Quando marcou a reunião desta segunda, às 16h, no Hotel Faial, o presidente do PSD, deputado Milton Hobus, pediu que ninguém se manifestasse antes do encontro entre a executiva, o ex-governador Raimundo Colombo e os pré-candidatos a deputado estadual e federal, que devem somar uma s 60 pessoas nas contas do comando da sigla.
Não há mistério no objetivo da conversa, deliberar sobre o apoio ao pré-candidato a governador pelo União Brasil, o ex-prefeito da Capital Gean Loureiro, e encontrar uma saída honrosa para o até agora pré-candidato Raimundo Colombo, que não baixou a guarda nos ataques ao governador Carlos Moisés durante o fim de semana.
Gean tem o maior Fundo Partidário e tempo de rádio e TV da campanha, conquistado na fusão de PSL e DEM, o que alimenta o sonho de financiamento da campanha para quem disputará uma vaga na Assembleia e na Câmara; Colombo não é o preferido dos pré-candidatos ao Legislativo, tampouco dos prefeitos que pretendem seguir em massa com Moisés, muito menos dos deputados estaduais e de líderes como o deputado Julio Garcia e do prefeito João Rodrigues, de Chapecó, padrinhos do apoio a Gean depois de fracassarem em articulações anteriores.
Na quarta da semana passada, dia 3 de maio, Gean circulou pela Assembleia, esteve em dois gabinetes, o do presidente Moacir Sopelsa (MDB) e o de Hobus, certamente para ter desfecho no que o próprio presidente do PSD considera um encontro deliberativo, sem a presença da imprensa ou de prefeitos e vices do partido.
E o Colombo
Desde o início do processo pré-eleitoral, excessivamente antecipado, Colombo pôs seu nome para a majoritária, entendido ao governo ou ao Senado.
Agora, a segunda opção parece ser a mais próxima para o ex-governador, caso não exista algum rancor pela forma como Gean e a sua tropa de choque pessedista, liderada pela dupla JJ, Julio e João, cooptaram almas dentro do PSD.
Não se esqueça
Gean sempre reafirma que os contatos com Colombo foram e são constantes, o que não parece ter sido o suficiente para convencer o ex-governador a entrar no barco.
Outro trunfo para que mais gente siga o pré-candidato do União Brasil, até agora isolado e ainda em busca de outro apoio, o do PSDB, de Clésio Salvaro, é o de que não será candidato à reeleição, forma de atiçar João Rodrigues e até o prefeito de Criciúma para 2026, com quem sem sucesso tentou nova investida na última sexta (6).
Gean mantém este discurso desde agosto de 2021, quando concedeu uma entrevista a este colunista na TVBV (Band).
RECORDAR É VIVER
Quem conhece a história política de Gean, iniciada aos 18 anos, como vereador pelo PDT, em Florianópolis, portanto uma militância de esquerda, sabe que ele trabalha muito, articula mais ainda e garante objetivos, sem, contudo, evitar rastros de insatisfações pelo caminho. Esta foto foi tirada na campanha de Gean à prefeitura, em 2016, a segunda que disputava então no MDB, depois de ter sido deputado federal e estadual, aquela que venceu a Angela Amin (PP), por 1.153 votos. No registro é possível ver que, à época, Gean aglutinava o apoio de prováveis adversários na eleição deste ano: Jorginho Mello (PL) e Dário Berger (hoje no PSB, à época emedebista). Ambos nem querem ouvir falar no nome do pré-candidato do União Brasil, mesmo sentimento de muitos tucanos e pepistas. Gean conversa ainda com Dário, mas os tempos de supersecretário e fiel presidente da Câmara ficaram no passado. Na foto, à direita, o ex-vice-prefeito João Batista Nunes (então no PSDB), que também não respalda o apoio a Gean, agora pré-candidato a deputado estadual pelo MDB.
Hábil
Gean deu tantas voltas em partidos (PDT, PSDB, MDB, DEM e agora União) que aprendeu algumas lições.
Uma delas a de montar seu próprio time dentro das siglas e de não alimentar antigas rivalidades, como a que tinha com Cesar Souza Júnior (PSD), que lhe venceu por 11.821 votos, em 2012.
Nos últimos meses, Gean passou a elogiar o ex-adversário, aproximou-se durante longo período de Gelson Merisio (PSD, PSDB e agora Solidariedade) e fechou com o publicitário Fábio Veiga há muito tempo, que foi responsável pelo marketing da campanha dos outros dois e comanda agora os destinos da estratégia do pré-candidato do União Brasil.
Tiro n’água
Na rápida passagem de Jair Bolsonaro por Chapecó, no sábado (7), rumo a Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, eleitores e simpatizantes do presidente pediram a Jorginho que garantisse o apoio do prefeito João Rodrigues (PSD), que também foi ao aeroporto render homenagens ao chefe da nação.
Assessores de Jorginho chegaram a publicar um vídeo onde um eleitor faz esta provocação, ao que o senador respondeu: “Já falei!”
João é bolsonarista de quatro costados e não cruza com Jorginho, apoia o presidente à reeleição, mas foca em Gean, não quer saber do pré-candidato do PL ao governo.