Não é possível ficar indiferente ao movimento político que Geraldo Alckmin (ex-governador de São Paulo, ex-vice-governador, presidenciável e prefeito de Pidamonhangaba, interior paulista) protagonizou ao se despedir do PSDB, ingressar no PSB e virar virtual vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma pirueta, um duplo twist carpado com a língua de fora.
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Há quem abominará e quem elogiará pela posição de Alckmin, uns veem um retrocesso ideológico, outros rotulam a iniciativa de reação democrática, mas, acreditem, a coerência do médico anestesiologista, que sempre foi muito bem-vindo a Santa Catarina e com bons resultados eleitorais por aqui, está longe destes quesitos.
O maior adversário do ex-tucano, ora pessebista, nunca foi Jair Bolsonaro (PL) nem as críticas a Lula foram esquecidas, o grande ponto que mudou a perspectiva política de Alckmin atende pelo nome de João Dória Júnior, para quem o tucanato, onde estava inserido o agora quase vice de Lula, sucumbiu.
Alckmin foi incentivador e padrinho de Dória à prefeitura de São Paulo, saiu vitorioso, em 2016, mas, depois disso, percebeu o tamanho da encrenca e da biografia que produziu.
Da história
Nas prévias ao governo paulista em 2018, a relação entre ambos azedou de vez porque Alckmin pregava o apoio dos tucanos ao seu vice Márcio França (PSB) e Doria garantiu a alavanca do então vice, Bruno Covas (PSDB), o que enquadrou os “alckmistas”.
A situação só piorou contra o ex-governador tucano porque os pessebistas vetaram o apoio à pré-candidatura presidencial de Alckmin.
A história é sabida por todos: com os votos de apoiadores de Bolsonaro, Doria se elegeu governador, Alckmin naufragou pela segunda vez na corrida ao Planalto, nem sequer conseguiu chegar ao segundo turno.
Agora, Alckmin foi acolhido por França e companhia no PSB, tendo o cenário duplo, de novo, como pano de fundo: a disputa ao governo de São Paulo e a Presidência que separam ex-padrinho e ex-afilhado.
Passado
Alckmin saiu do MDB como tantos para fundar o PSDB. Na origem, os tucanos nasceram de centro-esquerda, mais alinhados com os pensamentos de PDT e PT, para citar alguns.
Em Santa Catarina, Alckmin deixa muitas viúvas de sua passagem pelo PSDB, alguns políticos graduados como o ex-governador Eduardo Pinho Moreira (MDB) foram devotos da causa quando o ex-governador de São Paulo disputou a Presidência, admiração que vinha desde os tempos de deputado federal Constituinte, sem esquecer que ambos são médicos por formação.