NotĂ­cias de CriciĂșma e RegiĂŁo

VocĂȘ conhece a verdadeira origem do Carnaval?

Desde os tempos mais primórdios, o Carnaval tå aí. As celebraçÔes carnavalescas fascinam a humanidade e conquistam os coraçÔes das pessoas hå milhares de anos. A origem do Carnaval pode ser encontrada tanto na Mesopotùmia quanto na Grécia ou em Roma.

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Alguns estudiosos entendem o Carnaval como uma festa cristĂŁ, pois sua origem, na forma como entendemos a festa atualmente, tem relação direta com o jejum quaresmal. Isso nĂŁo impede que sejam traçadas as origens histĂłricas que nos mostram a influĂȘncia que o Carnaval sofreu de outras festas que existiam na Antiguidade.

Na BabilÎnia, duas festas possivelmente originaram o que conhecemos como Carnaval. As Sacéias eram uma celebração em que um prisioneiro assumia, durante alguns dias, a figura do rei, vestindo-se como ele, alimentando-se da mesma forma e dormindo com suas esposas. Ao final, o prisioneiro era chicoteado e depois enforcado ou empalado.

O Carnaval Ă© uma festividade em que se combinam elementos de circo, mĂĄscaras e festas de rua. (Foto: Pixnio)

 

Outro rito era realizado pelo rei no período próximo ao equinócio da primavera, um momento de comemoração do ano novo na Mesopotùmia. O ritual ocorria no templo de Marduk (um dos primeiros deuses mesopotùmicos), onde o rei perdia seus emblemas de poder e era surrado na frente da eståtua de Marduk. Essa humilhação servia para demonstrar a submissão do rei à divindade. Em seguida, ele novamente assumia o trono.

O que havia de comum nas duas festas e que estå ligado ao Carnaval era o caråter de subversão de papéis sociais: a transformação temporåria do prisioneiro em rei e a humilhação do rei frente ao seu deus. Possivelmente a subversão de papéis sociais no Carnaval, como os homens vestirem-se de mulheres e outras pråticas semelhantes, é associåvel a essa tradição mesopotùmica.

Na Grécia, uma das origens e características do Carnaval pode ser encontrada nas festas dedicadas a Dionísio, também conhecido como Baco entre os romanos, o deus das videiras e do vinho. A inversão de papéis também era verificada, com prostitutas vestindo-se de virgens e homens de mulheres, por exemplo. A bebedeira também estava presente, servindo combustíveis para a pråtica dos atos de libertinagem. Os gregos celebravam cultos e rituais para divindades relacionadas à fertilidade do solo e colheita como Deméter.

Havia ainda, na Roma Antiga, a SaturnĂĄlia e a LupercĂĄlia. A primeira ocorria no solstĂ­cio de inverno, em dezembro, era a festa que mais parecia com o carnaval de hoje de que se tem notĂ­cia. As SaturnĂĄlias eram festas Ă©picas que aconteciam em exaltação a Saturno, deus da agricultura. E a segunda, acontecia em fevereiro, que marcava o perĂ­odo anterior ao ano-novo para os romanos, e que seria o mĂȘs das divindades infernais, mas tambĂ©m das purificaçÔes. Tais festas duravam dias, com comidas, bebidas e danças. As escolas fechavam, os escravos tiravam folga e os romanos dançavam pelas ruas – bloquinhos, basicamente. E sim: orgias e bebedeiras descomunais faziam parte do cardĂĄpio de diversĂ”es. Os papĂ©is sociais tambĂ©m eram invertidos temporariamente, com os escravos colocando-se nos locais de seus senhores, e estes colocando-se no papel de escravos.

E tinha atĂ© carro alegĂłrico. Eles levavam homens e mulheres nus e eram chamados de carrus navalis (“carro naval”), pois tinham formato de navio. O ponto Ă© que a expressĂŁo acabaria “ressignificada” na Idade MĂ©dia, conforme a Igreja CatĂłlica ia cristianizando tradiçÔes pagĂŁs. É provĂĄvel que o carrus navalis tenha virado, por aproximação fonĂ©tica, carnis valles (“afastar-se da carne”).

Porque “afastar-se da carne”? Porque migraram a festa com carros alegĂłricos e doideira generalizada de dezembro para os Ășltimos dias antes de uma quarentena religiosa: a “quaresma”.

Com o objetivo de estruturar seu poder e garantir seu crescente domínio na sociedade que habitou o Império Romano, a Igreja buscou disciplinar tais festas e impor alguns limites. Com a criação da quaresma no século VIII, a Igreja limitou a realização das festas até essa data, comemorada 40 dias antes da Påscoa.

O ano Ă© 590 d.C. e o Papa GregĂłrio reconhece oficialmente o Carnaval, uma festa pagĂŁ, com a condição de que o dia seguinte, a Quarta-Feira de Cinzas, seja usado para purificação dos pecados cometidos durante os festejos. Carnaval estĂĄ relacionado com a ideia de deleite dos prazeres da carne marcado pela expressĂŁo em latim “carnis valles” ou “carnem levare”, que, acabou por formar a palavra “Carnaval”, sendo que “carnis” em significa carne e “valles” significa prazeres, ou tambĂ©m “abster-se, afastar-se da carne”.

Como a celebração antecede a Quaresma, período de 40 dias antes da Påscoa em que não se deve comer carne, a expressão se popularizou. Depois surgiram termos como carnelevarium, carnilevaria, carnilevamem.

O entrudo pintado por Jean-Baptiste Debret (1768-1848).

 

Como surgiu o Carnaval no Brasil

O Carnaval no Brasil teve origem no entrudo, que chegou ao paĂ­s em 1641, no Rio de janeiro, junto aos portugueses. Entrudo significa entrada, marcando assim a entrada do perĂ­odo de carestia religiosa. No Brasil, ela era praticada desde o perĂ­odo colonial, principalmente por escravos e as camadas populares.

Os africanos escravizados se divertiam nestes dias ao som de batuques e ritmos trazidos da África e que se mesclariam com os gĂȘneros musicais portugueses. Esta mistura seria a origem da marchinha de carnaval e do samba, entre muitos outros ritmos musicais.

A festa acontecia nos trĂȘs primeiros dias antes da quaresma e era dividido em dois tipos: popular e familiar. O entrudo popular era realizado nas ruas com pessoas fantasiadas, e havia o costume de se jogar ĂĄgua, ovos e farinha nos rostos das pessoas. JĂĄ o familiar o costume era jogar nas pernas “limĂŁo-de-cheiro” ou “laranjas de cheiro” um nos outros, pequenas bolas de cera recheadas com ĂĄguas perfumadas, que quase sempre eram desagradĂĄveis. A prĂĄtica era considerada violenta, alĂ©m de haver uma sĂĄtira com as posiçÔes sociais, o que desagradava a elite do Brasil.

Jogos do entrudo. Aquarela de Augustus Earle (1822)

 

Hå relatos históricos sobre a realização do entrudo em Pernambuco em meados do século XVI. No Rio de Janeiro, em meados do século XIX, a pråtica chegou a ser considerada crime e proibida nas ruas. Foi assim que surgiram os bailes em clubes e teatros.

No começo do sĂ©culo XX, com o objetivo de civilizar a festa, a prĂĄtica de lançar farinha e ĂĄgua foi proibida. Por isso, as pessoas começaram a importar dos carnavais de Paris e Nice o costume de jogar confetes, serpentinas e buquĂȘs de flores.

Com a popularização dos automóveis, as famílias mais abastadas do Rio de Janeiro, Salvador ou Recife, saíam com os carros e jogavam confetes e serpentinas nos passantes.

Esta tradição se manteve até a década de 30, quando se registrou o fim da fabricação dos automóveis descapotåveis e também pelo barateamento dos veículos que permitiam as classes populares entrarem na festa.

Desenho de Angelo Agostini (1843-1910) mostrando o carnaval no Rio de Janeiro, publicado na Revista Ilustrada, em 1884.

 

O primeiro baile de carnaval do Brasil aconteceu no Largo do Rocio, na cidade do Rio de Janeiro, em 1840. Ele foi organizado por uma atriz italiana que pretendia trazer ao Brasil algumas influĂȘncias do carnaval veneziano.

Em 1854, por conta de repressão policial, a festa caiu em declínio. Foi então que os bailes de måscaras e fantasias em clubes e teatros ganharam força.

E se quiser conhecer mais fatos interessantes, origem de expressĂ”es populares, dicas de filmes e livros, nĂŁo deixe de explorar a minha coluna “Senta que lĂĄ vem histĂłria”. Toda semana eu preencho esse espaço com as mais diversas curiosidades. Obrigada pela leitura, me siga nas minhas redes sociais:

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