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Mulheres na Tecnologia: como vencer os desafios para empreender

Em Santa Catarina, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina, Fapesc tem programas que incentivam o empreendedorismo feminino na área de tecnologia

Um levantamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) concluiu que, entre as empresas que participam dos programas de fomento, apenas 25% são lideradas por mulheres. No mundo esse percentual é ainda menor, a liderança feminina chega a apenas 15% das empresas do setor.

O contexto nacional é ainda mais desafiador, segundo Tatiana Takimoto, uma das coordenadoras do Programa Mulheres+Tec, apenas 7% das startups têm mulheres como gestoras. “As mulheres são muito questionadas a respeito da maternidade, se terão condições de acelerar seus negócios e isso as impede de entrar no mercado e receber investimento. Por isso é muito importante a gente ter um novo edital exclusivo para mulheres porque isso abre oportunidades”, defende.

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A engenheira ambiental Émilin de Jesus Casagrande de Souza, aliou o desafio de ser esposa, e mãe de um garotinho de 3 anos com a função de sócia e gestora de uma startup, a AZteca E-licencie, que faz gerenciamento de licenças ambientais.  “A gente começou atendendo pequenas empresas e hoje temos mais de 100 clientes, incluindo multinacionais”, destaca. A empresária do setor de tecnologia fala dos desafios enfrentados num setor que é predominantemente masculino. “Eu vejo que as mulheres estão avançando, principalmente com esses programas de incentivo. Mas as mulheres ainda têm medo. Muitas se perguntam. Será que eu vou conseguir? Será que vou conciliar minha rotina?” indaga.

 

Émelin é gestora de uma startup que desenvolveu o programa de gerenciamento de licenças ambientais – foto Édson Padoin/Portal Litoral Sul

 

Programa “Mulheres+Tec” dá suporte a startups gerenciadas por mulheres

O objetivo do programa da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), que destinou R$ 1,4 milhão 25 startups catarinenses, é ampliar a participação de mulheres no mercado tecnológico e reforçar o papel de lideranças femininas como fundadoras e gestoras de startups.

Cada empreendedora aprovada recebeu R$ 60 mil para investir em sua startup, além de capacitação realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/SC).  “Para nós foi uma surpresa o número de empresas participantes e principalmente a qualidade das propostas apresentadas, foram mais de 70 inscritas”, diz a gerente de Tecnologia e Inovação da Fapesc, Gabriela Mager.

A empresa da Émilin de Jesus Casagrande de Souza foi uma das 25 contempladas. “É importante as mulheres ganharem cada vez mais espaço no setor de tecnologia, por isso esses programas de incentivo são muito importantes”, reforça a empreendedora.

Cada empreendedora aprovada recebeu R$ 60 mil para investir em sua startup Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom SC

A Azteca trabalha com gerenciamento de licenças ambientais, com consultoria e assessoria para empresas que precisam desse tipo de documentação. A startup tem como sócios; Luiz Henrique Rosa da Silva, Patrícia Darolt de Costa e a Émilin. “Desde que eu comecei a me envolver nesse ecossistema de startups fui selecionada para participar do comitê de implantação do Centro de inovação e outras oportunidades foram aparecendo”, conta a Patrícia, uma das sócias.

Uma mistura de garra, resiliência, competência e incentivo que contribuem para que as mulheres como a engenheira ambiental a encararem os desafios de empreender no setor de tecnologia e inovação.

As engenheiras encararam os desafios de empreender no setor de tecnologia e inovação foto: Édson Padoin/Portal Litoral Sul

 

Oportunidade para todos!

O mercado da tecnologia tem espaço para todos e por isso muitos profissionais, inclusive de outras áreas estão migrando para o setor. “Eu vi outro dia uma menina que era formada em Matemática, ela começou a ver esses programas de incentivo, daí ela mudou totalmente para a área de tecnologia. Isso mostra que a gente não precisa temer, pode usar as habilidades que tem em outras áreas”, reflete Émilin de Jesus Casagrande de Souza.

A engenheira ambiental é um exemplo dessa possibilidade de mudança. Ela fez 5 anos de graduação, trabalhou durante muito tempo na área, até decidir mudar, superando preconceitos e dificuldades. “Você não é o seu diploma. A vida te oferece oportunidades e coisas surgem no caminho que te fazem mudar o rumo e mesmo assim tu podes usar o teu conhecimento em outras áreas. Eu ainda faço consultorias, mas estou colocando em prática muito do que eu aprendi na graduação no meu negócio. E a gente precisa abraçar essas oportunidades”, destaca.

As mulheres estão percebendo que o setor de TI pode ser uma excelente alternativa não só para quem quer começar, como para quem está em busca de mudança na carreira profissional. “Estamos superando esses tabus, eu reforço que é cada vez mais importante para a gente entrar nesse seguimento, incentivando umas as outras. Eu vejo que o ambiente está bem mais receptivo, tem muito incentivo.”, analisa Émilin.

As mulheres estão percebendo que o setor de TI pode ser uma oportunidade para empreender

O desafio de empreender

Se os desafios para mulheres que desejam ter uma carreira na área de tecnologia são gigantescos, eles se tornam quase intransponíveis quando analisamos aquelas que desejam empreender nesse setor. “A mulher tem o desafio de gerenciar a casa, a rotina e ainda ter qualidade de vida. A flexibilidade é um fator importante, em busca de tudo isso muitas decidem empreender, a área de tecnologia oferece muitas oportunidades, agora e no futuro quem quer entrar no mundo dos negócios”, destaca a diretora do GT Mulheres ACATE, Betina Zanetti Ramos.

Em Santa Catarina, a Fapesc tem sido uma parceira das empreendedoras incentivado a aceleração de suas startups. “Identificamos maior prevalência de homens na inovação e um equilíbrio em outras áreas, como bolsas e pesquisa. Dessa forma, criamos algumas estratégias e uma delas são os editais”, explica o presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen.

Em Santa Catarina, a Fapesc tem sido uma parceira das empreendedoras incentivado a aceleração de suas startups Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom SC

No caso dos Mulheres+ tech, por exemplo, as empresas podem utilizar os recursos para aquisição de equipamentos, materiais, serviços, consultoria e até contratação de bolsistas. “Um dos grandes desafios para quem quer empreender é a capacitação Por isso, nosso programa tem parceria com o Sebrae e a Acate, que contribuem com a fundação nesse processo”, completa a gerente de Tecnologia e Inovação da Fapesc, Gabriela Mager.

Esse cenário de expansão da demanda é ideal para reverter o quadro e colocar as mulheres na vanguarda das tecnologias. “Não tenha medo. Ah eu não domino a área? E se não der certo? Hoje tem muitas oportunidades de treinamento, capacitação. Importante é não ter medo. Sempre vai ter alguém para te criticar, o mais importe é que vai ter muita gente para te apoiar”, incentiva Émilin.

Empresárias afirmam que o importante é não ter medo – Foto: Édson Padoin/Portal Litoral Sul
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