márcio de Farias.
“É extremamente emocionante para nós poder representar e homenagear alguém em vida. Essa experiência é indescritível, pois temos a oportunidade de trilhar os mesmos caminhos que minha mãe percorreu. Ela é uma pessoa verdadeiramente incrível”. João Francisco Anacleto, filho da homenageada.
“Estou profundamente emocionado com esta bela homenagem. Reconheço o significado e a importância deste momento, e a minha admiração e respeito se estendem a todos os envolvidos nesse processo. Essa homenagem serve como uma luz para iluminar outras pessoas, inspirando-as e encorajando-as a seguir o exemplo e a ter coragem, a se empoderar e fazer o que você fez”. Professor e ex-reitor Gildo Volpato.