Saiba como estão as investigações sobre rompimento de ponte pênsil que vitimou jovem

A Polícia Civil investiga o caso do rompimento de ponte pênsil, sobre o Rio Mampituba, entre os municípios de Passo de Torres (SC) e Torres (RS), como homicídio culposo além de lesões corporais culposas. O acidente ocorreu na madrugada da última segunda-feira, dia 20, e vitimou Brian Grandi, de 20 anos. A vítima estava desaparecida desde o dia do ocorrido e o corpo foi encontrado nessa quinta-feira, dia 23.

Outras 50 pessoas, aproximadamente, estariam em cima da ponte no momento da queda, mas conseguiram sair a nado do local. Eles retornavam de uma festa de Carnaval que estava acontecendo em Passo de Torres (SC). 

“Classifico como sorte, para não dizer um milagre. Nós tínhamos duas embarcações, que realizam passeios turísticos, atracadas no local e haviam diversos coletes salva-vidas e boias nas embarcações. As pessoas que estavam no local tiveram o discernimento de entrar nas embarcações e jogar os objetos flutuantes para o pessoal que estava dentro do rio. Se não fosse isso, provavelmente teríamos um número de vítimas muito maior e poderíamos ter outras vítimas, caso tentassem entrar no rio para salvar as pessoas”, explicou o comandante do 4º Batalhão de Bombeiro Militar, Capitão Rafael De Faveri, em entrevista ao programa Em Dia com a Cidade, com Denis Luciano, na Rádio Cidade em Dia.

Após o ocorrido, a Polícia Civil iniciou os trabalhos de investigação, para apurar as causas do acidente. Segundo o delegado de Polícia Civil de Araranguá, Maurício Pretto, também em entrevista a Rádio Cidade em Dia, a perícia aponta que os cabos de sustentação da ponte estavam em estado avançado de deterioração. 

“Pelo que se percebeu na perícia in loco e na análise visual da ponte, ela possui uma série de irregularidades e falta de manutenção. O sistema de ancoragem da ponte é diferente entre os lados. O lado catarinense tem um tipo de ancoragem onde os cabos de aço que sustentam as madeiras, passam nas estrutura de concreto que faz o alicerce da ponte. Do lado gaúcho é uma amarração com grampos sob o alicerce. Se percebe que o índice de corrosão está muito alto, um desgaste que se via que não ia aguentar muito tempo. Esse tipo de grampeamento não é recomendado”, explicou o delegado, ressaltando que o rompimento ocorreu no lado gaúcho da ponte.

Na entrada da estrutura tem uma placa indicando que a capacidade máxima no local é de 20 pessoas. Uma filmagem mostra o exato momento da queda onde é possível ver jovens pulando no momento da travessia, antes do rompimento do cabo. Fatores que, em conjunto com o estado de conservação da ponte, podem ter contribuído para o acidente. 

“Se analisar friamente, você percebe que não tem uma avaliação de um engenheiro. Até a capacidade de 20 pessoas, quem atestou que a ponte suporta 20 pessoas? Quem deu um laudo técnico? Tudo isso foi muito amador, muito precário, temos que analisar bem essa questão para não acontecer mais como aconteceu na segunda-feira”, relatou o delegado.

A investigação está sendo realizada pela Polícia Civil gaúcha e catarinense. “Estamos em fase inicial de inquérito policial, vamos buscar apurar todos os fatos, ouvir pessoas que estavam na passarela, que estavam próximas e viram o rompimento do cabo”, frisou Pretto.

Ponte havia caído no dia da inauguração

A ponte pênsil já havia caído uma outra vez, há quase 40 anos. Em dezembro de 1984, a estrutura cedeu durante um evento de inauguração do local.

Na ocasião, dezenas de pessoas também caíram no Rio Mampituba depois da ponte despencar. No momento da queda, um padre fazia a benção do local. Na época, ninguém ficou gravemente ferido, nem houve mortes.

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