Depois do “tira a máscara”, Moisés aumenta aproximação com os conservadores
Há dentro do Governo do Estado, um temor constante com os ataques sistemáticos, tais quais os da Rússia à Ucrânia, que os mais conservadores fazem a Carlos Moisés, a quem chamam de “traíra” quando são polidos, mas agora tornam-se evidentes gestos políticos que indicam a tentativa de reaproximação do governador às pautas de interesse do bolsonarismo-raiz, como a desobrigação do uso de máscaras nas escolas.
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Não há um erro crasso no movimento, mas a medida cheira a eleitoral e vem depois de uma série de campanhas nas redes sociais, em ônibus (busdoor) e outdoors, muito evidentes em Florianópolis, pelo fim do adereço, reconhecido como o primeiro artefato na linha de frente contra a proliferação da pandemia.
Ninguém é hipócrita o suficiente para não reconhecer que usar máscara é chato, mais complicado ainda em dias de calor, e que a maioria das pessoas gostaria de se livrar logo da obrigação, mas daí a dizer que crianças entre 6 e 12 anos estão desobrigadas de usar nas escolas é antecipar etapas.
O que impedirá os adultos, das mais diversas faixas etárias, os mais resistentes à medida, de fazer o mesmo em locais de trabalhos, em ambientes onde a atividade presencial foi retomada?
O que se antevê é mais uma batalha cibernética entre especialistas, leigos que acham que entendem de tudo e claques para todos os lados, uma polêmica desnecessária neste ou em qualquer momento.
Próximo passo
Se Moisés tem vontade de voltar ao nicho que o elegeu, na onda de Jair Bolsonaro, deve avaliar o quanto perde no sentido inverso, entre os que o elogiaram quando tomou medidas duras para enfrentar a Covid-19.
Nada é tão decisivo ou complexo que não mereça uma reavaliação, como o caso de desobrigar crianças de usar máscara em escolas, porém entre a cautela e o ímpeto eleitoral, devemos optar pela primeira.
Efeito cascata
A decisão do governo do Estado teve repercussão imediata em prefeituras pelo Estado afora. Em Chapecó, o prefeito João Rodrigues (PSD) assinou decreto em que torna facultativo o uso de máscaras em todo o município, tanto em ambiente aberto ou em local fechado.
A única exceção é a obrigatoriedade para quem estiver doente ou com suspeita de contaminação pelo coronavírus.
Ah, um partido ou uma Kombi?
O próximo passo de Moisés será se filiar ao Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, leia-se o Bispo Edir Macedo, e que tem proporções diminutas em Santa Catarina, com um deputado estadual, o presidente da sigla, Sérgio Motta, e dois prefeitos.
A outra opção é o Podemos, onde o presidente estadual Camilo Martins, ex-prefeito de Palhoça, declarou à coluna (blog) que “ não acredita” na filiação do governador, e nem precisa argumentar, afinal dos cinco prefeitos da sigla quatro não aceitam bem a manobra, entre o de Blumenau, Mário Hildebrandt, o terceiro maior colégio eleitoral, sem contar no ex-deputado Paulo Bornhausen, que tem náuseas ao tratar da hipótese.
O fato determinante é o de que Moisés perdeu o timing para entrar em MDB ou PP ou PSDB, precisará de uma aliança, já que tanto Republicanos quanto Podemos, com todo o respeito que merecem, estão para os demais no Estado, como partidos que poderiam fazer reuniões em uma Kombi, desde que o banco do meio seja retirado porque não há tantas pessoas assim para sentarem.