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Operação Internamento Involuntário: política municipal com atitude prática

Muitos catarinenses desconhecem o trabalho que vem sendo desenvolvido em Chapecó, com o simples objetivo de salvar vidas e famílias, com a atitude corajosa da administração municipal. O prefeito João Rodrigues decidiu, mesmo tendo, inicialmente, a contrariedade de poderosos, adotar uma medida extrema, a partir da denominada Operação Internamento Involuntário. A deflagração já vem de longo tempo, desde o final de março de 2022. Dezenas de pessoas, com total dependência química, são tiradas das ruas e encaminhadas para tratamento, seja voluntário ou não. Segundo o prefeito João Rodrigues, ninguém vai ficar nas ruas morrendo por falta de assistência. “Temos muitas famílias que estão sofrendo e nós vamos fazer de tudo para ajudar essas famílias. A droga e a bebida, matam”, disse.

Prefeito participa da ação pessoalmente

O trabalho é grupal. No entanto, o prefeito João Rodrigues, no amanhecer de determinados dias, acompanha pessoalmente a ação, acompanhado também da secretária de Assistência Social, Elisiani Sanches, do secretário adjunto de Saúde, Nédio Conci, do diretor de Segurança Pública, Clovis Ari Leuze, do comandante da Guarda Municipal, Roger de Lima, da Polícia Militar, assistentes sociais e Resgate Social, guardas municipais, além de ambulância da Saúde e dos Bombeiros. Notem a consistência do pessoal. Nas ruas, eles fazem as abordagens em diversos pontos da cidade, e até mesmo na casa de muitos dependentes. A ação tem amparo legal da família. O pensamento é único: levar para tratamento, mesmo contra a vontade do indivíduo, salvando a vida dele e da própria família. Não tem meio termo. Muitos concordam e decidem por si mesmo aceitar o tratamento. Assim, são levados para o Centro de Atendimento Psicossocial e de Drogas, UPA e depois serão encaminhadas para Ibicaré, onde existe uma clínica, ou hospitais da região, como Mondaí, Palmitos e Quilombo, onde há tratamento especializado, segundo revelou o secretário Nédio Conci. Outros são levados para a Casa de Passagem e posteriormente para seu município de origem, devolvendo a eles, convívio natural com os filhos, irmãos e os pais.

Assistência após o tratamento

A ação não se dá apenas com a retirada dos dependentes químicos das ruas e o encaminhamento para as casas de tratamento. Conforme revela a secretária de Assistência Social, Elisiane Sanches, o trabalho continua após o tratamento, para evitar que simplesmente voltem para as ruas, sem a devida atenção. Vários são encaminhados para um emprego. Empresas locais atuam como parceiras e absorvem a mão de obra deles.  Poucos não conseguem se manter limpos, mas, mesmo assim, seguem monitorados. Porém, o trabalho é mais amplo. Todas as pessoas em situação de ruas em Chapecó são abordadas, cadastradas, e têm o devido processo realizado. O número é grande. Para se ter ideia, recentemente, mais de 150 pessoas foram encaminhadas para um trabalho. Mais de 300 retornam para seus municípios de origem. E o mais importante. Todos passam por um acompanhamento social e psicológico. Tais pessoas não são simplesmente transportadas para as cidades de origem. Há todo um trabalho enlaçando o morador de rua e a família. Só depois, as pessoas retornam para o vínculo familiar.

Exemplos do resultado

Secretária de Assistência Social de Chapecó, Elisiane Sanches (E), fala do programa durante entrevista no Rádio / Foto: ClicRDC

Segundo o testemunho da secretária de Assistência Social, Elisiane Sanches, os resultados são gratificantes. Ela conta, que no final do ano passado, uma pessoa, após o tratamento, conseguiu emprego na construção civil e, com o salário, já conseguiu dar entrada num carro. A mãe dele está muito feliz com a mudança. “Estou muito agradecida, nossa, ele é outra pessoa, é outra vida. Ele me ajuda, está trabalhando, está indo pra igreja, é uma benção, graças à Deus, disse”. Outro caso é de um homem de 38 anos, que foi internado em abril, à pedido da irmã. Ele tinha histórico de dependência química, chegava a consumir produtos de limpeza e ficar caído dentro de casa. “Graças à Deus ele está muito bem. Está trabalhando e muito. Já se comprou uma moto grande e ajuda em casa, disse a mãe.

Conclusão

Trouxe o assunto, para que toda a sociedade catarinense, especialmente os gestores municipais e demais áreas públicas, possam refletir sobre o que pesa àqueles que vivem em situação de rua, abandonados à própria sorte. Há muitos que atendem oferecendo abrigo temporário, roupas ou alimentos. A questão deveria ser ampliada, a partir do exemplo de Chapecó. A começar pela Assembleia Legislativa, e depois, com ações similares aplicadas pelo Governo, juntamente com as prefeituras, e assim, fazer um trabalho amplo. Seria a transformação de um Estado que já tem bons resultados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), para algo muito mais efetivo. Para alguns, o que vem sendo feito em Chapecó pode transparecer agressivo. Mas, no final, devolve a vida aos que são atendidos. Para se pensar.

Fotos: Assessoria de Imprensa – Prefeitura de Chapecó

Contato com a coluna: [email protected]

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