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Rasputin: A polêmica vida íntima do “Monge louco da Rússia”

Com alto poder de persuasão, o guru convencia centenas de fiéis a se purificarem por métodos sexuais, e atuou ativamente na política durante o fim do czarismo do país

Hoje eu diria que é a história que mais se encaixa com o nome dessa coluna, por isso eu não preciso dizer que além de muita curiosidade, temos uma história em tanto neste texto. Pra você ter um gostinho do que vou lhe contar hoje, presta atenção nesses tópico: Rasputin era um religioso russo autoproclamado santo, sim, ele mesmo se declarou santo. Ele tinha uma teoria de que, quanto mais você pecava, mais Deus iria te perdoar e, portanto, mais perto você estaria da salvação. Então, teria que pecar muito. Há questões bastante polêmicas em sua vida, como o fato de ele dizer às mulheres que as libertaria de seus pecados caso dormissem com ele. Ah, mais um spolier dessa história um tanto quanto curiosa, o membro dele está exposto em um museu. Agora chega, vamos aos detalhes dessa história.

Rasputin veio ao mundo em 22 de janeiro de 1869, batizado como Grigori Efimovich Novykh. Era filho de comerciantes da cidade siberiana de Pokrovskoye, onde morou até sua juventude. A Sibéria, um dos lugares mais remotos da Terra, ainda tinha muitas tradições do misticismo pagão. Não se sabe muito sobre os pais de Rasputin, acredita-se que eles tiveram outros sete filhos. Há especulações de que foram nove e que Rasputin esteve próximo dos irmãos durante boa parte de sua vida. Ele não tinha educação formal e era analfabeto até a idade adulta.

Quando criança, assustava seus pais e vizinhos com suas habilidades “divinas”. Demonstrava habilidades especiais logo na infância, seus pais diziam que as vacas davam mais leite quando o garoto estava perto, e que, certa vez, ele sabia onde estava um cavalo da família que havia sido roubado. Afirma-se que ele era capaz de curar animais através do toque de suas mãos, e chamava atenção no vilarejo por se autodeclarar possuidor de poderes de cura e hipnóticos. Apesar de começar a pregar a palavra de Deus desde os 11 anos, o jovem ficou conhecido por sua queda por sexo e álcool.

Rasputin rodeado por mulheres da alta classe russa / Crédito: Wikimedia Commons

Aos 18 anos, ele foi a um monastério e conheceu a seita de flagelantes Khlysty, que pregava a prática dos piores pecados para salvar a alma, sua experiência possibilitou que ele “descobrisse” que poderia purificar e retirar os pecados do corpo de mulheres pela graça de Deus e através do sexo. Para os seguidores da seita, só quem havia pecado ao máximo conseguiria a redenção máxima.

Grigori passou a defender que ceder à tentação era uma forma de humilhação diante de Deus e, portanto, o caminho para a salvação. Passou a ser conhecido como Rasputin — que significa depravado em russo. Sua ida ao mosteiro, em Verkhoture, nos Montes Urais, era com a intenção de se tornar monge; porém não prosseguiu até o final dos estudos. Mesmo casando mais tarde, ainda assim, ganhou reputação de santo pelos camponeses.

Apesar de sua péssima higiene íntima, ele tinha várias seguidoras que acreditavam em suas palavras de sedução. Ele começou a ficar conhecido por suas bebedeiras e orgias que realizava, assim como pelos “milagres” que ele fazia.

Peregrinou nos Atos, na Grécia, e ressurgiu novamente com a fama de poder curar doenças. No entanto, acusado de herege, tornou-se um andarilho / Crédito: Wikimedia Commons

Mesmo realizando peregrinações de seis meses sem trocar sua cueca, ou por cheirar “como um bode” (de acordo com o relato de um homem da época), muitas seguidoras ouviam atentas a seus ensinamentos e palavras, e, claro, passavam pelas purificações.

De volta à cidade natal, ele casou-se com Proskovia Fyodorovna, com quem teve duas filhas e um filho. Apelidadas com nomes pouco ortodoxos, as seguidoras com quem tinha relações eram toleradas por sua esposa, Praskovia, que tinha casado quando tinha 21 anos e ele 19, ela ficou com o guru até sua morte. A justificativa de Praskovia? “Ele tem o suficiente para todas”, disse certa vez sua mulher, atribuindo aos 28cm, tamanho de seu pênis. E não faltaram fontes para atestar isso.

Mas suas aspirações não cabiam em uma aldeia tão remota. Rasputin decidiu então peregrinar pela Grécia e por Jerusalém, desenvolvendo suas próprias doutrinas. Em 1903, ao retornar à Rússia e se estabelecer em São Petersburgo, ele já era considerado um staretz — homem santo, adivinho e curandeiro.

Rasputin fez amizades com muitos membros da elite da aristocracia / Crédito: Wikimedia Commons

Enquanto estava em São Petersburgo, Rasputin fez amizades com muitos membros da elite da aristocracia e cidadãos, que o consideravam um homem sábio e santo. Essas figuras incluíam o inspetor do seminário, que seria o confessor da família real, e as “princesas negras”, que eram casadas com os primos do czar Nicolau, os grão-duques russos, e elas seriam fundamentais para a introdução de Rasputin à família real. Ele construiu uma forte imagem entre os funcionários da igreja czarista. Graças a suas boas relações com a Igreja, conseguiu se aproximar da elite do Império.

Foi em 1906, quando Rasputin se tornou o curandeiro e profeta oficial do Czar do rei da Rússia. A Primeira Guerra Mundial, travada entre 1914 e 1918, mostrou à Europa que não havia nada de nobre em conflitos militares. Enquanto milhões de corpos jaziam empilhados nas trincheiras, o Império Russo estava na rabeira, defasado em treinamento e tecnologia. Em setembro de 1915, o czar Nicolau Romanov II tomou uma decisão dramática: substituir o grão-duque Nicolau Nikolaievich, seu primo, no comando do Exército russo.

Czarina Alexandra / Crédito: Wikimedia Commons

Estrategicamente, era uma péssima idéia. Nicolau II não tinha a mínima competência para guiar tropas em batalha. O que seria capaz de convencê-lo, então, a abandonar a capital São Petersburgo e ir para o front no oeste? Simples: a insistência de sua esposa, Alexandra.

Por trás dos palpites da czarina estava uma profecia do seu conselheiro particular, o lendário Rasputin. Após o início da guerra, ele havia previsto que, caso Nicolau II não assumisse pessoalmente o controle das forças russas, o Império seria derrotado. Alexandra tinha grande poder sobre Nicolau e, como Rasputin tinha influência sobre ela, a manipulação das decisões era bastante fácil. Para o ardiloso profeta, entretanto, pouco importava o sucesso militar da Rússia, pra ele valia suas ambições particulares.

Seu estilo de vida sexualmente ativo só aumentou quando ficou próximo dos czares, e fofocas começaram a surgir, dizendo que uma das pessoas que ele teria “removido os pecados” seria a própria Imperatriz czarina Alexandra. Porém, o rumor era completamente infundado, já que ela era apaixonada pelo marido. O próprio bruxo alimentava a fama, proclamando suas supostas conquistas durante banquetes regados a vodca. Apesar disso, em certo jantar, sugeriu — já bêbado, como de costume — que ele tinha tido um caso amoroso com a líder do país. A imprensa cobriu todo o acontecimento, que chegou a ser discutido, inclusive, no Poder Legislativo.

A história chegou até os ouvidos de Alexandra, que preferiu não acreditar que o seu protegido estava com ações deploráveis em público, do que assumir na verdade, que Rasputin era um beberrão de comportamento completamente reprovável. A submissão da czarina às ideias de Rasputin tinha um motivo claro.

Alexei Romanov, salvo por Rasputin / Crédito: Wikimedia Commons

O que muitos não sabiam era que o único herdeiro ao trono da Rússia, o menino Alexei, tinha a chamada doença real — nome dado à hemofilia, e que até hoje ninguém sabe explicar como, mas o Rasputin ajudava a doença gravíssima da criança. Para você ter uma ideia, o funeral do garoto já estava encomendado e, o Rasputin salvou a vida do menino dezenas de vezes. Rasputin foi ficando cada vez mais poderoso, mais próximo da família e mais polêmico, despertando o ódio da sociedade.

Apesar de seu sucesso como curandeiro, o analfabeto e fedorento místico era visto como péssima influência na corte. Era odiado por seus hábitos extravagantes, temido por sua suposta para-normalidade e detestado por ter origem pobre. Além dos boatos que circulavam em que Rasputin estava frequentando a cama de Alexandra, as más-línguas passaram a proferir que ele praticava jogos sexuais com as filhas dela.

Não demorou para que a polícia secreta russa fizesse chegar aos ouvidos de Nicolau II informações sobre tais fanfarronices. Advertido, Rasputin negou os fatos, atribuindo-os à inveja da sociedade. Não adiantou. Nem mesmo um pedido pessoal de Alexandra ao czar evitou que Rasputin fosse enviado de volta para Pokrovskoye. Mas ele voltaria.

Durante a temporada de caça de 1912, os Romanov foram passar férias em Spala, na Polônia, onde Alexei teve outra crise aguda de sua doença. Depois que os médicos da corte desenganaram a criança, Nicolau II chegou a encomendar um funeral. Alexandra, em desespero, enviou um telegrama para Rasputin, que prontamente respondeu: “Não se preocupe. O pequenino não morrerá. Não deixe que os médicos o aborreçam”. Dias depois, Alexei estava recuperado. Rasputin retomou assim seu lugar na corte. 

Em 1914, uma mulher esfaqueou Rasputin no estômago nas ruas da cidade de Pokrovskoye. Rasputin quase morreu por causa dos ferimentos / Crédito: Wikimedia Commons

Na ausência de Nicolau II, a czarina assumiu o trono e colocou-se na posição de refém de Rasputin, que passou a nomear até ministros de Estado. Com a presença dos oportunistas indicados pelo conselheiro, o Império Russo caiu no caos e a corrupção se alastrou. Enquanto isso, na frente de batalha, Nicolau II despejava seus soldados para a morte certa.

A crise fez crescer a insatisfação com a monarquia e com os desmandos de Rasputin. E ele não tinha opositores apenas dentro da Rússia. Para Inglaterra e França, ter os russos como aliados na guerra era crucial para dividir as forças encabeçadas pela Alemanha em duas frentes. Ver o patético czar no front enquanto Rasputin implodia o Estado não interessava nem a ingleses nem a franceses. Com tantos inimigos, o conselheiro real vivia com a cabeça a prêmio.

Certa vez, em um monastério, as freiras reclamaram da postura excêntrica de Rasputin, que promovia orgias e banhos coletivos com as noviças, enfurecendo a comunidade religiosa de São Petersburgo. Clérigos começaram a ameaçar a vida do místico, muitos devotos queiram, inclusive, castrá-lo para acabar com as supostas purificações.

A participação política do líder espiritual não irritava somente pela sua libido, mas também por aliados dos czares acreditarem que ele estava se aproveitando da família para enriquecer, sendo um charlatão. Seu assassinato chegou a ser planejado algumas vezes, sem sucesso, aumentando a lista de seus feitos “milagrosos”.

Após a tentativa de assassinato, a polícia secreta do czar, a Okhrana, foi encarregada de vigiar Rasputin 24 horas por dia / Crédito: Wikimedia Commons

Foi só na madrugada de 17 de dezembro de 1916 que um grupo de conspiradores conseguiu, a duras penas, dar cabo do bruxo, o que tornou ele ainda mais lendário. Em uma noite, alguns nobres russos convidaram Rasputin para um jantar, mas tanto a comida, quanto a bebida dele estava envenenada. Rasputin bebeu e comeu, mas ao invés de morrer, ele simplesmente vomitou tudo e, continuou comendo como se nada tivesse acontecido. Como o veneno não surtiu efeitos, os assassinos arquitetaram e executaram a sua morte com uma arma e deram vários tiros em Rasputin.

Os conspiradores não foram presos pela morte do místico / Crédito: Wikimedia Commons

Mas pasmem, Rasputin quase fugiu, baleado e envenenado. Quase, pois logo em seguida ele foi capturado, ainda com vida, cortaram seu órgão sexual, o amarraram por inteiro, colocaram dentro de um barril e jogaram no mar da Rússia. Tenham em vista, que sendo no inverno russo, o mar estava todo congelado.

Tudo isso pra no final das contas, o laudo médico atestar que a morte de Rasputin foi por afogamento. Nem pelos tiros, nem pelo veneno e nem pelo frio. Afogamento. Os conspiradores não foram presos pela morte do místico. Eles foram exilados por seu envolvimento no assassinato sem nenhuma outra consequência.

Pênis de Rasputin / Crédito: Wikimedia Commons

Boatos afirmavam que seu pênis tinha 28,5 centímetros de comprimento e era “capaz de fazer as mulheres desmaiarem”. Dizem que suas genitais foram encontradas por uma empregada doméstica e, logo depois, levadas para Paris, para serem adoradas como um objeto de fertilidade.

Os rumores ganharam força após seu suposto órgão genital ser exposto decepado em museu, e essa descrição foi dada por Igor Knyazkin, adquirido por 8 mil dólares na França, e que teria guardado o pênis do bruxo no Museu de Sexo e Erotismo em São Petersburgo, todavia, não encontra-se pesquisas que confirmam que, de fato, se trata do órgão de Rasputin, análises determinaram que o item era apenas um pepino-do-mar desidratado. O relatório da autópsia, afirma que os genitais de Rasputin estavam intactos.

Ainda assim, alguns falam que até hoje, o Museu Erótico da Rússia mantém o material volumoso em exibição, curiosamente ao lado de vídeos pornográficos protagonizados pelo ex-conselheiro russo. A história parece se tratar de mais uma lenda, mas neste museu de sua cidade natal, Pokrovskoye, é dito que qualquer homem tem sua impotência curada simplesmente sentando em sua cadeira de madeira.

Família de Nicolau II (último czar dos Romanov), um grupo muito influenciado por Rasputin / Crédito: Wikimedia Commons

A Casa Romanov reinou no Império Russo entre 1613 e 1762, ou seja, por oito gerações. Mesmo depois desse período, e já com outra casa governante, a Casa de Oldenburgo ainda era chamada de Romanov, pois decidiu manter o nome.

Naquela época, a Rússia passava por um período de extrema instabilidade. Com a morte do grande estadista Alexandre III, o poder caiu nas mãos do infantilizado Nicolau II, que claramente não tinha visão para reger os complexos trâmites do Império. Para desgosto dos pais, ele havia escolhido casar-se com Alexandra, de ascendência germânica e bisneta da rainha Vitória da Grã-Bretanha. Isolado do resto da corte, o casal se empenhou em produzir um herdeiro.

Quinto filho do casal real (depois de quatro meninas), Alexei nasceu em 1904. Sua doença hemorrágica mobilizava médicos, místicos e religiosos dentro e fora da Rússia. Percebendo a oportunidade, Rasputin moderou sua vida de libertino e esperou um convite para ir ao palácio real. Ao supostamente curar Alexei Romanov, Rasputin obteve a confiança extrema do czar e da czarina dessa família, o que lhe garantiu poderes de interferir no governo, como vimos.

Rasputin profetizou em uma carta para a czarina que ele seria assassinado. Nesta profecia, ele afirmou que, se sua morte seria causada pelas mãos da nobreza, não apenas a família real cairia, mas haveria um grande derramamento de sangue por todo o país. Sete meses depois de sua morte, a revolução bolchevique começou e, um ano depois, toda a família do czar Nicolau foi assassinada.

Com a Revolução Russa, o último czar dessa linhagem, Nicolau II, foi assassinado com sua esposa e filhos no porão de casa em julho de 1918. Durante algum tempo, perdurou um boato de que uma de suas filhas havia sobrevivido, mas, mais tarde, comprovou-se que foi assassinada com os demais familiares.

Grigori Rasputin / Crédito: Wikimedia Commons

Rasputin foi morto, mas sua fama como poderoso curandeiro e profeta dura até hoje, aliás, sua potência sexual ainda é mística e sua figura muito controversa.

Ele foi chamado de “monge louco” devido a suas influências nos assuntos do Estado e da Igreja e suas atitudes. Seus olhos penetrantes, olhar assustador, cabelos oleosos e barba espessa só aumentam o místicismo que o rodeia. Como depravado, alcunha que lhe foi dada principalmente pelos seus inimigos e opositores, ganhando fama internacional e, assim, ficou conhecido como o “monge louco da Rússia”. Seus desafetos faziam questão de propagar esse e outros fatos da vida dele.

Ao longo da vida, Rasputin acumulou uma série de polêmicas e mitos, mas algumas acusações contra Rasputin, seguem sendo contadas até os dias de hoje, mas sem qualquer tipo de comprovação.

Ele foi até colocado como vilão na Disney, no filme da Anastasia, sendo que na real ele era próximo dela. Mas isso eu conto em outra coluna. Espero que tenha gostado de conhecer essa história tão “louca” e bizarra tanto quando eu. Agradeço imensamente pela leitura até aqui, e semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais:

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