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Por que bebês nascidos na pandemia estão demorando para falar?

O isolamento social e a falta de socialização afetaram diretamente no desenvolvimento da fala das crianças

Um dos momentos mais importantes do crescimento de uma criança é quando ela começa a falar. Os pais ficam ansiosos esperando se a primeira palavra a ser dita pelo pequeno será ‘papai’ ou ‘mamãe’. Mas em muitos casos, essa espera foi prolongada pela pandemia de Covid-19.

É que com o isolamento social e a diminuição no contato com as pessoas, os bebês que nasceram neste período, tiveram o desenvolvimento da fala afetado. Quando o pequeno Breno dos Passos estava perto de completar dois anos, a mãe do menino percebeu que havia algo errado. Preocupada com o desenvolvimento do filho, Aline dos Passos decidiu procurar um médico para verificar o que poderia estar acontecendo, pois a criança já estava grande e não pronunciava nenhuma palavra. 

“Achamos estranho ele não falar nada e já estava com quase dois anos. Levamos para o pediatra e colocamos ele na creche, mas não adiantava. Então, por orientação médica, começamos a fazer sessões com a fonoaudióloga”, explicou a mãe.

O tratamento está sendo muito importante para o desenvolvimento de Breno. Com apenas dois meses de acompanhamento e atividades para estimular a fala, a mudança já é notória. “Quando ele chegou aqui não falava nada e quase não brincava. Agora ele está bem diferente, desenvolvendo a fala e brincando bastante”, explica a fonoaudióloga Maria Aparecida De Noni. 

Porque a pandemia afetou o desenvolvimento da fala

A fonoaudióloga explica que a criança começa a desenvolver a fala através de estímulos como conversar, cantar, ler e até mesmo brincar. São pequenos atos que ajudam elas nesta nova fase. “A criança precisa de estimulação desde pequenininha. Precisa de um ambiente social favorável e de uma família que brinque, estimule através de jogos educativos e converse bastante com a criança. São condições para que ela venha a se desenvolver”, explica a fonoaudióloga.

Durante o isolamento social devido à pandemia, as famílias ficaram muito tempo dentro de casa, sem um ambiente social favorável. Assim, as crianças ficaram muito tempo expostas a telas como TV, computadores ou smartphones. “Como os pais trabalhavam em home office, as crianças ficavam muito tempo, de uma forma até exagerada, assistindo uma tela sem monitoramento. O uso dos equipamentos eletrônicos não favorece a sociabilidade e a criança precisa socializar. Então ela não se comunicava com ninguém, só ouvia, só recebia. Isso contribuiu para a criança ter atraso no desenvolvimento da fala”, explica a fonoaudióloga. 

Diagnóstico precoce

Quando diagnosticado precocemente, as chances de sucesso no tratamento e no desenvolvimento da criança são maiores. Por isso, a qualquer sinal de atraso, os pais devem procurar a ajuda de um pediatra e fonoaudiólogo. 

“Quando os pais perceberem que a criança tem um atraso na fala, têm que buscar ajuda urgentemente. Ficar de olho se as características são diferentes de outras crianças. Quanto mais cedo buscar ajuda, mais rápido a criança vai se desenvolver”, ressaltou a fonoaudióloga. 

Pandemia não é a única causa

A pandemia provocou o atraso no desenvolvimento da fala de muitas crianças, mas este não é o único motivo. As causas são variadas, desde dificuldade sensorial (uma falha na audição), alterações do neurodesenvolvimento como Deficiência Intelectual e Autismo, distúrbios específicos de linguagem ou apraxia da fala, na qual a criança tem a ideia do que quer comunicar, mas seu cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos para produzir os sons da fala. 

A criança precisa ter integridade cognitiva, pois se tiver alguma deficiência, pode ter atraso. Precisa enxergar bem e ouvir bem. Se tiver algum problema de infecção no ouvido, por exemplo, terá dificuldade. Ter os órgãos sensoriais bem íntegros, que são as entradas por meio do ouvido e olhos é fundamental”, relata.

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