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Pretinha, relato de um abandono

Pretinha agora tem um nome. Nome que lhe foi atribuído no momento da consulta veterinária, muito provavelmente sua primeira, onde chegou extremamente abatida e vertendo lágrimas, talvez por gratidão, por dor, quem sabe, pelos dois motivos. Mesmo fraca, ela acenou com um abano de rabo quando me viu chegando para resgatá-la. Ainda que assustada e vulnerável, entre agulhas para aplicação de soro e cortes para realização de exames, ela se mostrou confiante na profissional que a atendia, na nova tutora que acabara de ganhar, e em mim. Mesmo debilitada, olhava atenta a todos os movimentos na sala, afetuosa e entregue. Dedico a coluna de hoje a contar a história da Pretinha, não com o objetivo de gerar pura e simples revolta, que isso pouco ou nada adianta, mas de sensibilizar a todos que respeitam os animais (e somos a grande maioria) a agirem de imediato ao presenciarem casos de abandono e maus tratos, acolhendo a vítima e denunciando os responsáveis.

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Deixada para trás

Meu primeiro contato com a Pretinha foi pelo Facebook, dia 10 de fevereiro. Na postagem, uma vizinha pedia solução ao caso. A cachorra havia sido deixada para trás na mudança da família da casa em frente. Dormiu dentro do pátio onde viveu com o casal e uma filha pequena por cerca de um ano e amanheceu trancafiada ao lado de fora do portão. Simples assim! A foto mostrava uma cachorra acuada, literalmente com o rabo entre as pernas, na linguagem corporal daquela espécie. Tinha carrapatos pelo corpo, começo de sarna e “mau cheiro”, segundo a “denunciante”. Comovida, fui ao local na tentativa de buscar lar temporário junto à própria comunidade e colher dados para a denúncia por abandono, crime de maus tratos. Fui recebida pela autora do post na porta de sua casa, longe de onde eu estava, apontando para debaixo de um carro e dizendo “está lá”. Expliquei que não era bem assim: precisávamos encontrar uma solução local ao caso. Os lares de protetores estão cheios! Alegando pressa, ela resignou-se a se dirigir ao portão para fornecer mais dados. Outra vizinha bem mais solícita disponibilizou o nome para testemunhar, forneceu o telefone dos proprietários da casa e indicou uma moradora de outra quadra que tratava a cachorrinha. Disse que o abandono ocorreu em começo de dezembro e que nos primeiros dias a cachorrinha não parava de chorar em frente ao antigo lar. Relatou ainda que Pretinha emagreceu visivelmente.

 

Enfim, o acolhimento

O novo lar veio junto com o diagnóstico de linfoma

Débora é o nome da moradora indicada pela vizinhança como a mais interessada no caso da Pretinha e que prontamente comprometeu-se a ampliar os cuidados. Ela já disponibilizava à cachorrinha ração e água. No dia seguinte, ministrou remédio contra sarna e carrapato, comprou uma casinha para abrigá-la, mesmo que na rua, e chegou a acolher Pretinha duas noites na própria casa, mas, quando abria o portão, a cachorrinha sempre voltava para frente do local do abandono. A ideia era seguir com o monitoramento até encontrarmos adoção responsável. No último sábado, Pretinha demonstrou apatia, domingo a prostração aumentou e na segunda-feira fim de tarde a levamos para consultar. Saiu com coleira, prescrição do tratamento emergencial, e, o principal, direto para um novo e amoroso lar. Na casa da Débora, tem agora comida, água e caminha a tempo e a hora. Só que tem comido pouco. Está também sem forças para insistir em retornar para frente da casa onde julgava-se segura junto aos antigos tutores. O diagnóstico foi confirmado na terça-feira: linfoma. O prognóstico é delicado, assim como o estado geral de saúde da Pretinha, que, em função da doença, desenvolveu anemia. Mas ela está lutando. Ontem, começou a reagir, e nossa esperança é que com a dedicação e o tratamento adequados ela recupere as forças para, enfim, desfrutar dias felizes.

 

A doença

Prostração e falta de apetite são sintomas de inúmeras doenças caninas e o emagrecimento nos últimos meses, relatado por vizinhos, poderia ser por pura tristeza e até mesmo fome. Foi apalpando Pretinha que a médica veterinária Fabiana Vergani percebeu os gânglios aumentados e suspeitou de linfoma, câncer que atinge o sistema linfático. A comprovação se deu através de exames de sangue e avaliação citológica de material colhido nos gânglios. O próximo passo será a realização de ultrassonografia para investigar se outros órgãos foram atingidos, pois é comum que o linfoma se espalhe, o que ocorre mais rapidamente quando o diagnóstico é tardio. O tratamento mais indicado é a quimioterapia, que costuma ter sucesso na remissão parcial da doença, reduzindo sintomas e oferecendo uma sobrevida com qualidade ao animal. A tendência, porém, é a doença voltar a progredir em algum momento. O importante é que, enquanto viver, a partir de agora, Pretinha irá receber todo amor que merece.

 

Eles precisam de nossa voz

Pretinha não é a única vítima do descaso humano, mas apenas mais uma entre tantos cães e gatos que sofrem em um silêncio gritante pelas ruas e mesmo dentro de seus “lares”. Nossa voz é a deles, e precisamos levantá-la em coro para buscar justiça! Só assim mudaremos a cultura de maus-tratos e abandono. Só assim daremos a chance de uma vida digna a tantas outras “pretinhas”, “branquinhas”, “caramelos”, “malhadas”, “brasinas” que definham vítimas da maldade humana. A denúncia de abandono da Pretinha ainda não foi formalizada, pois, infelizmente, a proprietária da casa informou não saber sequer o sobrenome dos antigos inquilinos que, segundo ela, mudaram-se para o Norte. Entretanto, é vasta a prova testemunhal sobre o crime e encontraremos a qualificação dos responsáveis. Muito difícil pessoas que tinham domicílio e emprego na cidade saírem sem deixar rastro. Justiça para a Pretinha! E também gratidão, por sua história poder servir à conscientização sobre a necessidade de todos agirem, amparando as vítimas e denunciando quem pratica maus-tratos. Não é difícil e pode ser transformador.

Faça sua parte!

Como denunciar: https://portallitoralsul.com.br/justica-para-maus-tratos/

Como acolher: https://portallitoralsul.com.br/somos-todos-protetores/

 

CarnaPet no Nações Shopping

No domingo, dia 27, os cãezinhos terão um local especial no Nações Shopping para fazer muita bagunça e curtir a folia ao lado dos tutores. O CarnaPet é gratuito e contará com atrações para toda a família, inclusive a humana. O evento começa às 16 horas, no Espaço Estrepolia. Além de músicas divertidas, haverá concurso de melhor fantasia, com premiações para os três melhores trajes carnavalescos. O bloquinho dos pets é uma parceria entre o shopping e a loja Cobasi.

 

Castração a preço social em Nova Veneza

A Fundação do Meio Ambiente de Nova Veneza (Fundave) e as Ongs SOS Bicho Urbano e Mapa abriram inscrições quarta-feira, dia 23, para o 13º Mutirão de Castração de cães e gatos no município, a preço social. As inscrições seguem até 25 de março ou o preenchimento das 40 vagas oferecidas. As reservas devem ser feitas de forma presencial na sede da Fundave. “Precisamos que as pessoas passem na Fundação para realizar a reserva, pois é necessário preencher um formulário e também realizar o pagamento para garantir o procedimento”, afirma o presidente da Fundave, Juliano Dal Molin. A parceria entre poder público e Ongs já atendeu 700 animais em Nova Veneza. “Dar continuidade neste trabalho é fundamental para, cada vez mais, as pessoas terem consciência sobre a importância da castração para evitar abandonos e garantir uma melhor qualidade de saúde para os animais”, comenta Molin. Os valores vão de R$130,00 (gatos machos) a R$ 250,00 (cães de raça de porte grande a gigante). Cães sem raça definida com até 25 quilos “pagam” R$ 150,00. Os valores incluem cirurgia, medicação pós-operatório para cinco dias (antibiótico e anti-inflamatório) e roupa cirúrgica. Mais informações pelo telefone (48) 3436-5273.

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