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Baixo IDH da Serra mantém estacionada a qualidade de vida para muitos

Ao abordar o tema na coluna de domingo passado, leitores também decidiram compartilhas suas opiniões. Foto: Diego Herculano NURFHOTO/AFP

Na coluna do domingo passado, toquei no assunto do baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em municípios da Serra Catarinense. Alguns leitores entraram em contato comigo, e também deram suas opiniões. Num desses comentários, e sem revelar o nome, trago aqui o que disse uma leitora de Curitibanos. Ela concordou com que eu escrevi, e também acrescentou, lembrando que na Região Serrana, não se incluem no baixo IDH, apenas os municípios que citei, no caso, Cerro Negro, Campo Belo do Sul, ou Anita Garibaldi. Incluiu ainda Curitibanos, São Joaquim, Fraiburgo, Lebon Régis, Santa Cecília, São Cristóvão, Bom Jardim da Serra, entre outros. Concordo também, e sei disso. Apenas citei alguns, como exemplo. Na verdade, toda a Serra Catarinense convive com o diagnóstico do baixo Índice de Desenvolvimento Humano, inclusive, Lages. Uma região inteira com a qualidade de vida estacionada.

A Serra Catarinense, por mais que possua riquezas abundantes naturais, tem tido o estigma da pobreza e do atraso, em relação a outras regiões do Estado. A leitora, fala da cidade dela, Curitibanos, e relata que nunca houve de fato um desenvolvimento pleno, especialmente no campo da empregabilidade, e muito menos na educação e na saúde. Ela avança ainda mais na opinião, dizendo que os jovens dessas cidades citadas, continuam desesperançados, sem perspectiva de futuro e consequentemente, sem emprego e educação plenos.

Ela fala dessas questões, por conhecer bem. Atualmente mora na Região Norte do Estado, bastante desenvolvida. Afirma que se ainda estivesse na cidade natal, estaria, com certeza, sonhando com um emprego qualquer, apenas para sobreviver. Segundo ela, a cidade continua igual, após 40 anos, no quesito das oportunidades. Para ela, continuam as mesmas mentalidades, a mesma pobreza, num ciclo imutável, entre pobres e ricos. Ela ainda teceu outros comentários bem relevantes. Para ela, os políticos, são os mesmos, das mesmas cepas familiares de outrora, não mudam, e o povo não tem maturidade política para rejeitar quem não favorece o desenvolvimento pleno.

São verdades doloridas. E a Serra Catarinense precisa definitivamente ter maturidade para enfrentar a realidade. É preciso caracterizar as oportunidades da mídia que invoca o turismo do frio e da neve, para que se traduzam em melhorias nas infraestruturas. São Joaquim, por exemplo, tem uma pobreza incondicional, basta andar pelas periferias para constatar. O subemprego é caracterizado por denúncias de até mesmo trabalho escravo, em comunidades locais e próximas. E se o turismo de inverno prospera, onde os recursos arrecadados estão sendo investidos?

Retorno à opinião da leitora, que lembra com razão, o fato de os políticos dessas regiões, não olharem para a população como um todo. Afirma que lhes falta visão de futuro, e que olham apenas para os números de eleitores que contam para os eleger, e uma vez eleitos, continuam com a mentalidade do “nós aqui no alto, e vocês aí embaixo”, perpetuando um sistema de vida nestas cidades onde vale a máxima: “em terra de cego, quem tem um olho é rei”. Ela conclui dizendo algo relevante, e que também concordo. Ressalta que é preciso pressionar essa política nefasta para uma mudança de realidade na cabeça das lideranças políticas e da sociedade, e assim, fazer com todos entendam que merecem mais do que migalhas.

Bom domingo

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