Animais comunitários ganham as ruas
São mais animais em situação de abandono do que pessoas interessadas em acolhê-los
A conta não fecha. São mais animais em situação de abandono do que pessoas interessadas em acolhê-los. A solução definitiva para o problema é de longo prazo e depende do investimento em políticas públicas de castração em massa, conscientização para guarda responsável e punição à prática de maus-tratos, segundo preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Enquanto tudo isso não acontece, a alternativa imediata para minimizar o sofrimento de cães e gatos em situação de rua é tratá-los e monitorá-los no ambiente onde vivem, ou seja, nas próprias comunidades.
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Conceito que ganha força no país e no mundo, o “Animal Comunitário” é reconhecido por lei municipal em Criciúma (lei 7367, de 2018) e pela lei estadual 18.058, de 2021, e já tem muita gente aderindo à prática. Prova são as casinhas, de madeira ou improvisadas, instaladas em frente a algumas residências e mesmo em estabelecimentos comerciais em vários municípios da região. A rotina de alguns protetores dedicados à disseminação da ideia é tema da coluna de hoje. Confira!
Protetora independente dá exemplo na Quarta Linha
A protetora independente Maria Teixeira, moradora da Quarta Linha, é uma das precursoras em prestar cuidados a animais comunitários em Criciúma. Começou o voluntariado há exatos seis anos, com a instalação de comedouros confeccionados em PVC para disponibilizar ração na área central do bairro e atualmente é responsável direta pelo monitoramento de 25 mascotes.
Para acolhê-los, ela instalou casinhas em frente e aos fundos de sua casa e ainda em um terreno baldio do filho que cercou para esse fim, na pista de skate de uma área de lazer do bairro e ao lado de um supermercado. Sem contar com a clientela que se alimenta diariamente nos comedouros e outros sete sortudos que já adentraram o pátio e estão com o destino garantido. “Certamente são mais de 50 cães que alimento diariamente, já que nos caninhos de PVC devem comer uma média de 15 animais por dia”, estima Maria, que investe também em conscientização para multiplicar seu trabalho. “Os animais aparecem na rua porque alguém os abandonou, jogou fora, e eles morrem de fome, de sede, então é preciso agir, não dá para esperar”, desabafa a protetora, que acredita já ter mudado a opinião de muita gente.
Segundo ela, entretanto, ainda há muito a ser feito. “Não é incomum nós protetores nos depararmos com animais apavorados pelo recente abandono, doentes ou filhotes e daí nos vimos na obrigação de resgatá-los”, relata. Como o encaminhamento à adoção é difícil, a solução, segundo ela, é cuidar da forma possível, mesmo que nas ruas. “Todos os 25 cães que monitoro hoje nas proximidades da minha casa estão prontos para adoção, totalmente disponíveis. São saudáveis e sociáveis e merecem um lar de muito amor”, atesta a protetora, que disponibiliza o contato de WhatsApp para quem quiser conhecer de perto seu trabalho e, quem sabe, dar um lar definitivo para algum integrante de sua trupe: 48 99994-1117.
Ong monitora cães no centro de Criciúma
A região central de Criciúma também conta com animais comunitários, alimentados e monitorados por moradores e lojistas. Com base nesse tipo de ação foi formada a associação dos Protetores Independentes da Praça (Pipa), idealizada pela advogada e professora Rosane Machado de Andrade. Segundo ela, uma “clientela fixa” costuma se alimentar nos comedouros de PVC instalados por ela na pracinha do Congresso e diariamente higienizados e abastecidos.
Ainda há duas casinhas instaladas pela Ong na praça Nereu Ramos, que, segundo a advogada, são utilizadas de forma assídua por três cães já conhecidos pelos cuidadores locais e esporadicamente por outros cães que circulam ocasionalmente na região. “Há um grupo de cuidadores sempre atentos nas praças do Congresso e Nereu Ramos, fazendo o monitoramento dos cães que ali vivem, bem como identificando animais novos no local”, relata Rosane, que diz que todos os animais são vacinados, castrados e medicados contra parasitas e vermes. Ela atesta ainda que todos são dóceis e sociáveis. Ou seja, estão prontos para adoção responsável e, enquanto isso não acontece, merecem todo nosso cuidado e respeito. Mais detalhes sobre a Pipa no link
Lei ampara animais comunitários
Segundo a Lei de Bem-Estar Animal 7367, de Criciúma, o animal comunitário deverá ser castrado, registrado e identificado por microchipagem e coleira visível e padronizada. A lei municipal determina ainda que sejam cadastrados como cuidadores do animal os cidadãos que se encarregam de seu trato diário. Quem cuida de um ou mais cães ou gatos nas ruas, portanto, pode procurar o Núcleo de Bem-Estar Animal de Criciúma para a castração e vacinação do companheiro, bem como para o devido registro como Animal Comunitário. O NBEA fica localizado na rua Miguel Patrício de Souza, bairro Renascer, e agenda atendimento pelo WhatsApp: 48 3445-8729.