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A história não contada sobre o Ano Novo e suas curiosidades

A maior parte das nossas comemorações estão envolvidas com tradições de muitos e muitos anos. A comemoração do réveillon não poderia ser diferente. A data significa para muitas pessoas cumprir rituais que trazem sorte e alegria no ano que chega.

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O Ano Novo é o feriado mais antigo do mundo. O que quase ninguém sabe é que essa definição da data oficial de Ano Novo gerou outra data muita famosa no nosso calendário: o Dia da Mentira. O motivo é que no século XVI, na França, a chegada do Ano Novo era comemorada durante uma semana, do dia 25 de março ao dia 1º de abril. Em 1564, o rei Carlos IX decidiu que o Ano Novo seria celebrado no dia 1º de janeiro, devido a adoção do calendário gregoriano, e muitas pessoas demoraram para se acostumar, apresentaram resistência e continuaram comemorando a virada do ano no primeiro dia de abril. Com isso, o povo mais conservador passou a receber chacotas e convites para festas que não existiam e, por isso, foi criado o Dia da Mentira.

O termo “Revéillon” também é muito utilizado pelas pessoas para se referir ao Ano Novo. Essa palavra tem origem francesa e se refere a termos como “despertar”, “acordar”. Por isso, nesse sentido, ela pode ser usada como o despertar de um novo ano, inicialmente, em meados do século XIX, essa palavra era utilizada para falar da ceia de Natal. Depois, foi se popularizando para descrever a virada do ano. Mas essa história toda eu já contei por aqui, você pode conferir tudinho, clicando aqui.

O que vou contar hoje é a história secreta do ano novo, sim, esse dia tão esperado para se despedir do ano anterior e comemorar a chegada de novos dias, com novas oportunidades e cheios de renovação. No dia 31 de dezembro, você sabe que um ano zero-quilômetro vai tomar o lugar do velho, que já deu tudo o que tinha que dar – e este ano deu tudo e mais um pouco – é a maior festa da humanidade. A grande celebração ao ciclo da vida, que agora recomeça.

Mas espera um pouco. Que ciclo? Que recomeço? Saibam que os instintos humanos deram origem ao Réveillon, e eu explico como. Isso porque cada um de nós descende de alguém que sobreviveu à maior crise econômica da história. A única que teve potencial para riscar a humanidade da face da Terra. Ela aconteceu há milhares de anos, quando a única coisa que nós conhecíamos como trabalho era caçar.

Às vésperas de 11000 a.C., o modo de vida dos caçadores estava no auge. O homem, àquela altura, tinha uma arma com a qual nenhum outro predador contava: a religião. Não exatamente aquilo que vem à nossa cabeça quando pensamos em religião, mas algo realmente abstrato: a ideia de acreditar que existe alguma coisa maior, além da vida. E por ser algo comum a todos, tornava as tribos coesas em torno dos ritos espirituais e divindades que cada uma criava. Agora, unidos, cada vez mais numerosos e habilidosos, os Homo sapiens tinham virado os maiores predadores que a Terra já vira.

E como um ciclo eterno, a caça indiscriminada tinha diminuído a quantidade de animais selvagens disponíveis por aí. Para piorar, um mini aquecimento global fez rarear presas das boas, como bisões e mamutes – daquela vez o aquecimento não foi culpa nossa, era só o fim de mais uma Era Glacial. O ponto é que a escassez de proteína animal colocou em xeque o modo de vida dos nossos avós caçadores.

Isso não aconteceu de uma hora pra outra no planeta todo. Naqueles dias, a vida era em tribos de 100, 150 pessoas que, quando entravam em contato umas com as outras, era para guerrear. Cada uma viveu uma escassez a seu tempo. E foi mais de uma. Só que, olhando daqui de longe, a junção desses problemas esparsos pode ser vista como uma grande crise global.

Em 11000 a.C. decidiram dividir e multiplicar comida, aproveitar a terra, a riqueza que estava bem ali disponível para ser explorada. Cultivar sementes e esperá-las crescer era o jeito de conseguir as calorias que a caça não dava mais.

Só que aí veio uma surpresa: a técnica, a agricultura, permitia sustentar de 10 a 100 vezes mais pessoas no mesmo espaço físico. Os que optaram por esse caminho cresceram e se multiplicaram. Mas eles só conseguiram isso porque inventaram um novo deus: o calendário.

No culto da passagem dos dias esperando as sementes darem fruto, a humanidade descobriu um ótimo método para saber as épocas certas de plantar: observar a posição das estrelas e a trajetória do Sol longo do ano.

Fazer a leitura do céu era tão essencial para a agricultura que povos de todos os cantos do mundo aprenderam isso cedo ou tarde. E assim dominaram algo que parecia sobrenatural: os ciclos do tempo. Mas pragmatismo científico nunca foi o nosso forte como espécie. E é por isso que o céu foi tratado como divindade. Só o fato de você saber seu signo já se trata de uma herança dessa época – as 12 constelações do zodíaco são nada mais que os conjuntos de estrelas mais usados para marcar as estações do ano.

É esse mesmo impulso de divinizar as coisas que levou à felicidade instintiva de se entregar a rituais como pular 7 ondas. É esse impulso que faz a vida parecer feita de ciclos. As colheitas é que são de fato cíclicas. Ao divinizá-las, nossos ancestrais imprimiram na cultura humana a ideia de que a própria vida se renova a cada ano. E festejar essas renovações era fundamental para que continuássemos vivos.

O Ano-Novo é uma das festas para marcar o auge do frio no hemisfério norte – a outra é o Natal. Na ausência de um instinto biológico tão forte quanto o das formigas para acumular comida para o inverno, a sensação de que um evento super importante estava para acontecer bem no meio da estação fria fazia nossos ancestrais agir exatamente como elas, economizando para ter banquetes na época de fome.

Cada geração transmitiu para suas crianças que aquele era o momento mais especial do ano. Era mesmo. E ainda é. Trata-se do momento em que comemoramos a sobrevivência da espécie humana. Pelo menos até a próxima grande crise chegar. Ou será que ela já chegou? Obrigada pela leitura, me siga nas minhas redes sociais:
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