O argumento da Procuradoria Geral do Estado é o de que a exposição dos detalhes do transporte aéreo feito pelo Arcanjo-06 pode gerar risco de segurança ao revelar a rotina do governador Carlos Moisés (Republicanos), o que não intimida e só aumenta o discurso que caiu no colo do deputado Bruno Souza (Novo) sobre a utilização legal da aeronave, que o Estado cedeu ao Corpo de Bombeiros/Samu quando não utilizada pelas autoridades do Executivo.
A demora do governo para esclarecer o diário de bordo do Arcanjo, que teria respaldo em uma lei federal, a de acesso à informação, regulamentada por um decreto de 2012, que garante sigilo sob tudo que possa colocar em risco as mais altas autoridades do Poder Executivo e de seus familiares, é uma explicação técnica aceitável, mas que não pega junto aqueles que não entenderam o porquê de uma aeronave à disposição do governador ter virado ambulância eventual.
Hábil, Bruno inverteu o efeito e disse que Moisés não poderia utilizar o avião, que foi cedido aos bombeiros, inclusive com uma plotagem que confirma isso, embora não seja a realidade do aparelho, que continua “lotado” no gabinete do governador, informação que chega truncada à população.
Desde que conseguiu uma liminar, que não é uma decisão definitiva mas o prazo de 72 horas já teria vencido, o deputado do Novo, investido de paladino do dinheiro público – menos quando o assunto é o ICMS sobre o uísque, a vodka, o champanhe e o vinho, que ele preferia menor do que a incidência do imposto sobre o leite longa vida – tem garantido espaços valiosos nas redes sociais e na mídia para saber quem estava na aeronave e os percursos dos dias 06/08, 19/08, 20/08, 27/08, 08/09, 03/10 e 17/10 de 2021 e dias 20/01 e 25/01 de 2022, inclusive uma viagem de descanso a Bonito (MS).
Moisés, seus assessores da Casa Militar e do Corpo de Bombeiros Militar parecem não ter avaliado a munição que deram a um adversário em um ano eleitoral, minimizam o problema, que deveria ter sido resolvido em 2019, quando o governador ignorou o fator tempo, abriu mão de viajar em aeronave própria ou alugada e preferiu usar aviões de carreira, tampouco seguiu o que os demais chefes de Executivo país afora o fazem, entre eles Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais.
Em quem mira
Bruno quer saber dos diários bordo quem frenquentou a aeronave/ambulância. A mira está para identificar os colegas de parlamento, informação valiosa em ano eleitoral.