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Direitos, sim. Mas e os deveres?

A vida profissional, ou melhor, a vida adulta é pautada de obrigações, regras e desafios a serem cumpridos e, claro, a cada desafio cumprido, recebemos algumas recompensas, exemplo: na carreira, você cumpre suas obrigações e ganha, além do seu salário, reconhecimento. Na vida como um todo, tudo o que fizermos bem feito, nos trará benefícios. O contrário nem sempre é verdadeiro.

Presencio inúmeras situações em empresas alheias e nas minhas também, em que muitos buscam apenas seus direitos, mas esquecem de olhar para os deveres. São pessoas que cresceram em estatura, se vestem como adultas, mas o comportamento é altamente infantilizado. Me refiro à infância porque é a única fase da vida em que temos mais direitos do que deveres. Deixar de cumprir com os deveres, além de desvio comportamental e de caráter, na esfera profissional pode ser atribuído à uma legislação trabalhista ultrapassada e extremamente nociva, na medida em que a própria regra cria polaridades, vítimas e vilões.

O peso e a defesa do trabalhador são diferentes dos direitos assegurados ao empregador, e claro, muitos se aproveitam disso. Sabe-se que tal decorre de uma tal superioridade atribuída ao empregador, que detém um suposto poder em relação ao seu empregado. A meu ver, não se trata de poder, mas de uma hierarquia que deve existir, já que o empregado está vendendo sua força de trabalho e o seu empregador, a consumindo, pagando por ela, de modo que deve haver sim, essa hierarquia, não poder.

Contudo, na maneira como está posta, o empregado é sempre tratado como vítima e o empregador como vilão. Ora, exigir o cumprimento do horário, comparecimento e execução do trabalho pelo qual é remunerado não é abuso. Mas muitos empregados apresentam atestados para irem a festas, praia, alguns prejudicam o patrão ou seu negócio deliberadamente, mas se são cobrados, a legislação os dá guarida, pois sabem que são considerados o lado hipossuficiente da relação.

Indo um pouquinho mais longe, muitos irão se aproveitar dos benefícios do governo para encostar sua preguiça e incompetência como forma de aproveitamento próprio.

É fato que, para os profissionais que se comportam buscando mais direitos que deveres o que resta é uma carreira medíocre. Ou melhor, uma vida medíocre, mediana, morna. Se o trabalho é o lugar onde passamos a maior parte da nossa vida adulta, a forma como você o conduz diz muito sobre o adulto que se formou. A vida é sobre direitos sim, mas um profissional que se preze, em paralelo ao benefício dos recebíveis, não esquece que será sempre lembrado pelos entregáveis.

E aí, me diz, você busca seus direitos, mas entrega seus deveres?

 

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