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Famílias seguem em busca de resposta para mortes de crianças no Hospital Santa Catarina

Manifestação pacífica foi realizada na manhã desta quinta-feira, dia 5, em frente ao Hospital

Famílias de crianças que morreram ou que ficaram com sequelas após atendimento no Hospital Materno-Infantil Santa Catarina (HMISC), em Criciúma, realizaram uma manifestação pacífica na manhã desta quinta-feira, dia 5, em frente ao Pronto Socorro da unidade. Com o apoio do Conselho Municipal de Saúde, os pais levaram cartazes em homenagem às crianças e pediram respostas e justiça pelos casos.

A manifestação foi organizada depois que uma reunião, que tinha sido agendada para o dia 21 de setembro entre o Hospital, Conselho e pais, não ocorreu. A intenção era esclarecer os casos que tinham acontecido. Mas, conforme o setor jurídico do Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas), que administra o HMISC, o encontro não seria realizado com a presença dos pais, devido ao sigilo de cada caso, e aconteceria somente com quatro pessoas, por falta de espaço. Questões que haviam sido combinadas com antecedência, segundo o Ideas.

Inicialmente, eram cinco casos, sendo três crianças que haviam morrido e duas que ficaram com sequelas. Após a repercussão do caso, mais pais procuraram o Conselho relatando que haviam perdido o filho de forma semelhante aos que já buscavam respostas. Com isso, agora somam aproximadamente 20 casos.

“Quando chegamos aqui estávamos com cinco casos. Agora estamos com mais de 20 casos. Temos um grupo e esse número está só aumentando. Veio uma de Siderópolis hoje, não estava no grupo”, explica o vice-presidente do Conselho Municipal de Saúde de Criciúma, Júlio César Zavadil.

Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

O casal Maria Eduarda da Silveira e Gabriel Kenneth Cardoso, estava em frente ao HMISC na manhã desta quinta-feira, dia 5. O filho deles, de apenas dois meses, foi levado ao HMISC para realizar exames de rotina, mas não voltou para casa.

“A gente trouxe nosso filho aqui para fazer acompanhamento de rotina com o pediatra. Ele estava bem, apenas com uma gripe, nada de mais. Foi atendido, o médico disse que ele estava com o tórax diferente e passou por exames. Depois de muito tempo esperando, disseram que ele estava com bronquiolite e foi entubado. Em um sábado, enquanto eu e meu esposo visitamos ele, os aparelhos apitavam e ninguém vinha ver o que estava acontecendo, a gente que teve que chamar. No domingo pela manhã recebemos a notícia que ele teve uma parada cardíaca e morreu. Não sabemos o que ocorreu com o nosso filho durante a madrugada. Ele chegou aqui bem”, conta a mãe, que busca por respostas.

Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

Protesto busca respostas

Hoje, pais e membros do Conselho Municipal de Saúde se reuniram em frente ao Hospital em busca de respostas. Segundo eles, desde que ocorreram os casos de mortes e sequelas de crianças, nenhuma posição concreta foi dada pelo Hospital e órgãos responsáveis. Ainda de acordo com o vice-presidente, o Conselho busca saber quantos profissionais atuam no HMISC, para verificar se este número é o suficiente para atender a unidade, e se eles têm especialistas para todos os casos.

“Queremos respostas do Hospital, do Estado e do Município. A gente quer a participação do Ministro Público, que tem a prerrogativa de investigar o que está acontecendo aqui. Precisamos realmente que eles apresentem o que a gente precisa. Queremos mais profissionais, principalmente médicos especialistas. Teve uma mãe que o filho morreu pois ela chegou aqui e eles não tinham um nefrologista. Queremos mais profissionais, mais técnicos de enfermagem, mais enfermeiros, mais médicos. Não adianta ter uma estrutura estadualizada e não ter funcionários nessa condição de atender. E quando os bebês falecem, eles precisam dar ao menos os prontuários para as mães, eles demoraram muito, estão segurando esses prontuários das mães. Tinha mãe há mais de 20 dias aguardando”, explica.

Foto: Lucas Colombo/Portal Litoral Sul

O vice-presidente frisou que as pessoas que atuam no Hospital são bons profissionais, mas que podem estar trabalhando com o número aquém do necessário. “Temos profissionais maravilhosos aqui dentro, não estamos dizendo que eles são ruins, mas não vão ter condições de dar esse suporte se o Hospital não der o necessário, que é o número de profissionais. O Hospital não passa para o Conselho quantos profissionais eles têm, já estamos pedindo há dois anos uma reunião mensal para ver isso, quem sabe já havia sido resolvido esse problema. Poderíamos ter pedido mais recursos, mais estrutura”, completa.

Ideas emite nota

Durante a manifestação, o Ideas emitiu uma nota informando que uma reunião havia sido realizada entre as partes envolvidas. Acompanhe abaixo:

Informamos que no dia 2 de outubro foi realizada uma reunião que contou com a participação do Conselho Municipal de Saúde de Criciúma, mães de pacientes e o Instituto. No entanto, como já informado anteriormente, os casos levados a conhecimento já foram analisados tecnicamente, sendo que maiores informações não podem ser fornecidas, tendo em vista o sigilo dos dados.

Segundo Zavadil, a reunião citada pelo Ideas foi um encontro online promovido pelo Conselho, onde o Hospital foi convidado a participar, podendo se manifestar. Durante a conversa, os pais puderam participar e alguns tiveram a oportunidade de falar sobre o caso. 

“O Conselho é aberto. Nós chamamos o Hospital para que ele se apresentasse. Não falou nada, só disseram que o hospital é de excelência. Abrimos uma exceção e deixamos algumas mães falarem, o que não é regimental do Conselho abrir para fala de pessoas que não são conselheiros. Mas o Conselho reuniu. A reunião foi aberta e as mãe participaram. Mas o hospital não chamou para uma reunião com as mães e nem deixaram as mães entrar na outra vez que tivemos aqui, e até agora nada”, contesta Zavadil.

Veja fotos da manifestação pacífica realizada na manhã desta quinta-feira, dia 5:

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