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Qual a origem da expressão “Jurar de pés juntos”?

Amarrar pés dos hereges era tortura comum na Inquisição

Afinal, qual a relação existente entre o fato de dizer a verdade e ficar com os pés juntos? Seria isso algum tipo de superstição antiga? Ou esse termo faria referência a uma posição que pode ser entendida como sinal de respeito e verdade? Nem uma coisa, nem outra!

A expressão “jurar de pés juntos” é empregada como uma forma de indicar a veracidade nas palavras de alguém, e para saber de onde vem esse tipo de juramento, devemos nos reportar aos tempos medievais, mais especificamente no período da Inquisição, pois sua história nos leva à época da Idade Média e dos movimentos da Igreja Católica na tentativa de punir os crimes contra fé.

Afinal de contas, o aparecimento de outras compreensões de fé poderia abrir caminho para a fundação de novas religiões ou de outros movimentos que abalariam a imagem da Igreja como detentora do saber religioso. Foi daí que, no século XIII, foi criado o Tribunal do Santo Ofício, fundado para punir os crimes contra a fé católica.


Quando acusada de um crime religioso, a pessoa investigada passava pela prisão e tinha a sua casa toda revistada. Nesse tempo de reclusão, os membros da Igreja abriam espaço para que o investigado realizasse a confissão de seus mais graves pecados. Caso isso não acontecesse, os clérigos utilizavam de métodos de tortura que deveriam forçar o pobre cristão a admitir suas falhas.

Começou na França, ainda no século XII, para combater seitas religiosas e estendeu-se mais tarde por outros países da Europa. Em Portugal, surgiu em 1536 e só acabou oficialmente em 1821, tendo sido usada principalmente para converter ao cristianismo, através da força e do terror, judeus e muçulmanos. D. João III – que reinou entre 1521 e 1557 – alargou a autoridade dos tribunais para outras áreas como adivinhação ou feitiçaria.

O termo “jurar de pés juntos” acabou surgindo na Península Ibérica como uma analogia ao método de tortura usado pelos religiosos. Desgraçados dos que caíam nas más graças da Inquisição, podiam suplicar que ninguém tinha piedade deles. Quando acusados de heresias, passavam por vários tipos de tortura, entre os quais, ter os pés e as mãos amarrados – ou mesmo pregados em postes de madeira. Em algumas situações, eram suspensos no teto pelos pés, ficando pendurados de cabeça para baixo, o que só aumentava o seu desconforto, e assim permaneciam até confessarem os seus supostos pecados. O objetivo era arrancar confissões de qualquer categoria, e por vezes, na posição em que estavam, os suspeitos prometiam rapidamente, claro, dizer nada além da verdade, e logo, não suportando as dores daquele tipo de agressão, acabavam confessando qualquer tipo de crime religioso.

Eles literalmente acabavam “jurando de pés juntos” a prática dos delitos que os levaram àquele tormento. Foi daí que surgiu a expressão “jurar de pés juntos”, assim como outro termo da cultura popular que veio das torturas da Inquisição, é a expressão “pôr as mãos no fogo” que já contei por aqui a sua origem.

Com o passar do tempo, a tortura inquisitória acabou se transformando em expressão popular na Península Ibérica, coincidentemente, uma das regiões mais atingidas pela Inquisição Católica. Em terras portuguesas, é comum falar “jurar a pés juntos”, os portugueses também empregam o seu antônimo dizendo “negar de pés juntos”. Já entre os vizinhos espanhóis presenciamos a variação “crer com os pés juntos”, que significa acreditar incondicionalmente em algo.

Espero que tenha gostado, muito obrigada pela leitura até aqui, e semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais:
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