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Ao longo da história da psicologia, diversos estudos foram feitos com o objetivo de tentar compreender vários tipos de capacidades mentais e psiquiátricas. Um desses experimentos foi feito com uma Chimpanzé batizada de Gua, criada como um bebê humano. Com a esposa grávida, ele viu a oportunidade de colocar a sua teoria à prova.
Já que ninguém estava ansioso para oferecer bebês para testar sua teoria, Kellogg adotou uma chimpanzé de 7 meses de idade. Ele iria criá-la como uma “irmã” para seu filho de 10 meses de idade, Donald. Uma tese bizarra em qualquer época, mas especialmente na década de 1930, quando os chimpanzés raramente eram usados para pesquisas comportamentais.
Por nove meses, Kellogg, sua esposa e outros pesquisadores observaram meticulosamente os dois bebês, um experimento que hoje alarmaria cientistas, ativistas dos direitos dos animais e serviços de proteção à criança.
Os irmãos incomuns foram tratados com a rotina igual. Kellogg os registrou quase todos os dias até completar seu teste de desenvolvimento para que pudesse comparar o processo de aprendizagem dos dois.
A chimpanzé desenvolveu comportamentos humanos muito mais rápido do que seu “irmão”, sendo testando em tarefas como usar uma colher ou copo e responder a comandos simples. O bicho era menos independente do que Donald quando tinha alguma interação com a mãe ou pai, muitas vezes, se agarrando a Kellogg para pedir conforto e carinho.
Em 1927, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que os deficientes intelectuais poderiam ser esterilizados à força. O experimento do macaco e da criança se propôs a refutar essa teoria, mostrando que o ambiente era mais importante do que os genes, que a criação era a chave.
Embora os Kelloggs afirmassem que tratavam Donald e Gua da mesma forma, a criação dos filhos nem sempre foi amorosa.
Eles bateram nas cabeças de Donald e Gua com colheres para ouvir a diferença no som de seus crânios; faziam barulho para ver quem reagiria mais rápido; eles tentaram convencer Gua a não comer bolhas de sabão empurrando uma barra de sabão em sua boca; e eles giraram Donald em uma cadeira alta até que ele começou a chorar, tudo em nome da ciência.
Hoje, o experimento nunca seria aprovado no conselho de ética.
Kellogg elogiou o quanto Gua aprendeu e quantas qualidades humanas ela parecia desenvolver ao longo dos nove meses: ela caminhava ereta, usava um garfo e tinha expressões faciais humanas. Mas a tentativa de Kellogg de incutir o poder da fala no grunhido Gua foi um fracasso.
Mas Kellogg tinha outras preocupações que encerraram o experimento: saber que Donald estava se tornando mais chimpanzé do que Gua estava se tornando humano.
Gua e Donald lutaram de uma forma que mais parecia uma brincadeira de chimpanzé do que como os bebês interagem. Gua ensinou Donald a espionar as pessoas sob as portas. Donald começou a morder pessoas. Donald rastejou como Gua mesmo depois que ele podia andar, e começou a grunhir e latir como sua “irmã” quando ele queria comida.
Gua ficou sob cuidados de um centro de primatas, o zoológico de Orange Park, na Flórida, mas infelizmente faleceu menos de um ano depois de deixar sua família adotiva, depois de um caso grave de pneumonia. Já o filho do pesquisador, Donald, só conseguiu começar a falar suas primeiras palavras aos 19 meses de vida, atingiu a idade adulta, tornou-se médico e se matou aos 42 anos. No entanto, seu impacto sobre o estudo do meio ambiente e desenvolvimento hereditário continua a ser um degrau essencial para o progresso da teoria biológica e psicológica. Kellogg e sua esposa escreveram um livro, The Ape and The Child, que narra a sua experiência única e inovadora.
“Qual seria a natureza do indivíduo resultante que amadureceu … sem roupas, sem linguagem humana e sem associação com outros de sua espécie?” ele perguntou em seu livro de 1933, The Ape and the Child.