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VocĂȘ sabia que existe um homem enterrado dentro de uma lata de Pringles?

Conheça as curiosidades sobre origem do nome e da embalagem das batatas Pringles

Reconhecida internacionalmente pelo formato e por sua embalagem, a Pringles Ă© uma das marcas mais conhecidas quando o assunto sĂŁo batatas fritas industrializadas, ela Ă© distribuĂ­da em mais de 140 paĂ­ses, o que gera um lucro anual de mais de um bilhĂŁo de dĂłlares. E quem jĂĄ provou, e teve em mĂŁos a famosa embalagem, sabe que ela nĂŁo serve somente para conservar as batatas, mas tambĂ©m para muitas outras finalidades e projetos de faça vocĂȘ mesmo, e olha que eu sei que tem gente que atĂ© jĂĄ guardou diversas coisas dentro de uma dessas embalagens. O que talvez ninguĂ©m imagine Ă© que, diante dessa versatilidade toda, a lata que jĂĄ despertava a imaginação da criançada, que a utilizava para os mais diferentes fins, ganhou mais uma inusitada utilidade: a de urna funerĂĄria.

VocĂȘ deve estar pensando, essa colunista deve estar maluca. NĂŁo estou, eu garanto, e eu vou contar essa histĂłria toda na coluna de hoje, entĂŁo, senta que lĂĄ vem histĂłria.
O sucesso da marca aconteceu hå muito tempo, para ser mais precisa, na década de 1960.

Hoje a batata é vendida em diversos sabores em centenas de países do mundo © Getty Images

A batata frita Pringles foi lançada no mercado americano em 1968, inventada e fabricada pela Procter & Gamble (P&G) na cidade de Cincinatti em Ohio. Entretanto, a histĂłria do produto vai alĂ©m dos nĂșmeros exorbitantes que ele movimenta todos os anos.
Originalmente, atĂ© 1986, seu nome tinha um apĂłstrofo (Pringle’s), logo depois virou uma palavra sĂł, como conhecemos hoje. Mas a escolha do nome Ă© que foi bastante curiosa. Fizeram uma pesquisa na lista telefĂŽnica da cidade, e encontraram no subĂșrbio da cidade uma avenida chamada Pringle Avenue, eles gostaram tanto da sonoridade, que este foi o nome escolhido.

Fredric Baur, designer e criador da Pringles e da embalagem da batata © Facebook

Em 1966, a empresa começou uma busca frenĂ©tica para desenvolver uma batata diferente das convencionais, – que eram apenas fatiadas, fritas e temperadas – algo revolucionĂĄrio que sanasse as reclamaçÔes mais constantes dos consumidores de batatas fritas ensacadas – que costumavam vir quebradas, moles e oleosas. É aĂ­ que entra a mente do engenheiro Fredric John Baur, um quĂ­mico orgĂąnico da Universidade de Ohio, e que trabalhava como tĂ©cnico em armazenamento de alimentos especializado em pesquisa, desenvolvimento e controle de qualidade na empresa Procter & Gamble. 

Baur passou dois anos desenvolvendo a embalagem, que teve como inspiração, as latas de alumĂ­nio usadas por refrigerantes e, assim, projetou o famoso tubo de papelĂŁo revestido com alumĂ­nio, tampa plĂĄstica e que trazia o desenho de um personagem bigodudo estampado no rĂłtulo. A lata foi projetada para eliminar os farelos, que ficam no fundo do saco com menos gordura nos dedos e para se manter crocantes e suportarem com o tempo. O lacre hermĂ©tico impedia a entrada de ar, e o tubo lacrado em papelĂŁo e revestido em alumĂ­nio como proteção para as batatas precisamente encaixadas em seu interior resolveram todos os dilemas apresentados – naturalmente a batata tornou-se um imenso sucesso no paĂ­s.

Brad Pitt no famoso comercial de snacks.

Em 1956, a Procter & Gamble jĂĄ havia lançado um snacks de batata, mas nĂŁo estava fazendo muito sucesso, assim como as batatas da concorrĂȘncia, havia muitas reclamaçÔes, que mais tarde foi finalmente resolvida com o lançamento em 1968 da Pringles, inicialmente distribuĂ­da apenas em Indiana, e apĂłs um sucesso moderado, em 1975 foi distribuĂ­do em toda a AmĂ©rica.

Mas foi nos anos 80 que se tornou popular no paĂ­s, tudo, graças ao Brad Pitt. Em um de seus primeiros trabalhos na indĂșstria audiovisual, o ator, e outros cinco modelos, protagonizaram um psicodĂ©lico comercial em que vocĂȘ vĂȘ todos juntos comendo Pringles, e mostrando as vantagens da embalagem excĂȘntrica, e como podiam ser descolados consumindo esses snacks.

Por conta dessa publicidade, o sucesso da Pringles foi imensa, e virou paixão nacional, a tal ponto que em 1991 o produto começou a ser vendido em todo o mundo e se tornou o lanche preferido por muitos.

O formato das batatas é uma paraboloide hiperbólico © Getty Images

AlĂ©m de ter criado a fĂłrmula e a embalagem, Fredric Baur tambĂ©m foi o responsĂĄvel pela criação revolucionĂĄria da massa frita, principalmente pelo formato das batatas em onda ou, mais precisamente, como o de uma sela, cĂŽncavo e irregular, sem nenhuma superfĂ­cie reta em que as batatas sĂŁo produzidas atĂ© hoje, para que a Pringles embalasse perfeitamente em sua embalagem, que segundo consta, foi a partir de cĂĄlculos feitos em supercomputadores, a fim de garantir que as batatas ficariam no lugar e inteiras quando encaixadas umas nas outras, embaladas e transportadas. Tal formato na matemĂĄtica Ă© chamado de paraboloide hiperbĂłlico e, veja sĂł, possui sua prĂłpria equação: XÂČ/aÂČ â€“ yÂČ/bÂČ = cz. Para alcançar a forma de onda com perfeição, a massa Ă© transformada em uma grande “folha” e moldada em uma mĂĄquina especial antes de ser frita.

Um detalhe ajudou a tornar possĂ­vel a precisĂŁo buscada por Baur no formato do alimento e no funcionamento da embalagem: a Pringles nĂŁo Ă© uma batata frita, mas sim, uma massa feita com ĂĄgua e um pĂł de batata misturado com milho, que permite o molde perfeito – assim, sĂł 42% dela Ă© de fato feito de batata. O sabor, porĂ©m, era e permanece sendo delicioso e, tal fĂłrmula aliada ao formato da Pringles e sua icĂŽnica embalagem fizeram do trabalho de Baur um feito histĂłrico na indĂșstria.

A semelhança com os tubos de bolas de tĂȘnis provocou estranheza inicial no pĂșblico © Pixabay

Dessa maneira, o formato especial e a embalagem diferenciada do produto colaboraram para que as batatas chegassem quase intactas ao consumidor, diferente do que costumava acontecer com os pacotes. Sem dĂșvida alguma, aquela embalagem era uma das mais diferentes que estavam disponĂ­veis nos mercados, e foi justamente por isso que o produto demorou a cair no gosto popular. Os consumidores estranharam que as batatas fossem todas iguais. O fato do pacote parecer uma lata, onde se guardava bolas de tĂȘnis tambĂ©m incomodou o pĂșblico. A Pringles era ridicularizada pelos concorrentes. Mas, a partir da dĂ©cada seguinte, a marca começou a vender cada vez mais e logo virou uma febre entre os consumidores. JĂĄ sua embalagem toda esquisita se tornou um sĂ­mbolo do produto – entĂŁo e desde entĂŁo: a lata de Pringles estĂĄ para os snacks, como a garrafa de Coca-Cola estĂĄ para os refrigerantes.

Baur entrou com pedido de patente – logo em seguida de sua criação ser lançada no mercado em 1968 – para a tĂ©cnica de empilhar as batatas fritas em uma embalagem em forma de tubo, – feito de papel-cartĂŁo e folhas de alumĂ­nio – porĂ©m a patente foi concedida somente em 1970. Algumas pessoas consideram que as batatas Pringles foram inventadas por Alexander Liepa. Mas, vale lembrar que a patente do produto pertence ao prĂłprio Friedric Baur, que era quĂ­mico e idealizou as batatas. O problema Ă© que a fĂłrmula desenvolvida por Baur nĂŁo tinha um sabor atraente e foi entĂŁo que Liepa ajudou a aprimorar o sabor, melhorando o produto e teve seu nome associado Ă  invenção da Pringles.

O sabor Original da batata © Getty Images

Entre abril de 2011 e fevereiro de 2012, houve a negociação da marca Pringles, inicialmente com o grupo americano Diamond Foods com valores anunciados de US$ 2,35 bilhÔes em açÔes e recuperação de dívida, e a Kellogg Company, num valor estimado em US$ 2,69 bilhÔes. Em fevereiro de 2012 a Diamond encerrou as negociaçÔes e a empresa Kellogg anunciou a aquisição da marca. 

O sucesso da invenção fez Baur se aposentar em 1980. Ele reconheceu que desenvolver a Pringles, foi um de seus maiores feitos, tanto que viva se vangloriando da “maior realização de sua vida”, e ele dizia que por mais que ele tivesse doutorado em vĂĄrias premiaçÔes de quĂ­mica, ele sempre falou que o maior orgulho da vida dele era ter feito a embalagem do Pringles, e de como era um sĂ­mbolo quase universal. Ele ainda revelou Ă  famĂ­lia seu desejo de ter suas cinzas armazenadas em uma das latas que criou. É isso mesmo que vocĂȘ leu, ele tinha tanto orgulho, que queria ficar eternizado na embalagem, enterrado dentro da prĂłpria criação. Isso fez com que sua invenção transcendesse o plano fĂ­sico e acompanhasse seu criador alĂ©m da vida.
Mas como assim?

Uma lata de Pringles – Creative Commons

Depois de anos de luta contra o mal de Alzheimer, Fredric Baur veio a falecer em maio de 2008 aos 89 anos, e imediatamente os filhos lembraram do plano que o pai sempre afirmou ao longo da vida. A ideia, um tanto quanto incomum, foi cumprida por seus familiares, e no caminho para o enterro, pararam em uma loja para comprar uma lata de Pringles. Uma discussĂŁo entĂŁo começou, nĂŁo pensa vocĂȘ que por herança financeira, nĂŁo mesmo, a treta familiar tambĂ©m nĂŁo era pelo que ele havia pedido, mas sim sobre qual sabor deveriam usar para realizar o pedido e assim conter os retos mortais de Baur. Diante dos tantos sabores disponĂ­veis, os filhos, irmĂŁos, primos, fizeram uma grande votação e no final das contas a embalagem que o hospedou, sĂł podia mesmo ser um: o sabor Original, o tradicional, o primeiro que ele fez – o que faz muito sentido.

EntĂŁo, a lata de Pringles original – a vermelha – foi enterrada no cemitĂ©rio de Springfield, subĂșrbio de Cincinnati em Ohio, a outra pequena porção restante das cinzas foi colocada em uma urna tradicional e entregue a um dos netos de Baur.

Eu nĂŁo sei vocĂȘ, mas eu achei a ideia genial, maluca, sim, bem doida, mas ainda assim uma ideia muito criativa. Me diz vocĂȘ, pediria algo assim como Fredric Baur pediu? Espero que tenha gostado de saber dessa histĂłria, e agradeço imensamente pela leitura atĂ© aqui, e semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais:
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