Neyde Martins Alves, de 76 e Joaquim Cesar Vieira da Silva, de 61 anos, se conheceram, se apaixonaram e se casaram num lar para idosos. O namoro com o engenheiro civil aposentado começou há sete meses. Neyde se casou pela primeira vez. Para os dois, os últimos anos não foram fáceis, apesar do carinho de amigos e funcionários no Lar de Sarepta, no Catumbi, Zona Norte do Rio. Há pelo menos nove anos Neyde vivia sozinha. “Não tem mais ninguém, sou sozinha. Por isso me apeguei. Ele é muito carinhoso e diz que até a minha voz é carinhosa”, contou a idosa.
Cesar também viveu dias amargos antes de chegar à casa de repouso. O alcoolismo e a depressão, além de seguidos episódios de agressividade, acabaram afastando a família de César. Cesar tem alguns lapsos de memória – e de poucas palavras – ele revela aos poucos pequenas vontades e sonhos de uma vida a dois.
Futuro
O aposentado pretende levar Neyde para Búzios, na Região dos Lagos, e viver numa casa alugada. A família dele aprovou o casamento e o tratamento que recebeu. “A vinda do meu pai aqui foi uma verdadeira bênção porque ele tinha sérios problemas com depressão, com alcoolismo, e esse lugar mudou a vida dele completamente. Ele passa por todo um trabalho psicológico, de ajuda, e um dos fatores que mais o ajudaram a sair da depressão foi esse amor incrível que ele conquistou junto com a Dona Neyde”, explicou Mariana Kiss, filha de Cesar.
Neyde lembra bem como a “paquera” começou. Segundo ela e funcionárias da casa que testemunharam o nascimento da relação, o namoro surgiu enquanto os dois, juntos, assistiam à televisão. E conta que a primeira “investida” foi dela.
Assim que os laços foram se estreitando, todas as vezes que Cesar passava pela janela do quarto de Neyde, ela mandava “beijinhos”. A decisão de casar, no entanto, partiu dele.
O casamento
Os detalhes para a noiva foram pensados minuciosamente: colar e arranjo de cabeça ornados com pérolas, roupa branca e sandálias reservadas especialmente para o dia. Além disso, fotos e entrevista.
O engenheiro estava de camisa social e gravata borboleta.
Ao longo do pátio foi estendido um tapete vermelho que chegava até um altar improvisado.
O espaço foi arrumado com a mesa de doces de um lado e cadeiras para os convidados, de outro. Um ligeiro atraso na cerimônia foi driblado pela música “Eu Te Darei o Céu”, de Roberto Carlos.
Toda a organização ficou por conta de voluntários e colaboradores do Lar de Sarepta. A instituição não tem fins lucrativos e vive da contribuição de parentes dos idosos que lá vivem. Ao todo, a casa abriga 41 pessoas, 27 mulheres e 14 homens. Administradora do espaço, Valdimélia Silva Chaves disse que o lar precisa de fraldas, leite, alimentos não perecíveis e de revitalização.
Na parede externa do prédio de três andares faltam reboco e pintura.Ajudaram na celebração, além das voluntárias do grupo Ação do Bem Querer, o fotógrafo Dantas Jr. e o maquiador Bueno.
Colaborou: www.sonoticiaboa.com.br/