Semana marcada por declarações polêmicas que denotam a decadência política nacional

O Brasil está perdendo para a política. Cada vez mais distorcida, e nos tempos atuais, tem sido marcada por contradições e distorções. A dita “democracia”, está cada vez mais espremida em atos que notadamente, impedem o verdadeiro sentido da palavra, o da prática que garante aos cidadãos o poder de participação nas decisões políticas de seu país. Uma oscilação perigosa, vivida de tempos em tempos, ao longo da nossa formação enquanto Nação. Atualmente, a prática, está cada vez mais distante do real conceito. E pior de tudo, exposta ao declínio, justamente pelas principais autoridades, provocando temores e divisões.

Já não se esconde

O triste é constatar que não há mais obscuridade. Ações do cotidiano político nacional extrapolam o sentido democrático. Basta observar o comportamento do “Chefe Maior”, cada vez mais abraçado com lideranças da América Latina e do mundo, ligadas aos extremos em seus países, em regimes ditatoriais, contrários à liberdade. A impressão deixada, é de que no Brasil, o ajuste ao mesmo caminho é apenas uma questão de tempo. E o que se constata é uma pressa que no passado recente, não se via. Assumir que não se importa de ser chamado de comunista, e atuar na defesa aberta a regimes ditatoriais como o de Nicolás Maduro, na Venezuela, além de reativar e difundir o Foro de São Paulo como um acontecimento natural, denotam algo mais, estranho e perigoso ao verdadeiro conceito da democracia.

Falas de ministro repercutem

A semana que passou foi mais do que conturbada, a partir das novas e polêmicas declarações do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Se forem juntadas com outras falas, em ocasiões distintas, não tem como tirar dele um comportamento político partidário, e que define claramente de que lado está. Suas frases tem causado efeito reverso, tanto que o próprio Supremo tem tentado justificar, ou pelo menos, amenizar, ressaltando em novas explicativas de que os pronunciamentos de Barroso são tirados do contexto. Logicamente, a interpretação geral da sociedade é bem outra, e as reações se multiplicam.

Congresso Nacional de Estudantes

A palavras ditas durante a abertura do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), no meio da semana passada, em Brasília, evidenciaram ainda mais a postura política do ministro. Entre inúmeras frases de efeitos, disparadas durante o evento, sendo, inclusive, vaiado em determinados momentos, o ministro disse que enfrentou e derrotou o “bolsonarismo”. “Já enfrentei a ditadura e já enfrentei o bolsonarismo. Nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, declarou. Historicamente, a UNE, tem ligações de apoio ao Partido dos Trabalhadores, e ao participar e se pronunciar de um evento político caracteriza, de parte do ministro, clara militância. Curiosamente, ele tem sido responsável pelo julgamento de diversos processos que envolvem Bolsonaro e seus aliados.

Pedido de Impeachment

Dificilmente um processo nesse sentido será levado adiante. A história recente dá mostras de que as reações de opositores, não têm respaldo direto de quem tem o poder de decisão. Muito embora, desta vez, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tenha se manifestado de forma surpreendente a respeito do comportamento e das declarações de Luis Roberto Barroso, no evento da UNE. No Congresso, há movimentação para que seja apresentado pedido de impeachment contra o ministro, fundamentado na lei 1.079/50, que define como crimes de responsabilidade de ministros do Supremo o exercício de atividade político-partidária e o procedimento de modo incompatível com a honra, dignidade e decoro de suas funções. Por fim, juristas, veem poucas as chances de sucesso de que o pedido de impeachment seja levado adiante, mesmo com o choque negativo de atos e falas despropositais ao cargo exercido. Pobre Nação brasileira. Irá seguir testemunhando a decadência da política, misturada com o que há de pior, entre os poderes.

 

Bom domingo a todos!