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A serial killer Leonarda Cianciulli ficou famosa por transformar as vítimas em bolos e sabonetes

Com uma receita fatal, a mulher ceifou a vida de três senhoras em um ritual frio e calculista que chocou a Itália dos anos 1940.

Se a infância é decisiva na vida de uma pessoa, a de Leonarda Cianciulli com certeza ajudou a formar uma das serial killers mais temidas da Itália. Nascida no dia 18 de abril de 1894, em Montella, na Província de Avellino, na Itália, Leonarda Cianciulli acumulou apenas infortúnios e sofreu com abusos, abandono e problemas psicológicos. Ela cresceu ouvindo de sua mãe que ela havia sido amaldiçoada com má sorte quando ainda estava em seu útero por uma mulher que se dizia bruxa.

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Em uma sociedade e cultura em que superstições eram levadas como algo muito sério, Leonarda nunca teve nenhuma assistência de sua mãe mentalmente instável, que a diminuía e a espancava sempre que tinha oportunidade, ainda deixando claro que ela teria uma vida maldita, repleta de infelicidade, morte e desgraça, pois esse era o seu destino para sempre. A jovem tentou suicídio duas vezes enquanto ainda era adolescente.

Filha de pais bastante rígidos, sofreu bastante quando decidiu se casar em 1917 com Raffaele Pansardi, um funcionário do cartório local, indo contra os planos de seus pais de um casamento arranjado que traria dinheiro e status para a família. Leonarda afirmou que nesta ocasião sua mãe os amaldiçoou. Com o matrimônio desaprovado pelos pais, Leonarda mudou-se com seu marido para a cidade de Pansardi, em 1921.

Leonarda Cianciulli passou a acreditar cada vez mais nas palavras da mãe quando não conseguia engravidar. Nas cinco primeiras tentativas, ela teve abortos espontâneos. Em Pansardi, eles sofreram com desemprego, passaram fome, tiveram a casa invadida e a mulher chegou a ser presa por fraude em 1927. Quando libertados, o casal se mudou para Lacedonia, Avellino e tiveram a casa destruída pelo Terremoto Ipirina, em 1930, forçando-os a se mudar definitivamente para Correggio, onde ela abriu uma pequena loja e passou a cozinhar para a vizinhança, conquistando respeito e autoridade.

De seu casamento com Raffaele, Leonarda teve um total de 17 gestações. Supersticiosa ao extremo, Leonarda havia procurado uma cartomante cigana há algum tempo, que informou que ela teria filhos eventualmente, mas que quase todos morreriam ainda jovens. Ao longo dos anos, para o desespero e loucura da mulher, a previsão se mostrou correta. Dos 17 filhos que Leonarda Cianciulli teve, 13 deles ela perdeu para abortos, acidentes, doenças incuráveis e outras fatalidades que só serviram para apertar mais um nó terrível na psicologia destruída dela.

Enquanto as 4 crianças sobreviventes ainda eram jovens, Leonarda visitou uma cartomante que aumentou ainda mais seus medos. Segundo a médium, todas as crianças morreriam, independentemente da idade ou sexo.

Temendo pela vida dos filhos, Leonarda quase morreu de preocupação quando seu filho mais velho, Giuseppe, decidiu se alistar para o exército italiano e, assim, lutar na Segunda Guerra Mundial, em 1939. Ela estava determinada a protegê-lo a todo custo, e chegou à conclusão de que sua segurança exigia sacrifícios humanos. Leonarda fez de suas vítimas em três mulheres de meia idade, todas vizinhas.

Por um bom tempo, Leonarda examinou suas opções e observou as pessoas que viviam a sua volta. Ela teve o cuidado de escolher três mulheres solteiras, sem parentes próximos e com bastante dinheiro.

A primeira delas foi Faustina Setti, uma solteirona ao longo da vida que procurou ajuda para encontrar um marido. Sob uma desculpa esfarrapada de um pretendente conhecido para a mulher, Leonarda a atraiu até sua casa. Na residência, Faustina bebeu um copo de vinho batizado e apagou, depois Leonarda a matou com um machado e arrastou o corpo para um armário. Lá ela cortou em nove partes, coletando o sangue em uma bacia. Ela descreveu o que aconteceu a seguir em sua declaração oficial:

“Joguei os pedaços em uma panela, adicionei sete quilos de soda cáustica, que eu havia comprado para fazer sabão, e agitei a mistura até que os pedaços se dissolvessem em um espeto grosso e escuro que eu coloquei em vários baldes e esvaziei em uma fossa séptica próxima. Quanto ao sangue na bacia, esperei até ele coagular, secar no forno, moer e misturar com farinha, açúcar, chocolate, leite e ovos, além de um pouco de margarina, amassando todos os ingredientes. Fiz muitos bolos (teacakes) crocantes e servi-os às mulheres que vieram nos visitar, embora Giuseppe e eu também os comêssemos.”

A segunda vítima, Francesca Soavi, uma professora desempregada, com a promessa de ter encontrado um emprego para ela em uma escola para meninas em Piacenza, foi morta e descartada do mesmo jeito, em 5 de setembro de 1940.

No terceiro assassinato, Virginia Cacioppo, uma ex-soprano que cantou no La Scala. Para ela, Leonarda afirmou ter encontrado trabalho como secretária de um empresário misterioso em Florença. Como com as outras duas mulheres, ela foi instruída a não contar a uma única pessoa para onde estava indo, Virginia concordou. Em 30 de setembro de 1940, veio fazer uma última visita a Leonarda. O padrão para o assassinato era o mesmo dos dois primeiros. No entanto, ao contrário das duas primeiras vítimas, o corpo de Virginia foi derretido para fazer sabão. De acordo com a declaração de Leonarda:

“Ela acabou no pote, como as outras duas… sua carne estava gordurosa e branca, quando derreteu, adicionei uma garrafa de colônia e, depois de muito tempo fervendo, consegui fazer um sabão mais aceitável. Dei barras a vizinhos e conhecidos. Os bolos também eram melhores: aquela mulher era realmente doce.”

Leonarda teria recebido 50 000 liras Virginia, além de joias sortidas e títulos públicos. Ela até vendeu todas as roupas e sapatos das vítimas pela cidade.

O ritual bizarro estava quase chegando ao fim sem qualquer obstáculo. A assassina, por um momento, imaginou que sairia impune. Isso se a irmã de sua última vítima não estivesse de visita na época.

A jovem, desconfiada com o desaparecimento da irmã que foi vista pela última vez entrando na casa de Leonarda, foi até o superintendente de Reggio Emilia e abriu um inquérito. A investigação começou e, sem maiores problemas, Leonarda foi acusada.

A assassina não confessou os crimes hediondos até que seu filho, Giuseppe, fosse mencionado como suspeito. Para proteger o garoto, ela confessou todos os homicídios em longas horas de testemunho. A frieza e indiferença da mulher era tamanha, que ela ainda teve a ousadia de corrigir os detalhes quando algum promotor ou investigador errava. “Bem, eu como meus amigos, se eles também querem ser comidos, estou pronta para devorá-los”, contou aos oficiais. “Eu comi as desaparecidas, uma assada, outra estufada, outra cozida”.

Em seu julgamento, ocorrido em 12 junho de 1946, enquanto a promotoria afirmava, que de fato, ela agiu por pura ganância pelo dinheiro de suas três vítimas, Leonarda afirmou que teria cometido os crimes sob influência de sua mãe, morta há anos, e que lhe teria aparecido em um sonho ameaçando tirar a vida de seus filhos, se em troca ela não tivesse derramado sangue fresco e inocente.

Diz-se que, durante o julgamento, Leonarda teria sido (secretamente) levada para o necrotério onde, para provar que agia sozinha, com a ajuda de serras e facas, seria capaz de cortar um cadáver em apenas doze minutos, pois duvidava-se dessa capacidade, já que ela era pequena, ninguém podia acreditava que a esposa de um funcionário de cartório, com 1,50 metros de altura e 50 quilos pudesse ter cometido assassinato três vezes.

Em 20 julho de 1946, Leonarda foi considerada culpada dos três assassinatos, do roubo das propriedades das vítimas e do desprezo dos cadáveres e, portanto, foi sentenciada à hospitalização durante três anos em um asilo criminal, além de 30 anos de prisão. Nomeada como “a fabricante de sabão de Correggio”, ela morreu aos 76 anos, vítima de uma apoplexia cerebral, em 15 outubro de 1970.

Vários dos artefatos usados pela serial killer incluindo a panela em que as vítimas foram fervidas, o martelo, a serra, a faca de cozinha, os machados, o cutelo e o tripé, que foram os instrumentos de morte usados por Leonarda, estão em exibição no Museu Criminológico de Roma desde 1949. Enterrada no cemitério de Pozzuoli em uma tumba para pessoas pobres, no final do período de sepultamento, em 1975, ninguém reivindicou seu corpo e os restos acabaram no ossário comum do cemitério da cidade.

Uma história pra lá de macabra, e curiosa não é mesmo? O que acharam?

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