[VÍDEO] Senta que lá vem história – Você conhece a história do Chiclete e como surgiu?
Os pesquisadores se dividem sobre quem seriam os criadores da goma. Boa parte deles acredita que o chiclete surgiu por volta do ano de 9 000 a.C., na região da Mesopotâmia, onde foram encontrados resíduos de chicle feito de resina de bétula em dentes humanos. Outros defendem que os “pais” do chiclete seriam os povos antigos que viviam na América, antes mesmo da colonização europeia. Os Maias, que viveram entre 1000 a.C e 900 d.C., mascavam resinas extraídas da árvore de Yucatán para refrescar o hálito.
Entre em nosso grupo e receba as notícias no seu celular. Clique aqui.
Acredita-se que essa resina era chamada pelos Maias de “Tchi-Clé” (“Tchi” significaria “boca” e “Clé”, movimento). A palavra foi adaptada pelos colonizadores espanhóis. Já os Astecas, que viveram entre os séculos XIV e XVI, faziam gomas de mascar a partir do látex do sapotizeiro – árvore que dá o sapoti – que produzia uma resina a qual os nativos davam o nome de chicle. Eles a utilizavam para ajudar na produção de saliva durante as caminhadas.
Substituto da borracha?
Em 1848, o norte-americano John Curtis desenvolveu o primeiro “chiclete” artesanal: ele fervia a resina da árvore abeto, cortava-a em tiras e aplicava uma camada de amido para elas não grudarem. Entretanto, a resina não tinha um gosto muito agradável e era bastante frágil ao ser colocada na boca.
Anos depois, Thomas Adams, de Nova York, formou uma parceria com o então exilado presidente mexicano Antonio López de Santa Anna para substituir a borracha pelo chiclete. O presidente exilado pretendia criar algo muito inovador para poder voltar ao seu país; porém, os experimentos não deram muito certo.
A guloseima como conhecemos hoje foi criada em 1872, pelo inventor norte-americano Thomas Adams. Depois de ver uma menina pedir um pedaço de parafina para mascar, ele inventou uma goma com as sobras de resina do Sapotizeiro. O sucesso de sua criação foi tão grande que logo Adams sofisticou a goma, que foi chamada de “Adams New York nº 1”.
Nas décadas seguintes ele precisou abrir várias fábricas para atender à grande demanda dos consumidores dos EUA.
Variedade de sabores
Adams, então, percebeu que era inútil criar um produto para substituir a borracha e viu que estava indo para um caminho muito mais alimentício, podendo tomar o lugar da goma de mascar feita de resina. O produto funcionou dessa forma, tanto que inúmeros outros produtores começaram a se apropriar da ideia – isso já no começo dos anos 1900.
No século 20, muitas pessoas fizeram fortuna através do chiclete. Uma delas foi William Wrigley Jr., um vendedor de sabão e pipocas de Cleveland, nos EUA, que começou a distribuir chicletes como brinde até que se deu conta de que estava com uma mina de ouro nas mãos e criou seus próprios sabores. Para promover as novidades, ele enviava malas-diretas para a casa de milhões de norte-americanos, que logo se viciaram no produto que se chamava “Yucatan”.
Já o chiclete de bola teve origem nas mãos de Frank H. Fleer, já no século XX. Ele chamou sua criação pelo sugestivo nome de Blibber-Blubbler.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o produto passou a ser comercializado com o intuito de aliviar o estresse dos civis e dos soldados dos EUA. Foi no período pós-guerra que as vendas do chiclete dispararam. Depois do fim da Grande Guerra as resinas naturais foram substituídas por substâncias sintetizadas a partir do refino do petróleo, por causa do custo de fabricação.
A partir da década de 1960 surgiram os primeiros chicletes sem açúcar, que segundo os fabricantes, além de diminuírem os riscos de cáries, ajudam a manter os dentes limpos, pois estimulam a produção de saliva, que remove partículas de alimentos.
O Ping-Pong, a primeira goma de mascar do Brasil, foi lançada pela Kibon em 1945. Foram os soldados norte-americanos quem apresentaram a guloseima aos brasileiros durante a Segunda Guerra Mundial. Nos anos 40, o chiclete virou ícone do american way of life e, por isso, não podia faltar na bagagem dos militares que ficaram nas bases montadas pelos Estados Unidos no Nordeste.
Existem diferentes tipos de chicletes: desde aqueles que você apenas masca até aqueles mais propensos a fazer grandes bolas. A goma de mascar, por exemplo, pode ser feita de componentes vegetais – tanto que os gregos antigos e os maias mastigavam algumas plantinhas para refrescar o hálito.
O chiclete, quase como o conhecemos hoje, começou a circular em meados dos anos 1800. Ele vinha embalado e era usado para duas finalidades: adoçar a boca, em um processo gradual e lento, e também limpar os dentes. Cada tipo específico é feito de uma maneira diferente, apesar de que, hoje em dia, é bem incomum vermos pessoas trocando a escovação por um chiclete, não é?
A partir de 1906, o chiclete começou a ficar mais recreativo, e as pessoas passaram a fazer bolas com eles. Só que sua fabricação ainda não era perfeita, e muita gente não gostou da novidade. Ele só se tornou popular, inicialmente entre os adolescentes, com o aprimoramento dos sabores e da consistência.
Polêmico desde os maias mexicanos, já foi considerado prejudicial à saúde e serviu de símbolo de contestação na década de 60. Estudiosos defendem que a goma de mascar estimula a inteligência, além de disfarçar o mau hálito e diminuir a ansiedade. De forma engajada ou não, o fato é que o chiclete pegou. Virou tema de música, gíria, mania de famosos, de crianças e adultos no mundo todo. Só no Brasil, são vendidos cerca de 18 milhões de unidades por dia.
Um resumo da ordem cronológica da história do chiclete:
9000 a.C.
Suecos encontraram um pedaço de goma que trazia marcas de dentes de uma mulher primitiva.
4000 a.C. a 2500 a.C.
Gregos mastigavam a goma da árvore mástiche para tentar curar doenças e o mau hálito.
2000 a.C. a 1453 d.C.
Os maias, no México, mascavam o látex da árvore sapotizeiro e o chamavam de chicle. Ele deixava a boca úmida durante as viagens (mas o hábito de mascar não era bem visto por todos).
1848
O lenhador John Bacon Curtis ferveu, cortou e embalou a resina de um abeto, a árvore de Natal. Mesmo sem sabor, o produto fez sucesso e inaugurou a produção comercial do chiclete.
1872
O fotógrafo nova-iorquino Thomas Adams Jr. sovou uma massa de látex de sapotizeiro e criou uma goma sabor alcaçuz, vendida a 1 centavo em farmácias. Foi o início da gigantesca Adams.
1910
Ao entrar na concorrência pelo mercado em expansão, a empresa Frank H. Fleer inventou os Chiclets, pastilhas doces revestidas de amêndoas.
Mais tarde, o produto foi comprado pela Adams e se tornou sinônimo de goma de mascar no mundo inteiro.
1928
Aos 23 anos, Walter Diemer, da empresa de Fleer, cria a primeira goma que faz bolas. Sem saber nada de química, misturou os ingredientes certos com um corante e distribuiu as pastilhas uma noite após o Natal. A partir daí, o rosa se consagrou como cor preferencial das gomas de mascar.
1939
Durante a Segunda Guerra Mundial, soldados americanos mascavam para impedir que o maxilar travasse em emboscadas noturnas.
1945
Os moradores de Natal, no Rio Grande do Norte, conheceram o chiclete industrializado por meio do contato com soldados americanos. Dez anos depois, é lançado o Ping Pong, o primeiro chiclete 100% brasileiro.
1950
A preocupação com a cárie levou uma dentista a criar a goma diet. A primeira goma sem açúcar foi lançada pela empresa Wrigley, em 1960. O Trident, chiclete sem açúcar da Adams, saiu dois anos depois.
1959
O samba Chiclete com Banana, imortalizado por Jackson do Pandeiro, era um protesto à invasão da cultura americana no País. O conceito inspirou tirinha homônima do cartunista Angeli e deu nome a uma das principais bandas carnavalescas da atualidade.
1994
A americana Susan M. Williams entrou para o Guinness ao fazer a maior bola de chiclete do mundo: 58 cm de diâmetro.
1996
Liberada nos EUA a venda da nicotina em forma de chiclete, a Nicorette.
2005
Pet chiclets, uma goma para cachorros, é lançado nos sabores menta, defumado e natural. O produto prevenia tártaro e mau hálito.
2010
A Kraft lança o Trident Total, goma de mascar com proteína do leite que, de acordo com a empresa, ajuda a repor os minerais perdidos diariamente.
Com ou sem açúcar, é bom tomar alguns cuidados com essa guloseima. Crianças pequenas que engolem a goma correm o risco de ter as vias aéreas bloqueadas ou de ter interrompido o fluxo intestinal. Outro alerta: mascar com a barriga vazia pode causar problemas estomacais, pois há um estímulo desnecessário à produção de enzimas gástricas.
Hoje em dia, a variedade de sabores e formatos dos chicletes é gigantesca. Eles existem tanto para fins recreativos quanto medicinais – basta nos lembrarmos dos chicletes de nicotina para quem está tentando largar o cigarro. Você tem algum sabor favorito? Não deixe de comentar!