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Vizinhos deixam bilhete em carro ‘abandonado’ e dono contesta

Segundo os moradores, o carro está estacionado no mesmo local há três anos; dono do veículo contesta e alega que passa por problemas graves de saúde

Moradores da rua Agrimensor Cassimiro Milioli, na área central de Criciúma, deixaram um bilhete em um carro que está estacionado no mesmo local há aproximadamente três anos. Indignados, os vizinhos pedem para que o proprietário do carro “tome vergonha na cara”. 

O bilhete com a ‘mensagem de amor’ repercutiu nas redes sociais. “Fazem 3 anos que seu carro está estacionado na rua tirando a vaga de outras pessoas e juntando lixo ao redor. Tome vergonha na cara e retire esse carro, todos estão incomodados com a situação”, disse o recado.

A cena foi compartilhada nas redes sociais e outros moradores comentaram na postagem. “Nossa maior curiosidade desde que nos mudamos para o ap novo é esse carro estacionado na rua. Hoje algum vizinho indignado deixou um bilhete”, disse a responsável pela publicação.

Eu moro nessa rua e sempre fiquei intrigado com esse carro, agora esse bilhete esclareceu tudo”, comentou um vizinho.

Segundo os moradores, anteriormente o carro estava estacionado em outra rua. Como os vizinhos também se incomodaram e colocaram bilhetes, o proprietário tirou e estacionou no local atual. “Esse carro ficou meses em outra rua, naquela lateral do mc. Direto os moradores colocavam bilhetes, até que um dia acho que denunciaram e o dono tirou o carro e colocou ali agora”, escreveu uma internauta.

A Diretoria de Trânsito e Transportes (DTT) de Criciúma informou que até o momento não foram realizadas reclamações referente ao veículo no departamento. 

Fotos: Divulgação/redes sociais

 

Contraponto

Em contato com o Portal Litoral Sul, o proprietário do veículo informou que o carro está no local há nove meses e não há três anos. Ele informou que o carro estaria desde abril de 2022 na vaga. O motivo do carro estar no local é que ele sofre de uma doença rara. Por isso teria sido internado por duas vezes no Hospital São José e teria ido até Porto Alegre realizar consultas.

O carro estaria no local desde o momento em que o proprietário descobriu que estaria com a doença rara e sem cura. Por este motivo ele é acompanhado por nutricionistas, neurologista e cardiologista. Bem como realiza sessões de fisioterapia e com a fonoaudióloga.  De acordo com ele, a doença é parecida com a esclerose múltipla.

“Vai perdendo os movimentos nos braços, pernas, tem que tem que usar muleta, andador, cadeira de rodas, fica vegetativa, ataca a (disfagia) que é a dificuldade de deglutição na qual eu já tenho a 1 ano (não conseguir se alimentar com alimentos sólidos, somente líquidos ou pastosos”, informou o dono do carro. “Primeiro minha vida”, completou.

Por este motivo, ele alega ter deixado o veículo no local que fica próximo de onde mora. O dono do carro informou ainda que irá entrar na Justiça contra a moradora que colocou o bilhete no veículo.

O que diz a lei?

Segundo o advogado Vinícius Ribeiro, em entrevista para o Portal ND+, presidente da Comissão de Trânsito da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Criciúma, o Código de Trânsito Brasileiro (CBT) não traz nenhum artigo específico sobre esses casos.

“Tem o manual de infrações que trata, em alguns momentos, sobre veículos abandonados, mas nenhum traz a opção de remoção por estar por um tempo prolongado, a não ser que aquele veículo seja fruto de roubo ou furto”, explicou.

O CBT também garante a remoção de veículos que estejam estacionados de maneira irregular, como em esquinas, sobre passeios, em lugares com marcas de canalização, entre outros.

Em Criciúma, há também uma Lei Municipal nº. 7955, de agosto de 2021,  que trata sobre a remoção de veículo automotor abandonado ou estacionado em situação que caracterize abandono em vias públicas.

“Teve vários casos de prefeituras que fizeram a remoção de veículos, devido ao acúmulo de água, mosquito, bichos, nesse sentido, porque na verdade existe uma propriedade. Então, é notificar o proprietário para que ele faça a remoção do veículo, pois ali pode estar trazendo algum problema para a população”, explicou o advogado.

 

Com informações: ND+

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