Historicamente, os relógios passam por evoluções e vem ganhando espaço para todos gêneros e estilo de vida. Sendo utilizado como adaptações para uma vida mais saudável e até como um acessório indispensável no momento de montar seu estilo. Mas sua história vai muito além de um acessório de moda e hoje vou te contar a origem do relógio de pulso.
Quem nunca se perguntou qual lado é o correto para usar um relógio ou estranhou ao ver alguém na rua com um relógio em um pulso diferente ao seu? Por isso também pretendo tirar essa dúvida que assombra muitas pessoas.
Mas antes responder essa pergunta preciso voltar um pouco no tempo e lembrar da história do relógio como registro da passagem do tempo.
Relógios simples de água ou areia são conhecidos por ter existido na Babilônia e no Egito em torno do século XVI a.C.. A história registra que apareceu na Judeia, mais ou menos em 600 a.C., com os relógios de água (clepsidras) e os relógios de areia (ampulhetas).
O relógio inicialmente era utilizado apenas pela alta sociedade como um relógio de bolso. Mas em 1814 a princesa de Nápoles, Carolina Murat irmã de Napoleão Bonaparte fez um pedido para o joalheiro Abraham Louis Breguet para que criasse um modelo especialmente a ela para que fosse usado no pulso.
Em 1868 foi oficialmente inventado o relógio de pulso, peça criada por Antoni Patek e Jean Adrien Philippe, fabricantes de relógios suíços, proprietários da relojoaria Patek Philippe. Até então, o relógio de pulso era marcado como um acessório popularmente feminino e logo foi vendido para condessa Koscowicz da Hungria.
Já o relógio masculino, se popularizou graças ao brasileiro Santos Dumont. O “pai da aviação”, pretendia cronometrar o tempo de vôo dos seus aviões durante suas experiências, mas com o relógio de bolso, tal ação, teria que tirar a mão do volante e os olhos da direção por mais tempo para consultá-lo, olhando para baixo, correndo grande risco de acidentes.
Decidiu então, encomendar ao seu amigo, o joalheiro francês Louis Cartier, um modelo que ficasse fixo no braço, e assim facilitasse o controle das horas de uma maneira mais fácil. Naquele tempo, os homens utilizavam apenas relógios nos bolsos, presos a uma corrente, o que trazia dificuldades a Santos Dumont no momento de pilotagem. A ideia de um homem usar um relógio de pulso era considerada estranha e engraçada na época, já que tais peças eram mais destinadas às mulheres.
Alberto Santos Dumont era um homem de muito estilo. Quando morou em Paris, no começo do século XX, era admirado não apenas por suas conquistas na área da aviação, mas porque ditava moda – o brasileiro desenhava as próprias roupas, confeccionadas pelo ateliê de Amélie Matisse, esposa do pintor francês Henri Matisse.
Em Março de 1904, dois anos antes de Santos Dumont construir o 14-Bis, Cartier apresentou-lhe o que é considerado, o primeiro relógio de pulso moderno masculino do mundo, batizado de Cartier Santos, com pulseira de couro. O joalheiro manteve os pinos do relógio no lado direito para serem ajustados de maneira mais fácil com a mão direita, pois assim não haveria muitas complicações quando Dumont estivesse calculando seus voos.
A coleção de relógios de Santos Dumont até hoje está preservada e já tem mais de um século de existência e ainda é vendida. Cartier produziu 10 peças em homenagem ao aviador a partir daquele primeiro protótipo onde no mostrador aparecia a assinatura e o rosto do inventor do avião. Com o relógio de pulso desenvolvido por Cartier, Santos Dumont conseguiu ler as horas sem precisar largar o comando do avião.
Em seu punho, a novidade não passou despercebida na alta sociedade parisiense. O modelo simples e funcional – uma caixa quadrada de metal presa a alças de couro – tornou-se símbolo de elegância, um ícone da Maison Cartier, adotado por várias celebridades desde que passou a ser fabricado comercialmente, em 1911.
Mesmo que essa seja uma invenção antiga, o relógio de pulso passou por impressionantes melhorias durante a Grande Guerra. A Primeira Guerra Mundial foi o marco definitivo no uso do relógio de pulso, já que os soldados precisavam de uma forma prática de saber as horas exatas, e liberar as mãos para disparar uma arma ou outra atividade.
Com a disseminação do relógio de pulso entre os sodados, os exércitos começaram a incrementar sua prática de guerra, tornando o item tendência não somente no campo de batalha, mas também entre os civis, que a partir de então associavam o relógio à bravata masculina.
Assim foi iniciado um movimento de inovações no design dos relógios. Nas trincheiras, as pulseiras, como eram chamadas, tinham uma estética radical, herdada dos relógios de bolso. Como o cenário era de violência, a proteção do objeto passava pelo uso do cristal como elemento de contenção de choques, não deixando o corpo do relógio exposto, normalmente revestido por dobradiças para não obscurecer os numerais. Porém a proteção do relógio muitas vezes podia atrapalhar na hora de ver as horas. O cristal de revestimento era consideravelmente frágil, só sendo substituído em 1930 pelo acrílico.
Outro aspecto comum dos relógios na Guerra era a incrementação de nomes, títulos, fotos e outros detalhes no corpo do objeto. Mesmo que as plaquetas de identificação militar tivessem sido inventadas na Primeira Guerra, os relógios eram formas importantes de reconhecimento dos soldados.
Agora me diz, existe um lado correto para usar o relógio de pulso? Direito ou esquerdo?
Como a maioria da população é destra, naquela época os canhotos não eram bem vistos e eram considerados pessoas falsas e más (tanto que quem era canhoto era forçado pelos pais a se comportar como destro), então já se entendia que a pessoa que fosse usar um relógio seria destra, portanto os relógios eram usados no braço esquerdo devida facilidade que um destro teria no momento de dar corda em seu relógio. Historicamente os relógios se usam no braço esquerdo e até hoje a maioria dos relógios são produzidos com os botões para o lado direito, mas não significa que há uma maneira correta de se usar um relógio, devemos usar de acordo com o que nos traz conforto e principalmente o que nos faz bem.
Fato é que independentemente da origem, hoje, o relógio de pulso é um acessório popular tanto para homens quanto para mulheres e é muito difícil encontrar alguém que viva sem ele, pois o mundo atual exige que as horas sejam cumpridas.
Obrigada pela leitura até aqui, espero que tenha gostado, semana que vem tem mais! Siga-me nas redes sociais:
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