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Annie Edson Taylor: a primeira pessoa que desceu as Cataratas do Niágara em um barril e sobreviveu

Annie foi a primeira pessoa na história a realizar o feito, arriscando a própria vida por um motivo inusitado. No entanto, nem tudo saiu como planejado

O que você faria por fama e dinheiro? A resposta pode variar dependendo para quem você pergunte, mas uma coisa é certa, entre todas as possibilidades, poucas pessoas diriam que arriscariam as próprias vidas para que isso acontecesse.

Annie Edson Taylor, escolheu a maneira mais inusitada que isso se concretizasse: descer as Cataratas do Niágara em um barril. Com três cascatas de até 50 metros de altura, as Cataratas do Niágara chamam atenção de turistas, aventureiros e amantes da natureza. Localizada na fronteira entre Canadá e Estados Unidos, é a maior cachoeira do mundo em fluxo volumétrico de água, logo acima das Cataratas do Iguaçu — que é mais alta e mais larga, mas tem um volume menor. É o cenário certo para ideias insanas como de Annie, em descer a queda d’água dentro de um barril.

Assim, em 24 de outubro de 1901, em seu aniversário de 63 anos — embora ela alegasse ter 40 —, Taylor entrou em um barril de madeira e partiu em busca do sucesso. Mas Annie não queria ser famosa apenas pela fama em si, ela tinha uma motivação maior que isso.

Annie teve uma vida difícil: veio de uma família de oito filhos, perdeu o pai jovem, e estudou para se tornar professora. Ela se casou, mas seu único filho morreu na infância, sendo seguido logo depois por seu marido que morreu na Guerra Civil. Depois de suas perdas, Annie passou muitos anos indo de emprego em emprego, de cidade em cidade, em busca de um meio de se assegurar financeiramente. Ela sabia que não havia muito espaço para viúvas frágeis e sem dinheiro em uma nação industrial em expansão.

A maluca ideia surgiu em sua mente depois que leu um artigo em uma revista sobre pessoas que ficaram famosas por velejarem em banheiras na parte inferior das Cataratas. Afinal, se alguém já ficou conhecido por isso, imagina o que aconteceria com ela, que prometia elevar a atividade em um nível mais extremo e perigoso, então pensou que precisava fazer algo drástico para não passar seus últimos anos em miséria. Foi quando lhe veio a ideia, ela pularia das cachoeiras em um barril.

Primeiro, ela lançou a ideia a um agente, Frank Russel, e juntos eles partiram para as Cataratas para convencer os funcionários a permitirem que Anne pulasse do local em um barril selado. Vários aventureiros anteriores tinham tentado o mesmo e acabaram mortos. Então, antes de convencer os funcionários, ela precisava fazer um teste. O voluntário para tal ensaio foi um gato, que foi enfiado no barril e preenchido com colchão. O gato sobreviveu apenas com um ferimento na cabeça. Dois dias depois, Annie testou ela mesma o barril.

Ela usou um barril feito sob medida, construído de carvalho e ferro, impermeável e acolchoado por dentro, essa era a sua única proteção contra a Horseshoe Falls, porção mais violenta das cataratas. Vários atrasos ocorreram no lançamento no barril, especialmente porque ninguém queria fazer parte de um projeto potencialmente suicida, ela tentou convencer seus amigos que não era suicídio, e o plano foi posto em ação.

Com a ajuda de dois assistentes, Annie se amarou em um arnês de couro fixado dentro de um barril de madeira — com um metro e meio de altura por um de diâmetro, uma equipe de repórteres registrava tudo que acontecia. Lá, uma linha que a prendia a embarcação foi cortada e Annie lançada ao seu próprio destino.

Mas no dia 24 de outubro de 1901, apenas 8 meses depois da morte da Rainha Vitória, o barril foi colocado em um barco a remo e Taylor subiu junto de seu travesseiro da sorte em forma de coração.

 

Ela entrou no barril e foi colocada à deriva perto da costa, a parte de cima foi tapada, e ar comprimido foi bombeado pela rolha, com uma bomba de bicicleta. Selado hermeticamente, o barril foi solto e, 20 minutos depois, ela foi resgatada no rio Niágara, apenas com um corte na cabeça — mas quase morrendo de asfixia. Poucos quiseram pagar para ouvi-la. De consolo, recebeu a alcunha de Heroína das Cataratas do Niágara.

 

Annie Taylor sendo resgatada das águas

 Ela ficou momentaneamente inconsciente após a queda, mas foi andando em segurança de volta para a margem do rio. Ela contou a experiência aos repórteres:

“Eu orei cada segundo em que estive np barril, exceto por alguns segundos após a queda, durante os quais eu fiquei inconsciente. Ninguém nunca deveria fazer isso novamente. Se esse fosse o meu último suspiro, gostaria de alertar qualquer pessoa contra essa tentativa. Eu prefiro ir até a boca de um canhão, sabendo que ele me explodiria em pedaços, do que fazer outra viagem dessas”.

Infelizmente, a sorte de Annie durou pouco. Quase imediatamente depois, Russel desapareceu com o seu barril e contratou uma mulher com a metade da idade de Taylor que fingia que tinha realizado a façanha. Annie gastou a maior parte de suas economias contratando detetives para encontrar novamente seu barril. Em seus últimos anos, Annie ganhava dinheiro posando com turistas para fotos e dando pequenas palestras. Em 1906, ela deu último mergulho nas Cataratas, tentando reconstruir seu barril (que nunca mais foi encontrado), e ganhando dinheiro também como vidente.

Em 1906, ela falou da possibilidade de realizar um segundo salto nas cataratas, de escrever uma novela ou de retomar o filme do salto que em 1901 tentou realizar sem sucesso. Nesses anos também trabalhou como charlatã administrando tratamentos terapêuticos magnéticos para a população local.

Annie morreu em 29 de abril de 1921, aos 82 anos, em Nova York. Ela morreu por conta de uma doença chamada morféia. Apesar de tudo, Annie inspirou muitas pessoas a soltarem sobre as Cataratas: entre 1901 e 1995, 15 pessoas tentaram e 10 sobreviveram. Desde o início do século 20 até hoje, pular as Cataratas é ilegal, e os sobreviventes enfrentam taxas e multas pesadas de ambos os lados da fronteira.

Antes de você se animar, saiba que descer as cataratas é crime. Em 1951, o Parque Nacional do Niágara se viu obrigado a proibir o ato e aumentar a multa para quem pulasse nas cataratas sem permissão — de meros 100 dólares, hoje pode chegar a até US$ 10.000.

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