Dia Mundial da Conscientização do Autismo: entenda melhor esse transtorno

Em 2007, o dia 2 de abril foi instituído pela ONU como Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A ideia é que as pessoas compreendam a importância de se solidarizar pela causa, porque autismo não afeta apenas a criança e sua família, mas toda a sociedade. Afinal, a inclusão vai muito além de dar acesso à educação e saúde: é preciso fazer com que a criança se sinta à vontade e verdadeiramente integrada às atividades de lazer e sociais.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) cresceu significativamente nas últimas décadas, segundo pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de 2023, hoje, a cada 36 crianças, uma tem o diagnóstico. Ainda visto como algo novo, o maior questionamento sobre o transtorno é em relação as causas. Estudos dão contam que pode ser causado, principalmente, por fatores genéticos e ambientais.

A fisioterapeuta da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Forquilhinha, Fernanda Pasini Berkenbrock, informa que a alteração genética existe, mas os estudos ainda não descobriram exatamente o que causa e quais genes são afetados. Ainda segundo ela, diversas pesquisas são realizadas e a etiologia do transtorno ainda é um grande desafio para a ciência. “De 97 a 99% é causa genética. Não é apenas herdado dos pais, mas também por fatores ambientais, como poluição, agrotóxicos, idade avançada dos pais, infecções e medicamentos usados durante a gestação. Isso tudo gera alterações do gene”, destaca a especialista.

Dificuldade de comunicação é um dos sintomas mais comuns

Considerado um transtorno de neurodesenvolvimento o TEA tem como um dos comprometimentos, as habilidades de comunicação. “A chamada ecolalia pode surgir, trata-se de um distúrbio do desenvolvimento da fala, bastante comum em pessoas com autismo”, comenta a fonoaudióloga da Apae de Forquilhinha, Natália do Carmo Ferreira.

A pedagoga especializada em educação especial da Apae de Forquilhinha, Almerinda Cristina da Luz Dias, informa que nos primeiros meses os sintomas já aparecem. E cita como exemplo, um bebê com pouca expressão facial, sem contato visual com os pais, que não sorri, não balbucia palavras, nem imita gestos ou não responde quando chamado. “Nesses casos, é importante restringir o uso de tecnologia e enfatizar o estímulo com texturas, cores, números e entre outros”, orienta. Ainda conforme ela, é importante identificar essas características precocemente e não existir resistência por parte dos pais. “É preciso ficar em alerta e buscar ajuda”, completa.

A dificuldade de interação social e a presença de comportamentos repetitivos ou estereotipias, que consiste em movimentos recorrentes com o corpo, são outros sintomas comuns. “Sendo que, cada autista é de um modo e apresenta sintomas diferentes. “Por isso que nós chamamos de espectro, porque cada criança é peculiar, cada uma tem o seu jeitinho de ser”, analisa a pedagoga, Almerinda.

TEA é classificado em graus: do leve ao grave

Hoje, o TEA é classificado em graus: do leve ao grave e estão ligados à funcionalidade e ao quanto o autista é independente. “Nos primeiros anos de vida, toda criança é dependente de um adulto, mas a estimulação vem para buscar esta independência. Por isso, a importância da estimulação iniciar o quanto antes, para que o grau de comprometimento da criança com TEA seja o mais leve possível, considera a pedagoga.

Apae estimula a criança em todas as áreas

Na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Forquilhinha são atendidos 57 autistas, que são acompanhados desde o diagnóstico e oferece serviços como fisioterapia, fonoaudióloga e estimulação precoce. Conforme a fisioterapeuta, a primeira etapa ao receber alguém com suspeita de autismo é passar por uma triagem, mas segundo ela, nem sempre há um diagnóstico, em alguns casos os pais ou professores observam algum atraso no desenvolvimento.

“Inicialmente, a criança passa pela avaliação com a fonoaudióloga, psicóloga e fisioterapeuta. Se ela apresentar atraso no desenvolvimento, passa a frequentar a instituição. Fique atento aos sinais e procure ajuda de um especialista. Vale ressaltar que a estimulação é importante para o desenvolvimento de todas as crianças, mesmo as que não possuem traços do espectro”, alerta Fernanda.